Confissões perturbadoras

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Quando as meninas foram no elevador, Emily saiu de lá falando que adorou a experiência, com um sorriso enorme no rosto. Mas assim que viu uma lata de lixo, correu até lá e vomitou. Até disso Monique acabou batendo uma foto. 

— Por favor, vamos na roda panorâmica! — Emily implorou depois. — Não vou aguentar ir em mais nenhum sem passar mal. 

— Você tem estômago de barata, hein? — disse Victória. 

— Eu já fui em vários brinquedos que você queria.

— E eu me diverti muito. 

Emily encolheu os ombros e Monique encarou a filha.

— Vai no brinquedo que ela quer.

Victória arregalou os olhos.

— Mas mãe, a gente fez um trato. 

— Esquece isso. Vai logo antes que eu tome suas fichas e você não vai em mais nenhum. 

Ela revirou os olhos.

— Vamos então, criatura — resmungou, puxando Emily na direção do brinquedo como se ela fosse uma boneca. 

Por sorte, a fila do brinquedo era pequena e elas logo se viram dentro de uma cabine, subindo devagar para o topo.

Quando estavam quase chegando lá em cima, Victória começou a se mexer de propósito no brinquedo, fazendo Emily agarrar a barra de aço com força.

— Para de fazer isso! — a menina gritou, meio nervosa. — Quer derrubar a gente? 

— Não seja boba, o brinquedo não vai cair por causa disso. 

— Você que pensa! Nunca assistiu o filme da Mulher Gato? Tem aquela cena horrível da roda gigante em que ela está num encontro com Benjamin Bratt e o brinquedo quebra. Um menino quase morre.

— Você assistiu Mulher Gato? E como sabe o nome do ator? 

— Por causa do Eric. Ele é viciado em ver os bastidores dos filmes e séries que assiste. Sabe o nome de muito ator e atriz. Aí, um dia vimos ao filme da Mulher Gato, na casa dele. 

— Ah… Pelo menos esse namoro tem sido enriquecedor, né? Te traz cultura.

Emily sorriu, mais tranquila.

— Ele é tão inteligente, Vic. Parece uma enciclopédia ambulante. Nunca me canso de admirar isso. 

Victória olhou para o lado, mordendo o interior da bochecha. Não conseguiu se conter e resolveu cutucar um possível ponto fraco da prima:

— O que vai fazer quando voltar a morar em Santos? Namoro à distância? 

A cabine em que elas estavam chegou ao topo e parou de andar. Elas ficaram diante de um céu escuro, quase sem estrelas e uma lua cheia perfeita. 

— Não conversamos sobre isso ainda, mas… acredito que vamos resistir. A gente pode se ver nos finais de semana e ele pode escolher uma faculdade em Santos e alugar uma casa lá.

— Duvido muito. Ele não vai largar a mãe cadeirante aqui pra estudar longe. E também precisa ajudar a cuidar da Letícia, né? 

Emily a encarou.

— Como sabe? 

— Eric parece muito apegado à mãe. 

— Ele é. Sempre faz tudo o que ela pede e precisa. É um bom filho, com certeza será um bom marido. 

Victória revirou os olhos. 

— Então, o que mais ele falou sobre o passeio na chácara? 

— Sobre você, nada. Só que pulou na piscina pra salvar a irmã dele e passou boa parte do dia escrevendo e conversando com Brenda. 

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