Pov - José Alfredo
- Eu já falei que eu não quero ninguém aí na empresa dando ordens aos meus funcionários. João Pedro tem a secretária dele e só ela faz o que ele mandar. De resto não!
Eu repito pela milésima vez no telefone.
- Você está errado, quando o pai está fora, o mais velho cuida de tudo!
- Marta! Eu tô vivo, só quando eu morrer! E olhe lá!
- Você é um grosso!
- Sou! E ele que se prepare quando eu chegar aí! Eu não tenho um minuto de paz!
- Ah Zé! Cansei, faça o que quiser!
- É o meu sonho!
Digo por fim antes de desligar o celular com ela ainda falando. Essa minha "família" só esperava eu virar as costas para aprontar.
- Senhor? Podemos ir?
- Ainda não, Luiz. Eu preciso fazer outras ligações. Você pode almoçar.
- Senhor, acredito que não esteja funcionando nada hoje, está um temporal lá fora.
- Temporal? Em outubro?
- É Senhor.. eu vou lhe esperar. Quando quiser, estarei aqui!
- Tudo bem!
Eu não tinha ligação nenhuma pra fazer, eu só não queria ser incomodado. Fiquei duas horas calado, meu Deus, isso foi inédito.
Decidi sair da mineradora. Me dava uma agonia estar ali, vinha por obrigação. Eu não era louco de deixar as coisas sem supervisão.
- Liga o carro Luiz!
Ordenei quando saí da sala e o mesmo estava ao lado da porta. Como sempre, eficiente.
Luiz estava comigo desde o início, de tudo! Eu o pagava bem, já tinha insistido muito para ele se aposentar. Mas ele não queria. Na verdade, eu também não queria. Ele sabia demais, preferia o manter no meu horizonte.
- Claro!
Saímos e fomos direto ao hotel, eu ficava no mesmo quarto. Eu nunca havia me interessado em construir nada ali. O solo era duro, sem vida, o que me importava era o que estava por baixo.
Eram quase onze da noite quando eu revirava de um lado para o outro. Aquele pesadelo de sempre, a morte daquele infeliz me assombrava. Mesmo que não fosse minha culpa, eu era ressentido.
- Mas que desgraça.. levantei coçando os olhos.
Olhei para fora e até ventava bastante. Resolvi dar uma volta para distrair, quem sabe beber umas e aí sim pegar no sono.
Foi eu botar o pé na rua que começou a chover, pelo menos consegui não me molhar.
As ruas estavam vazias, no último ano mandei ajeitar os buracos pois estavam acabando com a suspensão do carro. Aprovei a reforma!
De repente tive que frear o carro bruscamente, um vulto. Eu não estava bêbado, não.
- Mais que merda foi essa?
Bufei ligando o pisca alerta e descendo para verificar. Fantasma desgraçado!
O que caiu por terra, era gente, gente viva! Ou quase viva, por alguns milímetros aí sim viraria um fantasma.
Depois de algumas agulhadas descobri que era a marrenta do restaurante.
- Em quesito de ser sarcástica, você é péssima!
Admito que soltei sem querer, ela ficou indignada, saiu na chuva.
- Mal agradecida..
Sussurrei depois que ela saiu da coberta onde estávamos.
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Apaixonada pelo Comendador
FanfictionJosé Alfredo, ganancioso, tem uma mina em Roraima. Acostumado a ter tudo com facilidade, todos ao seus pés, se encontra desafiado quando seu filho mais velho deseja assumir todos os negócios sem ao menos esperar a morte do pai. Isis, jovem, batalhad...