Motivos para (não) beber

526 72 17
                                    

Sanji não era de beber muito. Ele sabia bem que sua resistência ao álcool era limitada, e preferia o tabaco, que já o satisfazia. Embriagar-se não lhe parecia necessário, mas, de vez em quando, ele se permitia uma exceção.

O estoque de bebidas no navio era quase todo reservado para Zoro, o único que bebia com frequência. Às vezes, Usopp aparecia para compartilhar uma bebida, e naquela noite não foi diferente. O mentiroso surgiu de repente, abriu uma cerveja e logo engatou um monólogo sobre a vez em que derrotou toda a Marinha com um único tiro.

Sanji não era como Luffy e Chopper, que se maravilhavam com as histórias exageradas de Usopp, mas gostava de fazer perguntas lógicas só para ver o atirador se embananar nas próprias mentiras. Era um passatempo divertido.

Sem perceber, Sanji já estava bebendo junto com Usopp, e em poucos minutos estava rindo escandalosamente.

— Já te contei do dia que dei um conselho pro Gol D. Roger? — Usopp perguntou, com as bochechas coradas, tomando mais três goles.

Sanji gargalhou alto, batendo na mesa enquanto o atirador começava outra história impossível. Mas, entre um gole e outro, Sanji começou a reparar algo inesperado. Ele olhava fixamente para Usopp, observando os lábios do mentiroso mexendo freneticamente. "Devem ser ótimos de beijar", pensou com um sorriso enviesado.

Os pensamentos persistiram até que Sanji se inclinou, decidido a capturar os lábios de Usopp.

Percebendo as intenções do loiro, Usopp deu um pulo da cadeira, alarmado.

— Endoidou, Sanji? — gritou, com as bochechas ainda mais vermelhas, recuando até a porta da cozinha.

Sanji, tonto e um pouco enjoado, não entendeu o alarde. Tudo o que sua mente conseguia focar era a curiosidade sobre a sensação dos lábios de Usopp. Por isso, levantou e, meio cambaleante, disse:

— Espera aí... Só um beijo!

Foi se aproximando, os passos descoordenados.

— Sai pra lá, eu sou macho! — Usopp estava visivelmente apavorado, tateando desesperado a maçaneta da porta, mantendo os olhos em Sanji para evitar que o loiro chegasse perto demais.

Quando finalmente conseguiu abrir a porta, Usopp saiu correndo e deu de cara com Zoro, que estava prestes a entrar.

— Que gritaria é essa? — o espadachim perguntou, franzindo a testa.

Usopp se escondeu atrás de Zoro no mesmo instante, apontando para Sanji com as mãos trêmulas.

— O Sanji tá maluco!

— Você mexeu na comida? — Zoro perguntou, cruzando os braços e olhando com desdém para Usopp.

O atirador, envergonhado e ofendido, saiu de trás do espadachim, inflando o peito.

— Claro que não! A gente estava bebendo e ele... tentou...

Usopp interrompeu a frase, uma onda de constrangimento o atingiu. Antes que pudesse completar, Sanji apareceu na porta da cozinha, balbuciando com um sorriso bobo:

— Só um beijinho, Usopp…

No mesmo instante, Usopp se escondeu atrás de Zoro novamente, empurrando o espadachim na direção de Sanji.

— Vai, faz alguma coisa!

Zoro olhou para Sanji, que estava um caos: bochechas coradas, cambaleante, a gravata frouxa e a camisa quase completamente aberta. O espadachim suspirou, já entendendo a situação.

— Quem deu bebida pra ele? — perguntou, aproximando-se do cozinheiro e segurando-o pelo braço.

Sanji se deixou ser amparado, jogando-se contra o peitoral de Zoro e enterrando o rosto ali. O espadachim lançou um olhar a Usopp, aguardando uma explicação, mas qualquer reclamação morreu quando Zoro sentiu algo molhado em seu mamilo. Ao olhar para baixo, viu Sanji sorrindo de forma maliciosa:

— Posso chupar seu peito? — perguntou indo na direção do outro mamilo sem nem esperar por uma resposta.

— Misericórdia… — murmurou Usopp, com o rosto em chamas. — Eu dei a bebida. Não sabia que ele era tão fraco pra isso.

Zoro suspirou mais uma vez.

— Certo, eu cuido dele. Vai dormir.

Usopp hesitou, ainda corando ao olhar para Sanji. Zoro, percebendo a reação, franziu a testa, questionando o que exatamente o atirador estava pensando. Sem mais delongas, Usopp se retirou, deixando os dois sozinhos. E foi nesse pequeno momento de distração que Sanji aproveitou para deslizar as mãos pelo corpo musculoso de Zoro, mordendo os próprios lábios.

— Você é tão gostoso… Tá solteiro?

Zoro riu com desdém, mas havia diversão em seus olhos.

— Por que a pergunta? Por acaso tem interesse em me namorar?

O loiro piscou os olhos antes de morder os lábios se aproximando da face morena, desejando capturar seus lábios. “Seu sorriso é lindo”, disse Sanji antes de puxar o lábio inferior do espadachim com desejo.

E Zoro deixava. Ele sempre deixava. 

Secretamente, o espadachim adorava quando Sanji ficava bêbado e perdia qualquer senso de vergonha.

O moreno respirou fundo, controlando a excitação que percorria por seu corpo enquanto assistia Sanji lhe observar com a face transbordando em tesão. Era delicioso o sentimento de se sentir um pedaço de carne nas mãos do cozinheiro.

— Não vai fugir como o Usopp? — Sanji ronronou, inclinando-se ainda mais. — Eu vou te beijar.

Dito isso, Zoro segurou os fios de sua nuca, puxando para longe de si enquanto o ouvia gemer manhoso.

— Ah, é? Você acabou de me lembrar que estava tentando beijar outro. Agora estou bravo.

Sanji, porém, não se abalou. Sorrindo de forma provocadora, ele começou a explorar o peito de Zoro com as mãos, apertando-o com força. A expressão dura do espadachim vacilou por um momento, antes de ele morder o próprio lábio, visivelmente contido. Mas o autocontrole de Zoro durou pouco. Ele puxou Sanji com força, esmagando seus lábios em um beijo bruto e faminto, guiando o corpo bêbado do loiro até a parede mais próxima. Quando chegaram, Zoro empurrou Sanji contra a parede e o beijou novamente, desta vez com ainda mais intensidade.

Sanji por sua vez, praticamente se derreteu nos braços fortes, enquanto esfregava as ereções freneticamente.

— Seu filho da puta — Zoro xingou em meio ao beijo, ofegante e banhado pela excitação.

O cozinheiro sorriu, arranhando as costas malhadas e disse:

— Me come em cima da mesa.

E Zoro voltou a xingá-lo, enquanto o arrastava para dentro da cozinha.

The pervert drunk Onde histórias criam vida. Descubra agora