O Garoto Solitário

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"Ele está péssimo," disse Angie, andando em círculos perto da lareira. "O que vamos fazer?"

Marco não era mais o mesmo. Jackie o traíra bem na sua frente. A garota que ele acreditava gostar o usara apenas para provocar ciúmes em outro.

A dor das palavras amargas de Jackie o consumiu. Ela havia confessado que nunca o amara. Três dias se passaram desde então. Trancado no quarto, Marco saía apenas para pegar comida deixada por sua mãe, que recolhia o prato e logo deixava outra refeição à porta, repetindo o ritual com cuidado e tristeza.

"Vamos dar um tempo pro garoto esfriar a cabeça," disse Rafael, tentando consolar a esposa com um abraço. "Confie em mim, ele vai ficar bem."

(...)

"Preciso fazer alguma coisa..." Star andava de um lado para o outro ao redor da cama, até desabar, exasperada. "O que posso fazer?!" Olhou ao redor e percebeu que estava sozinha. "Ótimo... e agora falo sozinha."

Ela sabia tudo que Marco havia passado. A traição de Jackie a deixava furiosa; o garoto não merecia isso. Star o amava, mas sufocava seus sentimentos, desejando apenas vê-lo feliz. Ela havia ficado em casa a pedido dele, e talvez fosse melhor assim, ou teria enfrentado Jackie pela forma como o tratou.

(...)

Marco estava sentado no chão, os braços apoiados nos joelhos, a cabeça baixa. Chorava sem parar pelas últimas quatro horas. "Por que comigo, Deus?", pensava, incapaz de entender. Sempre fora uma boa pessoa; não fazia sentido que algo tão doloroso lhe acontecesse.

Nos últimos três dias, Star não conseguiu vê-lo. Tentou se comunicar, mas ele a ignorava, deixando-a ainda mais angustiada. Ela queria ajudá-lo, mas ele se fechara completamente. No entanto, isso não ficaria assim por muito mais tempo. Star não deixaria o homem que amava sofrer por mais um dia sequer.

Era noite, a hora perfeita para Star entrar no quarto de Marco sem que ele a expulsasse. Já faziam quatro dias que ele não ia à escola, e quatro dias que Star não o via. Ela não aguentava mais ficar sem ver seu amado; mesmo que tentasse esconder seus sentimentos pelo garoto, eles ainda existiam e não podiam ser ignorados tão facilmente.

À 1h24, com todos já dormindo, Star saiu de seu quarto, tomando o máximo de cuidado para não fazer nenhum tipo de barulho e não acordar ninguém. Ela se dirigiu ao quarto de Marco, quase esbarrando em dois quadros e em um vaso de flores pelo caminho. Parou na frente da porta e tentou abri-la. "Trancada." Ele havia trancado a porta para não ser incomodado. "Claro, ele não seria tão besta a ponto de deixar a porta aberta," pensou a loira. Olhou ao redor e avistou uma janela. "Espera, o quarto do Marco tem janela... é isso!" pensou, encaminhando-se para a janela que avistara.

Com alguma dificuldade, abriu a janela e, cuidadosamente, passou para o parapeito que levava até a varanda do quarto dele. Avançou com todo o cuidado, apesar de alguns escorregões, mas nada que não conseguisse superar. Ao pular na varanda, quase caiu. Seu plano original era entrar pela janela, mas se lembrou da porta da varanda, o que facilitou as coisas. Por sorte, a porta estava aberta. Antes de entrar no quarto, ela percebeu que Marco estava acordado, mexendo no celular, o que a fez sentir-se mais segura para entrar – não queria acordá-lo.

A loira entrou no pequeno e mal iluminado quarto, e ele imediatamente percebeu sua presença. Olhou-a, um tanto assustado, mas logo voltou a ficar sério e direcionou sua atenção novamente ao celular.

"Quer que eu destranque a porta para você sair?" perguntou o garoto, sem dar muita atenção a ela. A resposta indiferente a fez se sentir mal, especialmente por ser tratada daquela maneira pelo seu melhor amigo.

Starco: Como É Bom AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora