XIII

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LUCERYS

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LUCERYS

A névoa da manhã ainda cobria Pedra do Dragão como uma cortina fria e pesada enquanto eu me preparava para partir. O vento vindo do mar trazia o cheiro salgado das ondas quebrando nos penhascos. John estava ali, imponente, suas escamas negras refletindo a pouca luz do amanhecer — parecia uma sombra viva, parte da escuridão que pairava no céu nublado.

Precisávamos conversar antes de partir. Troquei algumas palavras com ele ainda de madrugada, no interior da caverna, quando ele me envolveu com seus braços calorosos e possessivos. Ainda sentia a marca que ele deixara no meu pescoço, a pele sensível, um lembrete constante de seu toque. Uma mistura de vergonha e desejo me invadia sempre que nossos olhares se cruzavam. Havia algo diferente no seu olhar naquela manhã — um desafio silencioso que eu não sabia se estava pronto para enfrentar.

Minha mãe estava a alguns passos, envolta em um manto escuro que balançava ao vento. Seu rosto carregava uma expressão que eu não via há tempos: uma mistura de orgulho e preocupação. A luz suave do céu cinzento destacava as marcas de cansaço e as linhas de expressão que as batalhas deixaram nela. De repente, ela parecia tão pequena, tão frágil sob o peso das responsabilidades que sempre carregou com tanta força.

— Então, você vai mesmo partir? — Sua voz suave e trêmula cortou o silêncio ao nosso redor. Suas palavras me atravessaram como uma lâmina, e eu hesitei, sem saber o que responder.

Ela já esperava por isso, mas vê-la assim, tão vulnerável, fez algo dentro de mim vacilar. Respirei fundo, tentando manter a postura e a coragem que ela sempre me ensinou. Não podia hesitar agora.

— Você sabia que esse dia chegaria, mãe. — Falei, buscando firmeza na voz. — Vou para Harrenhal. A decisão já foi tomada, por mim e por todos que dependem de mim.

Ela devolveu o sorriso, mas a tristeza ainda estava lá, escondida nas sombras de seus olhos.

— Luke, por mais que eu queira acreditar que você tem a força de um verdadeiro Targaryen, o medo ainda me consome. O medo de não conseguir proteger você desta vez, de não poder fazer nada quando o pior acontecer.

Eu sabia que suas palavras não se referiam apenas à guerra iminente. Elas falavam de todas as batalhas internas que ela enfrentou ao longo dos anos, como mãe, rainha e esposa de um Targaryen. Ela havia suportado mais do que qualquer um de nós poderia imaginar, mas nunca deixou que vissem sua fragilidade. Agora, diante de mim, sua coragem parecia ter uma rachadura — uma pequena fissura que ela não conseguia esconder.

— Mãe... — Segurei sua mão trêmula entre as minhas, tentando transmitir toda a segurança que eu sentia. — Eu não estou sozinho. Drogon estará ao meu lado. Ele é meu aliado, e juntos somos mais fortes do que qualquer coisa que Aemond possa nos lançar. Não cometerei os mesmos erros do passado. Aprendi com cada queda, com cada derrota. Não vou permitir que me derrubem desta vez.

Ela me olhou com uma intensidade avassaladora, um olhar carregado de amor e preocupação, tão profundo que eu quase me senti incapaz de suportá-lo. Era o olhar de uma mãe que sabia que seu filho poderia estar indo para a batalha pela última vez. Ela não disse mais nada, mas seu silêncio falou por si.

— Você sempre foi o meu doce menino, Lucerys. — Ela disse, a voz embargada pela emoção. — Me lembro de você correndo por aqui, com os olhos brilhando e um sorriso tão grande, como se o mundo inteiro fosse seu. Lembro de quando começou a tentar domar os dragões, determinado como ninguém. Eu sabia, no fundo do meu coração, que o dragão que você montaria seria o mais forte de todos.

Eu sorri, tentando esconder a dor que agora também me dominava. — Aquele garoto não tinha medo de nada, mãe. E talvez ele ainda esteja aqui, só que agora mais velho, mais forte, mais preparado.

Ela devolveu o sorriso, mas a tristeza ainda estava lá, escondida nas sombras de seus olhos.

— Você tem o sangue do dragão. E eu sempre soube que um Targaryen nunca foge de seu destino. — Seus dedos acariciaram meu rosto uma última vez, quentes e suaves, contrastando com o vento frio que começava a soprar com mais força. — Eu não posso impedir você de ir, Lucerys. Não posso mudar o que está em seu coração. Mas, por favor, me faça uma promessa.

— Qualquer coisa, mãe. — Respondi, sentindo a urgência de dar-lhe alguma paz.

Ela hesitou, suas palavras surgindo com dificuldade, como se cada uma fosse arrancada de sua alma. — Prometa-me que, quando tudo isso acabar, você não vai esquecer de onde veio. Não vai esquecer quem você realmente é. E se, por acaso, você cair... lembre-se de que nossa casa sempre será sua. Lembre-se de que a força de nossa linhagem vive, mesmo nas sombras.

Eu a encarei, absorvendo o peso de sua súplica. Prometer aquilo não era algo simples; era uma responsabilidade que ultrapassava minha compreensão. Mas eu sabia que ela não falava apenas sobre o nome dos Targaryen, mas sobre o legado que carregávamos em nossos corações, algo que nenhuma batalha poderia apagar.

— Eu prometo, Mãe. — Respondi finalmente, a voz firme, mas a emoção de sua confiança quase me fez perder o controle. — Eu voltarei para você. E, se algum dia eu cair, será com a força de nossa casa, e o nome de Targaryen ainda será cantado pelos ventos.

Ela me abraçou então, com a força de uma mulher que sabia que talvez fosse a última vez que teria a chance de fazê-lo. Seus braços envolveram meu corpo, apertando-me contra ela com uma intensidade que só uma mãe poderia demonstrar. Ficamos assim por um longo momento, antes que ela finalmente me soltasse, com relutância.

— Vá, Lucerys , Antes que eu mude de ideia e mande Daemon atrás de você para trazê-lo de volta à força. — Sua voz se quebrou em um leve riso, mas as lágrimas que brilharam em seus olhos mostraram que o alívio ainda não havia chegado.

Eu a olhei uma última vez, gravando o momento na minha memória, antes de montar em John.

Eu subi nas costas de Drogon, que ergueu a cabeça imensa, soltando um rugido baixo como um aviso ao mundo de que estávamos prontos para partir. O vento balançava minha capa enquanto eu olhava para baixo, para a figura pequena de minha mãe no pátio. Ela parecia tão pequena, tão vulnerável, mas eu sabia que ali estava uma mulher que havia enfrentado reis e lordes sem jamais vacilar.

— Para Harrenhal, Drogon. — Com um salto poderoso, ele se lançou aos céus, e o rugido que soltou ecoou por toda a Pedra do Dragão, como um aviso para todos que ousassem desafiar o que estávamos prestes a fazer. Estávamos indo para Harrenhal, e o mundo logo conheceria o poder de John — e o meu.

 Estávamos indo para Harrenhal, e o mundo logo conheceria o poder de John — e o meu

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⏰ Última atualização: Nov 15 ⏰

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A SEMENTE DE DRAGAO | LUCERYS VELARYONOnde histórias criam vida. Descubra agora