Capítulo 14 - Erro

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- Que cara é essa, mano?

Suspirei com a pergunta inútil daquele cabeção de espeto de churrasco, tirei a toalha molhada do ombro e a usei pra dar um pescotapa – ou pescoalha - fortão nele, que gemeu de dor. Me virei e fui até meu armário, tava sem paciência já. Nem o chuveiro daquele vestiário serviu pra esfriar minha cabeça. Se normalmente eu já sou meio difícil de lidar, naquele dia eu tava especialmente puto.

Passei o dia inteiro batendo o pé, nervoso pra cacete pra ir embora daquela caralha de colégio logo. Porra, eu meio que tava preocupado demais com o Deku, porque eu, burro pra caralho, deixei ele em casa doente. Porra, sabia que devia ter ficado com ele, mas ele me acalmou na hora, disse que ia passar logo e que eu não devia perder o treino por causa do campeonato de boxe que tava por vir, aí eu concordei e saí.

Mas, porra, depois que eu cheguei na escola e um professor de merda – a gente tava no final do ano e eu nem sabia o nome de mais da metade dos professores – entrou na sala, eu só quis sair correndo e pegar o primeiro ônibus de volta pra casa. Eu tentei ligar pro idiota do Deku algumas vezes, mas sempre caía na caixa postal. O arrombado deve ter deixado o celular carregando desligado. Ou enfiou no cu.

E eu, fico como? Porra, eu avisei que ia ligar.

Imbecil de merda.

Se ele já não tiver morrido afogado no próprio vômito, eu mesmo vou providenciar isso quando chegar em casa. Quem ele pensa que é, me deixando na puta que pariu assim, sem me falar nada?! Eu só queria uma porra de mensagem dizendo "Kacchan, tô vivo, aquieta o cu", porra, será que é tão difícil?!

Viadinho do caralho.

Por isso, passei o dia todo de cara amarrada – não muito diferente de todos os outros dias - e batendo o pé, só desejando terminar logo com esse maldito treino pra poder ir pra casa. Realmente, hoje seria o último treino antes da formatura, então seria um treino bem importante, porque o campeonato já era no próximo fim de semana. Se esse não fosse o caso, eu nem teria pensado duas vezes antes de ficar em casa, nunca fiz questão de ir pra escola mesmo, que se foda.

- Pra quê isso, Bakugou?! Izuku tá fazendo greve de sexo? – Pelo visto, o meu pescoalha não foi o suficiente pra calar a boca desse animal fodido. Ele ainda ria, esse filho da puta. Ria na cara do perigo. Não entendo o Kirishima, acho que ele gosta de levar porrada, nunca vi alguém tão burro assim. Ele devia ficar preso num zoológico e ser apresentado como um animal em extinção. É por isso que ele faz questão de me encher o saco, claro, deve sentir prazer com isso. Se pá, ele deve tá até secretamente desejando que eu bote uma coleirinha nele. – Você ficou de cara fechada o dia todo. Não que isso não seja normal, né... – Soltou uma risada.

O tique no meu olho começou. De novo.

- Cala a boca, porra.

Só faltava um tiquinho pro meu resto de humanidade ir pro caralho e meu punho ir direto naquela minhoca degenerada que ele chama de pau.

Finalmente já tava na hora de ir embora, eu só tinha que trocar de roupa. O treino tinha sido muito puxado e levou mais tempo do que o normal, o que me deixou puto pra caralho. Eu sabia que meu treinador ia pegar mais pesado comigo, eu sou o melhor lutador dessa merda e ele deposita todas as fichas em cima de mim, mas, caralho, o velho realmente não tem alma. Não me deixou descansar um segundo sequer, só faltou me chicotear.

Kirishima também participa do clube de luta comigo e até que manda bem também, mas ele não curte participar de campeonato nem nada do tipo, então o treino dele foi bem de boa, já que ele não ia competir. Deve ter sido quase uma visita ao Spar pra ele mesmo, poder tirar um minuto pra beber água tranquilo, rindo de boa e assistindo o velho gritando no meu ouvido, só faltou segurar um balde de pipoca.

Motivos para ser solteiroOnde histórias criam vida. Descubra agora