Capítulo 4 - nossa primeira briga.

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Nossos pais nos "incentivaram" (leia-se: nos forçaram) a ir num acampamento de verão que dura duas semanas. Fui pesquisar melhor e descobri que tem várias atividades interessantes, como andar de bicicleta, andar de pedalinho, aula de natação no rio, aulas de desenho, roda de conversa em frente à fogueira, cuidar de hortas, espaços para interações sociais e aulas de idiomas. Ansiosa para compartilhar meu entusiasmo com Sinny, corri até seu quarto, esperando que ele pudesse se animar também. Ou tentar pelo menos.

— Olha, Sinny — disse eu, com um sorriso hesitante. — Não parece tão ruim assim. Talvez possa ser divertido e uma ótima oportunidade para conhecermos pessoas novas.

Sinny, deitado em sua cama com um livro nas mãos, nem se deu ao trabalho de olhar para mim. Seu tom era cortante como sempre:

— Ah, claro, porque passar duas semanas cercado de estranhos cantando músicas idiotas ao redor de uma fogueira é exatamente a minha definição de diversão. Poderíamos fazer tudo isso em casa, para que ir num lugar desses?

Senti meu coração apertar com a rispidez de suas palavras, mas forcei um sorriso ainda maior, desesperada para não desapontá-lo.

— Mas, Sinny — murmurei, minha voz tremendo ligeiramente — pode ser uma chance de sairmos da nossa zona de conforto e...

Ele me interrompeu bruscamente, finalmente levantando os olhos do livro para me encarar com frieza:

— Amiable, para de tentar fazer tudo parecer perfeito. Nem todo mundo quer ser como você, sabia? Nem todo mundo precisa agradar os outros o tempo todo.

Suas palavras me atingiram como um soco no estômago. Lutei contra as lágrimas que ameaçavam cair, determinada a não mostrar fraqueza. Instintivamente, dei um passo em sua direção, ansiando por um abraço, por qualquer sinal de afeto. Sinny tensionou visivelmente, seu olhar se suavizando por uma fração de segundo antes de endurecer novamente.

— Não preciso do seu abraço agora, princesinha — ele murmurou, usando o apelido que ele copia do nosso pai para quando ele quer me irritar — Guarde isso para o nosso próximo aniversário, ok?

Engoli em seco, sentindo o peso familiar da rejeição. Mesmo assim, forcei outro sorriso, determinada a ser a filha e irmã perfeita que todos esperavam que eu fosse.

— Desculpe, Sinny. Eu só queria que você ficasse feliz com a ideia do acampamento — sussurrei, minha voz quase inaudível.

Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos em um gesto de frustração.

— Olha, Amiable, eu vou. Mas não por você pediu ou pelos nossos pais. Vou para garantir que nenhum idiota tente se aproximar demais de você, entendeu?

Seu tom possessivo me fez estremecer, uma mistura de medo e algo mais que não consegui nomear. Assenti silenciosamente, grata por pelo menos ter conseguido que ele concordasse em ir, mesmo que não fosse pelos motivos que eu esperava.

— Obrigada, Sinny — murmurei, dando um passo para trás. — Vou... vou deixar você ler em paz agora.

Enquanto me virava para sair, ouvi sua voz mais uma vez, surpreendentemente suave:

— Ei, princesinha? Tenta não ser tão... você... no acampamento, ok? Nem todo mundo merece sua bondade.

Assenti novamente, sentindo um nó na garganta. Enquanto fechava a porta do quarto dele, me perguntei se algum dia conseguiria ser a pessoa que todos queriam que eu fosse, ou se estaria para sempre presa entre o desejo de agradar e a necessidade de ser eu mesma.

Antes de conversar com Sinny novamente, decido tomar um banho. Enquanto a água quente cai sobre meus ombros tensos, ensaio mentalmente a próxima conversa sobre o acampamento. Quero que tudo seja perfeito. Saio do banho e visto minha roupa de dormir favorita — a camiseta dele. Respiro fundo, tentando reunir coragem.

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⏰ Última atualização: Nov 18 ⏰

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