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"Às vezes, a linha entre o desejo e o perigo é tão fina que cruzá-la se torna inevitável

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"Às vezes, a linha entre o desejo e o perigo é tão fina que cruzá-la se torna inevitável. E é na borda desse abismo que nascem os pecados mais tentadores." -dellacruz

" -dellacruz

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A chuva despencava do céu em cortinas pesadas, como se a própria atmosfera sangrasse, espessa e escura, tingindo o ar de um vermelho invisível, um sussurro de violência que se espalhava no vento

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A chuva despencava do céu em cortinas pesadas, como se a própria atmosfera sangrasse, espessa e escura, tingindo o ar de um vermelho invisível, um sussurro de violência que se espalhava no vento. As gotas golpeavam o chão, ecoando como o som de uma lâmina cortando carne, cada impacto soando como um grito abafado. Era domingo, mas o dia carregava o peso de uma noite sem fim, onde cada som, cada olhar, trazia o peso da morte. Ao redor, rostos tristes e sussurrantes quase inaudíveis me cercavam, sombras de pena e desespero. E lá estava ele, o caixão do meu pai, imponente e lacrado, relacionado à nossa frente, envolto num silêncio grotesco.

Disseram que não era possível mostrar o corpo, que ele estava "ruim demais para ser visto". Vermes, murmurei para mim mesma, imaginando aqueles corpos brancos e repulsivos tomando conta do homem que, em vida, se dizia "honrado". Vermes devorando vermes, pensando, sentindo um amargor que beirava o prazer perverso de uma vingança silenciosa. Fiquei ali, imóvel, sem emoção, na primeira fileira. Meu vestido preto colava-se ao corpo, minha pele fria por debaixo do tecido, meus saltos afundando no chão úmido. Suspiro. Era tudo o que eu conseguia fazer. Suspirei, o peso das obrigações me enviou, mas nada além do tédio preenchia o vazio que ele deixou.

Apenas uma Faca para o DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora