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Min Hee

Aproveito e passo rapidinho na cafeteria, já que o turno do Kai tinha acabado. Compro um misto quente e um latte, e sigo para o escritório do Yoongi. Bato na porta, mas ele não permite a entrada. Decido entrar por conta própria e, ao ver a cena, deixo a sacola com a comida cair e corro para perto dele.

— Senhor? Yoongi? — chamo, preocupada. Ele estava atordoado, nunca o tinha visto daquele jeito.

— Eu a matei, Min Hee... — ele diz, completamente fora de si, olhando para mim com um olhar desesperado.

— Calma, respira. Você está completamente fora de si — digo, tentando acalmá-lo.

— Olha as minhas mãos, estão sujas de sangue — ele murmura, estendendo as mãos trêmulas. Eu olho e vejo que suas mãos estão limpas, mas ele está claramente alucinando.

— Me perdoa, Sejeong! — ele implora, estendendo a mão à frente, como se ela estivesse ali, mas não há ninguém.

Então, suavemente, coloco minhas mãos em seus ouvidos para que ele se acalme. Ele começa a se tranquilizar e seus olhos, que antes estavam cheios de culpa, começam a se aquietar.

— Calma, eu estou aqui — digo com a voz suave, tentando confortá-lo.

De repente, sinto seus braços ao redor da minha cintura. Seu abraço traz uma sensação de paz para mim. Passo a mão pelos seus cabelos e, com a outra, dou leves batidinhas em suas costas.

— Eu estou com você, Yoongi... — sussurro, enquanto ele se deixa envolver no abraço e começa a chorar. Respiro fundo, tentando não chorar também, e o aperto mais forte, até que sinto sua respiração se acalmar.

— Obrigado, Min Hee — ele sussurra, com a voz embargada. — Seu abraço é o meu favorito — ele diz, me abraçando ainda mais apertado, e isso me faz sorrir, com o coração aquecido.

Jisoo

Foi tão bom o tempo que passei com o Kai. Faz tempo que eu não me divirto assim. Minhas amigas moram longe, e meu namorado… bem, ele nem parece se importar comigo.

Era 22:00, e eu tentava entrar em casa sem ser notada, mas vejo meu pai sentado no sofá. Ele se levanta com o rosto fechado.

— Onde estava a essa hora? — ele pergunta, a voz carregada de reprovação.

Mordo os lábios, tentando pensar em uma desculpa, mas, antes que eu possa dizer algo, sinto a mão dele estalar contra meu rosto. Coloco minha própria mão sobre a pele queimada pelo tapa e, com os olhos marejados, o encaro. — Pai! — as lágrimas começam a escorrer, e meu corpo treme de medo e tristeza.

— Eu sei que você anda saindo com aquele bastardo! Um simples garçom de lanchonete! — Ele diz com nojo.

— Ele é só meu amigo, pai! — tento argumentar.

— Mulher comprometida não tem amigos! — Ele rebate.

Sinto uma raiva subindo e, em um impulso, falo com um sorriso sarcástico: — Engraçado, o senhor, casado com a minha mãe, a traiu tantas vezes…

Ele me lança um olhar furioso, e, em segundos, sinto outro tapa, ainda mais forte, que me derruba no chão.

— Eu te odeio! — grito, soluçando, mas ele se abaixa, sorrindo com frieza.

— Da próxima vez que eu souber que você se encontrou com aquele lixo, eu mesmo mato ele com minhas próprias mãos. — Ele sacode as mãos, como se limpasse qualquer resquício de culpa, e se levanta.

— Pai, por quê? — Pergunto, a voz trêmula.

Ele para e, sem sequer um pingo de remorso, diz: — Isso é culpa sua. Você nunca deveria ter nascido.

Sinto meu coração se partir em mil pedaços. Tudo que ele disse ecoa na minha mente, e, em um surto de coragem, me levanto.

— Eu não quero mais me casar com Min Yoongi! Vou para Nova York!

— Não! Você não vai! — ele grita, o rosto vermelho de ódio.

— Vou sim! — desafiando-o, seguro minha vontade de chorar.

— Se você fizer isso, esqueça que é minha filha e será deserdada!

Dou um sorriso triste. — Ótimo! Não me importo com o seu dinheiro.

Ele sai furioso, batendo a porta do escritório com força.

Eu me deixo cair no chão. Talvez o certo seja mesmo deixar Min Yoongi viver a vida dele. Ele não me ama… e, talvez, eu só tenha me confundido, achando que o amava. No fundo, eu só quero que ele seja feliz… com ou sem mim.

Acordo pela manhã e saio sem que meu pai perceba. Lágrimas caem quando olho para trás e vejo meu lar, onde vivi vários momentos felizes quando minha mãe era viva. Mas agora eu tenho que viver uma nova vida. Saio, fechando a porta, e aquele lugar em que vivi por tanto tempo desaparece.

Saio e decido ir à cafeteria. Ao entrar, olho o ambiente e começo a sorrir, lembrando do dia em que conheci Kai. Ele é tão engraçado, e ontem me diverti bastante. Então, ele me vê e vem em minha direção com um sorriso.
— Jisoo? Sente-se. — Ele puxa a cadeira educadamente.
— Eu já estou de saída, mas mesmo assim muito obrigada. — Seguro as lágrimas. Ele sorri.
— Eu vou para Nova York hoje.
Ele desfaz o sorriso, eu aperto meus punhos e ele olha para minha mala.
— Eu vim me despedir. Talvez nunca mais nos vejamos novamente. — Digo com um sorriso, tentando ser forte.
— Tudo bem, Jisoo. Seja feliz, vá ao cinema, faça amigos, não fique sozinha! — Uma lágrima cai dos meus olhos e ele se aproxima, enxugando-a.
— Eu já vou indo. — Digo, me recompondo.
— Adeus, Kai.
— Adeus, Jisoo.

Me curvo e saio, começando a chorar enquanto vou em direção à empresa de Min Yoongi.

Contrato Com Sentimentos - Min Yoongi Onde histórias criam vida. Descubra agora