Capítulo 17- Kisuke Urahara

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Após deixar a 12ª Divisão, Shunsui caminhou em direção ao prédio da 1ª Divisão, onde pretendia colocar seus pensamentos em ordem, mas ao chegar em sua sala, percebeu que seu foco já não estava mais nos relatórios acumulados. Sentou-se, entrelaçando os dedos sobre a mesa, com a mente voltando repetidamente para o estranho veneno de Tine Kaori e para a reação de Mayuri. Havia algo naquilo que não podia ignorar. Não era apenas o poder do veneno, mas a implicação de que algo tão antigo e perigoso estava atrelado a uma jovem pacífica e promissora, como Tine. Se Mayuri achava repulsivo... por que ela possuía essa habilidade?

Ele tentou mergulhar nos documentos, mas a pergunta rondava sua mente como uma voz incômoda. Por fim, após horas de inquietação, Shunsui chegou a uma decisão. Quando os primeiros raios de sol iluminaram a Soul Society, ele já sabia o que precisava fazer. Levantou-se, ajeitou seu haori e saiu em direção aos portões da Gotei 13, anunciando que partiria para o mundo humano sozinho.

Os guardas trocaram olhares surpresos e, por um momento, até hesitaram em abrir o portão sem perguntar mais. Porém, bastou um olhar firme de Shunsui para que todos obedecessem em silêncio, ainda que curiosos e um tanto desconfiados. Não era todo dia que o Capitão-Comandante deixava a Soul Society de forma tão repentina e seria.

Ao atravessar o portão, Shunsui se dirigiu sem demora ao local onde acreditava encontrar as respostas que procurava: a loja de Urahara. Afinal, se havia alguém que compreendia os mistérios de antigos poderes espirituais, esse alguém era Kisuke Urahara. Sua mente tentava lembrar se alguma vez ele ouvira falar sobre um veneno semelhante nas histórias da Soul Society, mas nada parecia se encaixar. Talvez Urahara soubesse algo que Mayuri preferia ignorar — ou algo que ele simplesmente não conseguia admitir.

Chegando à loja, Shunsui não precisou procurar muito. Urahara já estava lá, encostado casualmente na entrada, abanando-se com seu leque e o olhando com um sorriso levemente divertido, como se já previsse a visita.

— Shunsui-san, devo dizer que é uma honra receber o Capitão-Comandante por aqui — começou Urahara, seu tom casual e um tanto provocador, mas com um olhar estranho que demonstrava já ter alguma ideia do que estava por vir. — Me parece que sua vinda aqui não é apenas para aproveitar o clima agradável do mundo humano, estou certo?

Shunsui deu um leve sorriso, cruzando os braços, mas seu semblante continuava sério. — Ah, Urahara-san, você sempre tão mistériso… Estou aqui porque preciso da sua ajuda para uma coisa que, ao que parece, só você pode resolver.

— Algo intrigante, então? — Urahara perguntou, estreitando os olhos, o sorriso ainda presente, mas agora repleto de curiosidade genuína.

Shunsui deu um suspiro leve, desviando o olhar por um momento, enquanto considerava o que viria a seguir. Conversar com Urahara poderia ser um risco, mas sentia que, de alguma forma, aquela conversa poderia ser crucial para entender o mistério em torno de Tine Kaori.

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