— Você não parece muito triste porque Emily foi viajar — Victória comentou, depois de passar pelo portão.
— Já chorei bastante ontem à noite, quando nos despedimos oficialmente. — Ela estacou e o encarou. — Não literalmente, né? Mas já estou com saudades, combinamos de trocar mensagens com frequência.
— Ah, tá. Me poupe dos detalhes. Não fale da sua vida amorosa comigo como se fôssemos amigos.
— Mas foi você que entrou nesse assunto.
— E já me arrependi.
Quando ela foi até a porta da sala e entrou, ele perguntou:
— Você já veio aqui antes?
— Por que a pergunta?
— Parece familiarizada com o ambiente, não está olhando em volta e nem me perguntando sobre as rampas, como as pessoas que visitam minha casa pela primeira vez fazem.
Victória sentou no sofá e encarou um jogo pausado na TV.
— Cadê a Brenda?
Ele sentou do outro lado do sofá, numa distância tão absurda e pouco à vontade que a fez questionar se ela estava fedendo. Depois, esticou o braço e pegou o controle do videogame que estava sobre a mesa de centro.
— Saiu pra comprar umas besteiras, uns doces, salgadinhos, pra vocês comerem mais tarde, enquanto jogam UNO. Mas ela me avisou antes que você tava vindo.
— E por que demorou tanto pra atender?
— Fiquei pensando que você desistiria se pensasse que não tinha ninguém em casa, mas você tentou quebrar a campainha, então eu precisei intervir.
— Você é um babaca, Eric.
Ele riu, despausando a TV e começando a jogar.
— Obrigado.
— Mas não julgo, fiz a mesma coisa quando você foi na minha casa pela primeira vez. O que tá jogando?
— Fortnight.
— Parece horrível.
— Quer jogar?
— Prefiro enfiar uma corda no pescoço.
Ele pigarreou.
— Então, você não me respondeu a pergunta. Já esteve aqui antes?
— Isso vai fazer alguma diferença?
— Talvez, porque estou faz dias tentando descobrir quem mexeu no meu jogo e tomou as decisões mais estúpidas na história, porque eu não faria isso. Brenda diz que foi ela, mas eu não acredito, porque aquela menina morre de medo de filme de terror, ela nunca mexeria num jogo que vive dando susto. Minha irmã é muito cagona e a única pessoa que eu conheço que adora um pânico é você.
— Como sabe disso?
— Emily me contou sobre os filmes que você assiste.
— Ah, claro. Tinha que ser. — Ela tamborilou os dedos na perna.
— Do nada eu fui jogar Until Down outro dia e descobri que uma das personagens já estava morta e o jogo tomou um rumo totalmente diferente.
Não satisfeito, ele tirou do jogo que estava jogando e colocou no Until Down.
— O que você tá fazendo? — ela perguntou.
— Vou te mostrar uma coisa.
— Eu não quero ver.
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A Vilã
Teen FictionVictória tinha tudo o que uma garota poderia querer: uma péssima relação com a mãe, uma péssima reputação na escola, um amor platônico por alguém que nunca olharia para ela, uma melhor amiga que sempre a colocava para baixo e um monte de traumas. Ou...