Sentimentos Quebrados

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A estrada estava escura e vazia, como sempre. Sam e Dean Winchester estavam em silêncio, o motor da Impala ressoando na noite fria.

Era uma daquelas noites que pareciam esticar o tempo, onde o peso das perdas e das batalhas conquistadas tomava conta de cada respiração.

Dean olhava para a estrada à frente, mas seus pensamentos estavam longe dali. Estavam à beira de mais uma guerra, mais uma luta contra algo que ameaçava consumir o mundo inteiro.

Mas desta vez, ele não podia negar o que o incomodava: Castiel estava fraco.

"Dean", a voz de Sam, interrompeu o silêncio.

"A gente vai sair disso. Vai dar certo."

Dean não respondeu de imediato. Não que ele não acreditasse nas palavras do irmão, mas ele sabia, lá no fundo, que a situação era diferente desta vez.

Eles haviam enfrentado demônios, anjos e monstros de todo tipo, mas agora... Castiel não estava mais sendo o mesmo. Ele tinha começado a falhar em pequenas coisas, a desaparecer em momentos inesperados, como se o peso da eternidade estivesse finalmente cobrando seu preço.

Dean olhou para o banco do passageiro, onde o anjo estava encostado, o olhar perdido em algum lugar entre a tristeza e a aceitação. Castiel sempre foi o tipo de ser que dava tudo, até o último vestígio de sua essência, para proteger aqueles a quem amava. Mas agora, algo estava diferente.

"Cas", Dean disse, sua voz baixa. "Você ainda está aí?"

Castiel olhou para ele, e por um breve momento, seus olhos azuis estavam mais claros do que nunca.

"Eu estou aqui, Dean. Só... tentando processar as últimas escolhas."

Dean suspirou. Ele queria dizer algo, algo que pudesse aliviar o peso que Castiel carregava. Mas as palavras se perdiam na garganta, e ele sabia que, no fim, nem palavras seriam suficientes.

A noite passou lentamente, como se o mundo estivesse aguardando algum evento inevitável. A batalha estava próxima, e todos sabiam disso. Os dois irmãos e o anjo tinham chegado à velha igreja abandonada onde a última resistência aconteceria.

A batalha foi rápida. Uma luta desesperada, onde anjos e demônios se enfrentaram em um conflito sangrento e caótico. Mas mesmo no meio do caos, Castiel se destacava.

Ele lutava com a intensidade de quem sabia que aquela poderia ser sua última missão. Seus olhos estavam fixos em Dean, como se o simples fato de estar ao lado dele fosse o único motivo pelo qual ele ainda se importava em lutar.

Dean percebeu o que estava acontecendo muito tarde, como sempre. Castiel estava sendo consumido, seu poder diminuindo, a energia vital escorrendo por entre os dedos do anjo, embora ele não demonstrasse fraqueza.

"Castiel!" Dean gritou, correndo até ele. Mas antes que pudesse alcançar seu amigo, uma lâmina de energia celestial atingiu o peito de Castiel.

O corpo do anjo estremeceu. Seu rosto, antes cheio de determinação, se distorceu por um segundo, como se estivesse tentando entender o que estava acontecendo. Dean chegou até ele, ajoelhando-se ao lado de Castiel, que já estava caindo lentamente.

"Não..." Dean sussurrou, segurando o corpo do anjo com força.

"Você não vai... não vai me deixar, não agora."

Castiel sorriu suavemente, um sorriso triste, mas cheio de aceitação. "Dean, você sempre foi... a minha luz.

" Ele disse isso com uma calma que só alguém que sabia o que estava por vir poderia ter.

"Não é assim que termina, Cas. Não... não agora. Você não pode ir, não depois de tudo."

Mas Castiel olhou para ele com uma serenidade impossível de ser ignorada.

"Eu já fiz a minha parte. Eu cuidei de você. Cuidei de vocês dois, como pude. Eu... fui mais humano do que eu jamais imaginei que poderia ser."

"Você não é humano, Cas", Dean sussurrou, com a voz falhando.

"Você é o meu anjo."

Castiel piscou, a expressão dele suavizando por um segundo. "Eu sei." Ele levantou a mão com dificuldade e tocou o rosto de Dean.

"E você, Dean... você sempre foi mais do que pensa. Talvez tenha sido isso que eu precisava entender."

Dean sentiu a respiração de Castiel se tornando mais fraca, e o calor do corpo do anjo começando a desaparecer.

"Cas... por favor. Não. Eu... eu não posso viver sem você."

"Você pode", Castiel respondeu, sua voz agora quase um suspiro.

"Você tem Sam. E, mais importante... você tem a sua humanidade. Não deixe que isso se perca."

Os olhos de Castiel se fecharam lentamente, o corpo relaxando nos braços de Dean. O som da batalha ao redor deles parecia distante, como se o mundo tivesse parado para assistir àquele último momento.

Dean estava em silêncio, segurando Castiel com força, como se pudesse impedir a morte de levá-lo embora.

Ele sentiu a vida de Castiel desaparecer por completo, e por um instante, o vazio que ele sentiu foi tão imenso que parecia que o próprio ar havia sido arrancado de seus pulmões.

Mas Castiel estava morto.

Dean olhou para o rosto do anjo, suas feições agora tranquilas, como se finalmente tivesse encontrado a paz que tanto procurava.

"Eu te amo, Cas", ele sussurrou, mais para si mesmo do que para o corpo inerte do anjo.

"Eu sempre te amei."

Era a última vez que ele dizia isso. E, ao dizer, Dean sentiu uma parte de si mesmo ir embora. Mas ele sabia que, de alguma forma, Castiel sempre estaria com ele, no fundo do coração, nas memórias de um amor impossível, mas eterno.

A batalha acabou, mas a guerra dentro de Dean estava apenas começando.

Descrição

Tentei fazer uma história triste, o que acharam?

Ainda tem o capítulo 2, mostrando como o Dean está lidando com a morte do Cas.

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