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O entusiasmo que vinha sobre as pessoas durante essa época do ano sempre foi um tema de fascínio para Jeonghan. Por uma semana, a última do ano, elas pareciam perder todo o senso de tempo e propósito. As lojas cheias de clientes comprando presentes de última hora. Os locais de trabalho se animavam com festas barulhentas que duravam todo o expediente. Pessoas fazendo as mesmas coisas que o resto do ano - frequentando a escola e o trabalho - mas com um pouco mais de alegria.

Jeonghan nunca entendeu a mudança drástica no ar assim que as luzes cintilantes eram penduradas e os pinheiros eram erguidos nos shoppings. Por mais charmoso e alegre que fosse, era apenas mais uma desculpa para vender mais brinquedos de plástico e papel de embrulho colorido.

Agora, Mingyu o chamaria de mão-de-vaca se ele expressasse essa opinião. Dokyeom pediria a ele para se entregar à magia e ao romance de tudo isso, apenas por essa semana do ano. Jeonghan diria a ambos para irem se foder, o que os outros dois traduziriam para "Bah, que papo furado!" em suas mentes, apenas para manter o tema da temporada.

Seus dois amigos mais próximos na cidade tendiam a exagerar a imparcialidade de Jeonghan em um ódio total do Natal. Ele simplesmente não tinha o luxo e nem a tranquilidade de participar das festas, não quando seu sustento esteve sob constante ameaça nos últimos dois anos. Desde que algumas novas corporações de mídia especializadas em fotografia de moda brotaram em Seul do nada, freelancers como ele têm perseguido restos de tarefas de marcas reconhecidas.

O que fez desta próxima semana ou duas talvez o momento mais estressante da vida de Jeonghan em sua memória recente. Ele estava aguardando a resposta à sua oferta de filmar para a Harper's Bazaar em Milão no próximo ano. Suas chances eram pequenas, mas Mingyu - que por acaso estava subindo na hierarquia como modelo na indústria recentemente - usou suas habilidades de networking para espalhar uma boa imagem de Jeonghan. Isso, juntamente com seu portfólio, lhe proporcionou uma reunião cara a cara com o Editor de Moda da revista, o que foi a notícia mais promissora que ele recebeu até agora.

Tudo o que ele precisava agora era de um empurrãozinho do Editor-Chefe. Um simples e-mail que mudaria a sua vida.

Se ao menos sua mãe o deixasse verificar seus e-mails em paz.

Jeonghan quase pulou de susto ao ter sua orelha torcida, fazendo-o gritar de dor.

Eomma, eu terminei, eu terminei! Me solta, por favor! — ele implorou, atraindo os olhares de todos ao redor da mesa, mesmo enquanto continuavam a discutir alguns assuntos do bairro que Jeonghan não estava a par e nem interessado em saber. Sua mãe fez uma carranca para ele, satisfeita com seus gritos de agonia enquanto o soltava.

— Chega de trabalho, Jeonghan-ah. Já é ruim o suficiente você deixar Jisoo te contratar para fotografar o casamento... — ela murmurou baixinho para Jeonghan, escondendo a boca com uma das mãos. Jeonghan copiou a pose, efetivamente escondendo seus rostos atrás de suas mãos para continuar a conversa em particular.

— Você prefere que o appa me pague para voltar para casa e aquietar o facho, não é?

— O que há de tão errado com isso? Apenas aceite como sua mesada do Seollal.

— O Seollal é daqui a um mês. E eu tenho quase trinta anos!

Sua mãe revirou os olhos para ele, uma expressão de desgosto que ele mesmo conheceu quando menino e aperfeiçoou como um adulto cético.

— Você pode aceitar, desde que não seja casado. Se você está envergonhado, não tem ninguém para culpar além de si mesmo por não me trazer um genro...

In Our Pocket of the Universe | jeongcheolOnde histórias criam vida. Descubra agora