O Baile

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Nos anos 80, a pequena cidade brasileira de Pedras Negras foi assombrada por assassinatos de jovens mulheres a partir dos 16 anos. Desde 1980, um assassino surgia a cada ano, tirando a vida de novas vítimas, e em 1985, o ciclo iria se repetir.

Diante de uma porta, à noite, estão o professor Carlos e a professora Maria. — Bom baile de Aniversário da cidade, Hélio — disse Carlos, sorrindo. — Espero que se divirta.

Hélio sabia que os professores eram forçados a agir assim durante os eventos da escola, tentando mostrar simpatia para atrair novos alunos e agradar os pais.

Ele abriu a porta e entrou no salão. Seu mullet dourado brilhava sob as luzes, e ele vestia uma camisa branca com uma jaqueta preta por cima, jeans e tênis caros, peças que apenas os mais abastados podiam comprar. A música alta e agitada ressoava pelo salão, onde as pessoas dançavam como se suas vidas dependessem disso. Contudo, a entrada de Hélio chamou a atenção, e todos os olhares se voltaram para ele. As pessoas pararam de dançar e abriram espaço enquanto ele atravessava a multidão.

Ele caminhou até parar atrás de uma jovem ruiva vestida com roupas coloridas, que conversava com duas amigas. Ao notarem Hélio, as duas garotas se afastaram rapidamente. A jovem, Priscila, de 16 anos, já entendia o motivo, e ao se virar, abriu um enorme sorriso ao vê-lo.

— Priscila, vamos dançar? — convidou Hélio.

— Não, eu detesto dançar com quem eu amo, ainda mais quando é meu namorado — respondeu Priscila, brincando e sorrindo.

— Isso quase me tirou um sorriso, quase.

A música agitada então cedeu lugar a uma melodia romântica e lenta.

— Dessa vez acho que cheguei perto — disse Priscila, segurando as mãos de Hélio e colocando-as em sua cintura.

Ela pousou as mãos nos ombros dele, e os dois começaram a dançar, movendo-se como se fossem um só. Lentamente, foram se aproximando até se beijarem.

No fim do baile, Hélio e Priscila saíram juntos. Diante da saída, com várias pessoas exaustas passando por eles, viraram-se um para o outro.

— Meu chofer vem me buscar. Posso te levar para casa — ofereceu Hélio.

— Obrigada, Hélio, mas meu irmão disse que viria me buscar, então vou esperar aqui. Obrigada mesmo.

Hélio ouviu alguns sussurros ao redor: "Hélio é um delinquente, por que ela gosta dele?" e uma voz respondeu: "Acho que ela deve se sentir segura com ele ou algo assim." Irritado, Hélio cerrou os punhos. Priscila percebeu e colocou delicadamente a mão no punho dele.

— Ignore eles — sussurrou ela.

— Então tá, Priscila. Nos falamos amanhã na escola.

Hélio foi até o estacionamento ao lado do salão de festas e encontrou o carro de seus pais. Antes de entrar no banco de trás, avistou pelos vidros seus amigos Marcos, com seus cabelos grandes e uma bandana, e Amanda, de cabelos pretos e volumosos, ambos com 15 anos.

— A festa do aniversário da cidade este ano foi chocante! — disse Marcos, ainda empolgado.

— A escola se superou na organização do baile! — comentou Amanda.

O chofer, José, falou do banco do motorista: — Eles entraram no carro sem permissão. Quer que eu os tire?

— Não, vamos levar eles primeiro para casa. Afinal, são meus amigos, e o senhor sempre diz que devo ajudar as pessoas — respondeu Hélio, sentando-se no banco da frente.

José sorriu e saiu dirigindo.

Uma hora depois, o salão de festas estava fechado, e Priscila permanecia sozinha, aguardando o irmão. Ela olhava para os dois lados da rua, até que uma mão enluvada cobriu sua boca. Em questão de segundos, ela foi levada para o estacionamento, amarrada, amordaçada e colocada no porta-malas de um carro. Ao ser trancada, viu a figura de uma pessoa com roupas pretas, luvas e uma máscara de palhaço bizarra. Priscila tentou gritar, mas o tecido na boca abafava seu som desesperado.

O estranho caso das pessoas mortas em 85(Cancelada)Onde histórias criam vida. Descubra agora