Passo as mãos no vidro e olho para a tempestade lá fora.
É quase como o Universo quisesse tornar ainda mais dramático tudo que acontece dentro de mim.
Ligo as luzes roxas e apago todas as outras, para criar a melancolia.
Mas não estou mal, não me entenda errado.
Todos os dias podemos recomeçar e tentamos, mas nem sempre queremos acabar com tudo.
É bastante curioso.
Sento na cadeira do quarto, enquanto o carinhoso silêncio se aconchega em meus travesseiros e suspira tranquilidade.
Pego a xícara, mas o café já esfriou e não tenho a intenção de beber. Coloco na outra ponta da mesa.
Estou organizando isso, é mais íntimo do que parece.
Olho para a tela do computador e enxergo todas as minhas versões, estáticas, trocando olhares.
Quem tomará a atitude?
Será melhor esperar?
As vezes, é questão de tempo, não é?
Repenso.
Tudo dará certo no fim, porque sempre dá. Ainda que no início seja bastante doloroso.