Capítulo 01

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Resistir ao que me faz mal? Isso nunca foi o meu forte. Por que seria? Sou bom em conseguir o que quero, e aprendi há muito tempo que é perda de tempo negar os próprios desejos. Anahí, por exemplo... Desde o primeiro momento, percebi que ela não era como as outras. Não se tratava só do sorriso fácil ou do jeito que parecia me ler sem que eu dissesse uma palavra. Era a liberdade que ela exalava, como se o mundo fosse apenas um palco para seu próprio espetáculo. Confesso, achei divertido entrar nesse jogo

Às vezes, quando estou com Anahí, não consigo deixar de sorrir para mim mesmo. A vida é tão deliciosa quando você sabe como jogar. E, sinceramente, eu sou o melhor nesse jogo. Anahí é tudo o que uma amante deveria ser: despretensiosa, espontânea, cheia de energia. Ela ilumina o ambiente e faz com que cada instante se sinta como uma cena de um filme que nunca acaba. É uma escapada da monotonia do meu casamento com Valéria, que é previsível e enfadonha.

Valéria é o que a sociedade espera de um homem casado: Ela é a representação perfeita do ideal de casamento. Nossa vida é vista como o padrão a ser seguido. Mas quem disse que eu queria viver numa prisão de luxo? Estar com ela é como estar em um colete de forças: seguro, mas sufocante.

Então, surge Anahí, com seus olhos brilhantes e aquele jeito despreocupado que é impossível resistir. Com ela, não há julgamentos, não há cobranças. É tudo muito leve, muito divertido. Nossos encontros são repletos de risadas, flertes e um desejo palpável. Eu me vejo contando histórias sobre minha vida, apenas para notar o jeito como ela se inclina para me ouvir, como se cada palavra que eu dissesse fosse a mais importante do mundo. E, honestamente, eu gosto disso. Gosto de ser o centro da atenção, o homem que a fascina, o conquistador que a faz esquecer do resto.

É claro que eu não sou tolo. Eu sei que Anahí não faz ideia de quem eu realmente sou. Para ela, sou o 'homem ideal' - aquele que parece ter tudo: sucesso, charme, e uma vida aparentemente perfeita. É a grande ironia, porque a verdade é que sou um cafajeste, um mentiroso bem-sucedido, e estou amando cada minuto disso. Estou me divertindo às custas dela, e, de alguma forma, isso só aumenta meu ego. É quase como se eu estivesse jogando uma partida de xadrez em que só eu conheço as regras.

Se Anahí soubesse que sou casado com Valéria, ela provavelmente ficaria arrasada. E, sinceramente, isso seria um golpe de mestre para mim. Não é que eu queira machucar Anahí, mas o poder de manter essa ilusão é intoxicante. Eu gosto de pensar que estou no controle, que posso moldar a realidade ao meu redor. Valéria e eu temos uma rotina bem definida, e eu não tenho intenção de mudar isso. Eu gosto da estabilidade que ela proporciona; isso me permite explorar meus 'outros interesses' sem culpa.

Cada vez que estou com Anahí, a adrenalina corre nas minhas veias. É um jogo de sedução que eu sempre ganho. Ela é tão ingênua, tão facilmente impressionável. O jeito como me olha, como sorri para mim, me faz sentir como se eu fosse um deus. Eu sou o homem que ela deseja, e isso é um elogio ao meu ego. Mesmo sabendo que o que ofereço a ela é apenas um vislumbre do que eu sou realmente, o fato de ela não saber me dá um prazer inigualável.

E, claro, sempre há o temor de que a verdade venha à tona. Mas quem disse que eu sou o tipo de cara que se preocupa com as consequências? Não é assim que a vida funciona? É preciso correr riscos para obter recompensas. Eu gosto de pensar que estou dançando no fio da navalha, e essa emoção é o que me move. Mesmo que Anahí descubra a verdade um dia, eu a tenho em minhas mãos agora, e isso é tudo que importa.

Pronto para sair, mais um dia começa e, como sempre, sou eu quem dita o tom. A luz do sol entra pela janela, e eu me olho no espelho. O terno italiano, feito sob medida, abraça meu corpo perfeitamente, realçando cada músculo que passei horas na academia para esculpir. Os cabelos estão alinhados, nada fora do lugar. Cada detalhe conta, e eu não deixo passar nenhum. Coloco meu relógio - um verdadeiro clássico que não só marca o tempo, mas também meu status. E, claro, a aliança de casamento brilha no meu dedo. É uma lembrança da vida que construí, da imagem que preciso manter.

O preço do desejo AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora