o baile

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Haviam se passado três dias desde que recebi aquela mensagem enigmática: "Prepare-se". Prepare-me para quê? O suspense estava me enlouquecendo. Meus avós notaram que eu estava diferente, e minha avó começou a estranhar o fato de eu não ir para a escola.

Na tarde do terceiro dia, decidi que precisava fazer algo útil. Não queria continuar apenas ocupando espaço na casa dos meus avós, dependendo deles para tudo. A ideia de procurar um emprego me pareceu a saída perfeita. Além de aliviar um pouco as despesas deles, seria uma forma de ocupar minha mente e, quem sabe, até ganhar alguma independência.

Enquanto caminhava pelas ruas do bairro, no caminho, vi uma lanchonete com um anúncio de "Contrata-se" na vitrine. Respirei fundo e entrei. O dono, um senhor simpático de meia idade, estava no balcão e me recebeu com um sorriso acolhedor. Fiz uma rápida entrevista e ele, vendo minha disposição, concordou em me dar uma chance.

Aquela tarde tinha sido produtiva, e eu estava animada com a ideia de um emprego novo. Sentia que, de algum jeito, estava finalmente tomando as rédeas da minha vida. Então, enquanto caminhava pela rua, de repente o vi.

Jungkook estava saindo de um carro que eu só via em filmes. Era tão luxuoso que chamava atenção de todos ao redor. Meu primeiro instinto foi me esconder. Me virei rapidamente, puxando o capuz para cobrir parte do rosto, tentando parecer casual, mas foi inútil.

Ele já tinha me visto.

Jungkook parou ao me notar, e por um segundo seu olhar me prendeu completamente. Havia algo sombrio e intenso naquela expressão séria.

Depois de alguns segundos que pareciam uma eternidade, ele desviou os olhos e entrou numa loja cara logo ao lado.

(...)

Na manhã seguinte, eu acordei mais determinada. Antes de ir para a escola, comi algo simples que minha avó preparou - um pão com café quente - o suficiente para me dar energia, mas não tão pesado para me deixar nervosa.

Decidi ir caminhando, pensando em tudo o que tinha acontecido nos últimos dias. Cada passo parecia me preparar um pouco mais para encarar o que me aguardava na escola. Eu me perguntava se veria Jungkook de novo e se ele continuaria me lançando aqueles olhares enigmáticos.

Enquanto eu andava, uma gota de água caiu no meu ombro. Olhei para o céu, e vi que nuvens escuras se acumulavam, sinal de que uma chuva estava para cair. Acelerei o passo, tentando chegar à escola antes que o céu desabasse. Ao avistar o prédio da escola no fim da rua, uma sensação de alívio e ansiedade se misturava dentro de mim.

Assim que entrei na escola, senti os olhares caírem sobre mim. Não era novidade, mas, depois de alguns dias ausente, parecia que todos estavam mais curiosos, cochichando entre eles. Eu podia ouvir algumas risadas abafadas, olhares de julgamento, mas dessa vez, não deixei que aquilo me atingisse. Respirei fundo e segui em frente, e logo encontrei Jihoon.

Ao me ver, ele parou no meio do corredor, o rosto demonstrando surpresa e, talvez, um pouco de preocupação. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele veio na minha direção e me puxou para um abraço apertado, como se quisesse ter certeza de que eu realmente estava ali.

-Sua doida, por que não me avisou que voltaria? - ele disse, sem me soltar. Eu ri, sentindo o alívio na voz dele, e finalmente me permiti relaxar.

Desculpa, Jihoon. Eu só precisava de um tempo pra pensar - respondi, ainda sentindo o calor do abraço dele. Era bom saber que, mesmo em meio a tantos olhares estranhos, eu tinha alguém com quem contar.

Ele se afastou um pouco e me olhou de cima a baixo, como se quisesse confirmar que eu estava bem de verdade.

-Achei que você fosse desistir de vez.

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