Capítulo 23

24 4 0
                                    

Dulce Maria

Eu tinha a impressão que senhor Dom não parava de me encarar desde a hora que entramos no carro para finalmente irmos embora. O silêncio do carro estava desconfortável, até Christopher que era sempre tão tranquilo mexia os ombros tensos.

Em um momento de nossa viagem, Christopher desceu do carro para colocar gasolina e foi neste momento que senhor Domenico virou em minha direção do banco da frente e encarou meus olhos, ele estava muito sério, de um jeito que pensei que ele puxaria minha orelha, como já o fez tantas vezes com Christopher.

Sem perceber levei a mão à orelha, minha coluna se arrepiou de medo diante de seu olhar.

— Vou te fazer uma pergunta e preciso que seja sincera comigo, minha jovem! — assenti, sem conseguir emitir um som sequer. — Eu sei que pode soar um absurdo sem tamanho, mas eu conheço minha filha como conheço cada ruga em meu corpo.

Comecei a mexer as pernas, nervosa, por ele ter mencionado Alexandra.

— O bebê que está esperando, é filho de Christopher?

Eu não conseguia falar, respirar e muito menos raciocinar, tudo o que fiz foi arregalar os olhos e aos ver os milhares de pontos pretos nublando minha visão, pisquei feito uma desesperada.

— É, foi o que eu pensei. — Ele disse, virando-se para frente. — Quando chegarmos, quero ter uma conversa séria com você. Não sei os motivos pelos quais fez isso, não sei que intenções tem, mas como disse, conheço bem minha filha. Agora preciso conhecer a mãe da minha bisneta e saber que tipo de relação pretende ter com meu neto com toda essa mentira entre vocês.

Levei a mão a boca, para me ajudar a engolir o bolo na minha garganta. Christopher entrou no carro, o clima estava tão pesado que era palpável.

Tentei disfarçar o máximo que deu meu choque. Mas não conseguia e Christopher franziu a testa.

— O que está acontecendo? — Christopher perguntou, seu avô deu de ombros.

— Não sei, a mocinha viu uma notícia triste no celular, não é, querida? — Assenti rápido demais, Christopher não parecia satisfeito. Mas sabendo que eu não falaria se não quisesse.

Ele apenas suspirou, colocou o cinto e me olhou pelo retrovisor.

Eu desviei os olhos e encarei o lado de fora pela janela.

Senhor Domenico sabia, eu estava ferrada, ou pior, quais as chances dele achar que sou uma golpista e nunca permitir que Christopher me deixe ver Liz?

Ele tinha muito poder sobre o neto, consequentemente ele tinha também muito poder sobre mim.

Assim que Christopher parou em frente ao portão da casa, avistei Anahí, ela estava sentada na frente da casa, e assim que me viu, andou até o carro e sorriu.

Ela usava um vestidinho praiano branco, deu uma batida no vidro e Christopher esperou, enquanto eu abaixava o vidro para falar com ela.

— Oi, será que poderíamos conversar? — Encarei seus olhos pidões, eu não sabia muito bem o que fazer naquele momento e precisava muito de uma amiga. — Por favor! É rapidinho!

— Christopher, pode avisar a minha mãe que saí para dar uma volta com Anahí e que não demoro? — ele me olhou pelo retrovisor com a testa franzida, mas concordou. 

Desci do carro e assisti eles entrarem antes de encarar minha amiga. 

— Há quanto tempo está esperando?

Ela deu de ombros e sorriu.

— Encontrei sua mãe na praia e ela disse que você chegaria hoje. Precisava ver o caos que ficou essa cidade. Até que cuidaram de tudo bem rápido. — Concordei, e a acompanhei quando ela começou a andar. — Olha, eu sei que fui a pessoa mais estranha do mundo surtando daquele jeito por causa de uma criança. Mas... Eu realmente tenho uma questão quanto a elas.

A VERDADE OCULTA DO MILIONÁRIOOnde histórias criam vida. Descubra agora