The Perfect Gift

3. A Constância. 🎄

A manhã do dia 21 de dezembro trouxe um ritmo frenético à Sawasdee Gifts. O Natal estava cada vez mais próximo, e as compras de última hora estavam a todo vapor. A loja de Freen ficava cada vez mais movimentada, com clientes ansiosos buscando presentes perfeitos para seus entes queridos. Freen, porém, estava particularmente desastrada naquela manhã. Derrubou uma pilha de cartões de felicitações, deixou cair uma caixa de enfeites e quase tropeçou em Fluffy. Cada pequeno incidente parecia aumentar sua irritação embalando sua rotina com resmungos.

"Freen, você acordou de mau humor hoje ou é só impressão minha?" Tom, seu fiel funcionário, brincou com um sorriso travesso no rosto.

Freen lançou um olhar exasperado para ele enquanto tentava reorganizar os cartões derrubados. "Ah, Tom, hoje parece que nada está colaborando. Então não perturbe o meu juízo, pelo amor de Deus."

Tom deu uma risada suave. "Talvez seja aquela garota irritante que te tirou a paciência."

Freen parou por um momento, curiosa. "Aquela garota, nem me lembre!" Disse bufando. "Becky alguma coisa, não é? Quem é ela afinal? Parece que brotou do chão com o único intuito de me tirar do sério."

Tom inclinou a cabeça, pensativo, e começou a explicar. "Becky viveu aqui na cidade enquanto você estava fora estudando, acho que foi exatamente o mesmo período. Ela era bem rebelde quando nos conhecemos, nós saímos juntos algumas vezes porque éramos do mesmo grupo de amigos, ela estava sempre brigando com o pai e vivia enchendo a cara. A avó dela é um amor de pessoa e sempre tratava a gente bem. Sempre nos mimava com comidas gostosas."

Freen ouviu com atenção, surpresa ao descobrir que Becky tinha raízes tão profundas na comunidade de Elmsworth. "Então, ela não é uma estranha completa. Estranho como a cidade pode ser pequena e ao mesmo tempo tão cheia de histórias que a gente nem imagina. Eu achei que conhecia todo mundo aqui."

Tom assentiu, organizando algumas prateleiras enquanto continuava a conversa. "Pois é. Becky passou por muita coisa, e acho que ainda carrega muita bagagem do passado. Ela veio morar pra cá quando a mãe dela morreu. E depois, teve aquela merda toda que aconteceu com o Alex. Acho que tudo isso deixou ela meio... perdida."

Freen ficou pensativa ao ouvir a história da mulher, ainda que superficialmente. As revelações sobre o passado turbulento da jovem a deixaram um pouco balançada, e ela não pôde evitar sentir uma pontada de compaixão. No entanto, havia algo na atitude de Becky que ainda a incomodava profundamente.

"Tom, eu entendo que essa tal garota passou por muita coisa..." Freen começou, ajeitando uma prateleira de pelúcias. "Mas, mesmo com todo esse histórico complicado, isso não justifica a maneira como ela trata as pessoas."

"As pessoas... ou você?" Tom arqueou uma sobrancelha enquanto questionava sua patroa.

"Ai garoto!" Freen percebeu o tom jocoso de seu amigo e arremessou um ursinho em sua direção que o rapaz aparou em seus braços. "Me erra, já não basta a estressadinha de ontem agora ainda tenho que aturar você também?" Os dois tinham sorrisos nos lábios."Pode até ser implicância da minha parte, mas depois da forma como ela entrou aqui e se comportou, não faço a menor questão de ter uma segunda impressão."

Ao fim do expediente, restava apenas Freen na loja. As luzes ainda estavam acesas, mas a plaquinha de "Fechado" já estava posta e as portas trancadas. Freen respirou fundo enquanto terminava de fechar o caixa, tentando recuperar um pouco de paz após um dia tão agitado.

De repente, ouviu uma batida na porta. Olhou para cima e, para sua surpresa, viu Becky do outro lado do vidro. Freen franziu o cenho e caminhou até a porta, abrindo uma pequena fresta.

"O que você quer? Já estamos fechados." Sua voz ríspida carregada de exaustão.

Becky deu um quase sorriso, claramente se divertindo com a situação. "Oh, olá para você também, Freen. Pensei que poderia dar uma passadinha, sabe, só para apimentar sua noite e comprar algumas coisas."