Era uma noite fria em Nova York, com as luzes da cidade brilhando como estrelas artificiais no céu nublado. Clara caminhava pelas ruas tranquilas do bairro de Chelsea, cansada depois de um longo dia de trabalho. O som distante dos carros e o murmúrio da cidade pareciam longe, como se ela estivesse em outro mundo. Ela desejava apenas chegar em casa, tomar um banho quente e esquecer o estresse do dia.
De repente, uma van escura fez uma curva abrupta na esquina, aproximando-se rapidamente. Clara não teve tempo de reagir. As portas se abriram e, em um movimento rápido, dois homens a puxaram para dentro. Ela tentou gritar, mas uma mão forte tapou sua boca. O veículo disparou para a frente, desaparecendo na escuridão da noite, enquanto as luzes da cidade se afastavam.
Tudo aconteceu tão rápido que Clara mal conseguiu processar o que estava acontecendo. Ela olhou para os dois sequestradores, tentando entender o que eles queriam, mas seus rostos eram obscuros, sombras em um cenário que ela ainda tentava entender. A única coisa clara era o medo crescendo dentro dela.
A van fez várias curvas fechadas, deixando Clara tonta com a velocidade e a falta de orientação. Ela mal conseguia distinguir as ruas enquanto o veículo seguia por um trajeto desconhecido, sempre mais distante da cidade, mais profundo na escuridão.
Após o que pareceu uma eternidade, a van parou abruptamente. O som das portas se abrindo ecoou na noite silenciosa, e Clara foi puxada para fora com força. Seus pés mal tocavam o chão, e antes que pudesse se recuperar, foi empurrada para dentro de um prédio antigo e sombrio. O cheiro de mofo e a umidade do lugar eram sufocantes. Eles a conduziram para as escadas, que rangiam sob o peso de cada passo. No fundo do edifício, havia uma porta pesada que se abriu para revelar um porão mal iluminado, com paredes de concreto e um único feixe de luz que mal iluminava o ambiente.
Clara foi jogada no chão, suas mãos amarradas com uma corda grossa, e, antes que pudesse protestar, um dos homens se aproximou. Ele parecia ser o mais velho dos dois, com um rosto marcado e olhos frios. Ele olhou diretamente para ela, e Clara percebeu que ele não estava ali por acaso. Havia um objetivo. Mas qual?
— O nome é Marcos. — A voz dele era baixa, quase arrastada, como se estivesse acostumado a falar pouco. — E a razão para você estar aqui, Clara, é simples: você sabe demais.
Clara ficou paralisada. Sabe demais? Ela não fazia ideia do que ele estava falando. Seu coração batia rápido, e sua mente tentava desesperadamente entender a situação.
O outro homem, mais jovem, estava mais distante, encostado na parede. Ele parecia impaciente, como se estivesse esperando que a conversa tomasse um rumo mais direto. Mas Marcos não se apressou. Ele deu um passo para trás e observou Clara com uma calma quase perturbadora.
— Acontece que as pessoas como você... que ficam na área errada na hora errada... não têm muita sorte, Clara. E você está agora no nosso caminho. — Ele sorriu, mas era um sorriso que não alcançava os olhos.
Clara, ainda tentando processar a situação, respirou fundo. Sabe demais? Mas o que ela poderia saber? O que ela tinha feito para estar ali?
O silêncio na sala era pesado, e o medo se apertava no peito de Clara como um nó. Ela tinha que encontrar uma saída, mas naquele momento, qualquer pensamento lógico parecia distante. Ela olhou novamente para Marcos, tentando decifrar seus olhos frios, em busca de alguma pista que lhe dissesse o que estava acontecendo.
Clara não sabia por quanto tempo esteve ali, no escuro e sujo porão. O tempo parecia se arrastar, cada minuto uma eternidade de incerteza e terror. Os gritos distantes, os sons abafados da rua lá fora, já não alcançavam mais seus ouvidos. O que restava agora eram apenas os ecos do próprio medo pulsando em sua cabeça.
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Noite sem retorno
Mystery / ThrillerClara era uma mulher de estatura baixa, com cabelos castanhos e curtos, que caíam levemente sobre sua testa. Seus olhos castanhos, grandes e expressivos, transmitiam uma mistura de vulnerabilidade e determinação. Ela tinha uma aparência delicada, ma...