A verdade sobre tudo

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Mikaela ofegou.

— Não sei do que você tá falando, eu…

— Agora já chega — Victória resmungou, soltando-se de Eric e partindo em sua direção. Então, agarrou em seus cabelos e a fez soltar um grito. — Se não parar com a farsa, eu acabo com você e ainda conto todos os seus podres pros seus pais. Aposto que eles adorariam saber que a filhinha deles fica dando pros meninos da rua — sussurrou em seu ouvido, de modo que só ela podia ouvir. 

A menina arregalou os olhos.

— Tá bom, tá bom! — disse depressa. Victória a soltou e voltou para onde estava. Então, toda a expressão de seu rosto mudou. Ela ergueu o queixo e assumiu um ar mais confiante. — Vou começar por você — disse, olhando para Emily. Depois, cruzou os braços. — Sabe por que eu inventei o boato sobre você e o Davi? Porque é óbvio, Emily! Aquele idiota se apaixonou por você e quando eu soube que você estava na casa dele, fiquei com ciúmes. 

— Mas você disse que não tinha sentimentos por ele! — Emily reagiu, sentindo certo cansaço abater seu corpo. 

— Eu não tenho. Só não parecia justo você ter tudo assim, de mão beijada. Era a popularidade dos sonhos, a beleza física e beleza interior, e dois garotos aos seus pés, loucos pra ficar com você. Eu não tinha nada! E aliás, só quis andar com você porque estava com uma reputação boa e eu queria isso. Queria as pessoas falando bem de mim pra dar orgulho pros meus pais. Mas depois… eu gostei de você. — Ela levou a mão ao peito. — Eu realmente te achei legal, mais legal que a Victória. E no fim, eu destruí você. Precisava fazer isso pra você entender que não pode ter tudo! Não pode ser perfeita!

— E-eu nunca tentei ser perfeita.

Mikaela riu.

— Sua hipócrita! Você tentou sim! Vai me dizer que não adora quando as pessoas te elogiam? Você adora chamar atenção, é por isso que faz coisas boas. Não tem nada a ver com agradar a Deus. Você quer a glória pra si.

— Não! Isso que você tá dizendo é muito sério. 

— E é verdade. Com seu jeitinho manso, máscara da humildade e bom coração. Você seduz as pessoas. Conquistou meus pais e a mãe da Victória. Aliás — ela deu risada —, você roubou Eric dela também, né? 

— N-não… — Emily sentiu um bolo no estômago. 

— Ah não, querida? — ela uniu as mãos na frente do corpo, irônica, fingindo sentir pena. — Bom, já que estamos todos aqui sem nos importar em dizer a verdade, por que não jogar a m3rd* no ventilador, né? — Ela pigarreou. — Quero voltar no tempo, o dia em que o Eric quase falou com a Victória, mas eu consegui impedir. 

— Do que você tá falando, sua doente? — Victória perguntou, a voz falhando. 

Os olhos dela se voltaram para a garota.

— Fazia uma semana que seu pai morreu. E você estava na biblioteca, presa num livro. Estava tão entretida com a história que não percebeu que o idiota do Eric não tirava os olhos de você, sentado do outro lado. Eu observei a cena por um momento. Você deu risada de alguma coisa que estava lendo e o Eric riu junto, por um momento, como se estivesse compartilhando o mesmo sentimento que você. Então, ele se levantou e estava indo na direção da sua mesa. Aí eu me aproximei de você antes e te arrastei pra fora da biblioteca. 

Uma lágrima escapou o olho de Victória.

— Você disse que tinha… uma briga acontecendo no pátio e que… eu não podia deixar de ver. 

— É, e você lembra que quando chegamos lá não era nada? Aí eu menti dizendo que você lia demais e eu só queria passar um tempo no pátio com você. Mas… pro seu completo azar, Eric nunca mais tentou falar com você, né? 

A VilãOnde histórias criam vida. Descubra agora