Já era hora do almoço e me colocaram pra vir aqui no mercadinho, buscar coca pra eles tomarem. Ninguém quis me trazer, tive que descer nesse sol rachando a cabeça.
Fui descendo o morro na paz de Deus, bem tranquila, e com 5 kilos de ódio no coração. Tava com os olhos meio fechados e alguém assobiou do outro lado da rua.
Não que eu seja o centro do universo, e tudo gire ao meu redor, mas olhei pra conferir se não era comigo. E era! Joca tava sentado no bar da dona Neide sozinho, com um litrão na mesa.
A blusa jogada no ombro deixava ele um gostoso, sério, que delícia.
Ele fez sinal com a mão me chamando e eu fiz um beicinho, atravessando a rua e indo em sua direção.
Isís: Diga! - Falei um pouco ofegante e ele riu.
Joca: Nossa conversa, vai rolar quando? - Dei de ombros e coloquei um pouco de cerveja no outro copo que estava em cima da mesa. - Tô falando no papo reto contigo, quero esclarecer as coisas.
Isís: Joca, não tem o que esclarecer, demos uns beijinhos, foi gostoso a beça, e não iria passar disso. Eu não vou te colocar em posição de perder teu cargo e ganhar meu pai como seu inimigo, gosto muito de você, e não queria te deixar de fora da minha vida. - Fui sincera e ele ajeitou a postura na cadeira, olhando meu corpo de cima a baixo.
Joca: Sei o que eu quero, e eu tô na tua intenção. Sei que tô errado, sendo cuzão pra caralho de querer pegar uma adolescente e filha do meu patrão, mas ninguém manda não pô, tô deixando bem claro pra tu. - Tombei minha cabeça e ele piscou pra mim. - Mas podemos ser amiguinhos se você quiser, isso não quer dizer que eu vou parar de tentar. - Ri fraco e ele sorriu de canto.
Isís: Sexta-Feira é minha festa de aniversário, aparece por lá. Não leva nenhuma vagabunda ein, somos amigos mas eu não sou otaria. - Brinquei e pisquei pra ele, virando de costas logo em seguida.
Voltei a ir em direção ao mercadinho, e assim que eu tava chegando lá, escutei alguém chamar pelo meu nome. Tô muito requisitada hoje, que isso!
Olhei pra trás vendo a Helena e outra garota do lado dela, me encarando com um sorriso debochado no rosto.
Helena: Como tá indo teu romance com seu pedófilo de estimação? - Debochou e eu sorri, na mesma intensidade que ela.
Isís: Não vou me rebaixar ao teu nível Helena, mas eu não tenho sangue de barata, tu apanhou uma vez e vai apanhar outra se não enfiar a língua no cu. - Debochei igual ela e sustentei o contato visual que ela fazia comigo.
Helena: Vadia! - Resmungou baixo e eu ri, achando graça dela.
Isís: Vai se tratar, procurar um psicólogo, sei lá. - Dei de ombros, e fui entrando no mercadinho.
(...)
Argentino: Achei que tu tinha ido fazer a coca, caramba. - Resmungou quando eu entrei dentro de casa e eu revirei o olho.
Coronel: Demorou pra porra, neguinha.
Isís: Engraçado que reclamar que eu demorei, todo mundo reclama, agora quando eu mandei me levarem lá, ninguém quis. - Reclamei e todo mundo riu, me fazendo ficar mais irritada ainda.