1

21 5 11
                                    

A luz do sol refletia no riacho enquanto as crianças banhavam e brincavam, suas risadas inocentes ecoando pelo vale. Suas mães, não muito longe, lavavam suas roupas, conversando entre si. Era mais uma tarde comum daquelas em que o peso da saudade me envolvia, onde eu refletia e me perdia em lembranças de uma época em que meus pais e minha amada avó ainda estavam vivos.

_ Elizabeth! - ouvi o grito agudo da minha irmã, Madeline, interrompendo meus devaneios.

Ela surgiu correndo em minha direção, segurando as barras do vestido esverdeado para não tropeçar. Madeline, com seus cabelos ruivos e encaracolados, era considerada a moça mais bonita do vilarejo: de cintura fina e quadris largos. Apesar de sermos idênticas, com exceção das minhas covinhas e da minha altura levemente menor, nossas personalidades não podiam ser mais diferentes. Eu era realista, enquanto Madeline sonhava com contos de fadas.

Lembro-me de quando nossa avó nos contava histórias sobre o bosque encantado não tão distante, habitado por elfos, fadas e sereias. Claro que eu considerava tudo isso como histórias infantis, mas jamais me esquecerei de como os olhos de Madeline brilhavam ao ouvi-las. Como se aquilo tudo fosse possível...

_ Elizabeth! - Madeline me alcançou, ofegante, parando com as mãos nos joelhos para descansar. - Você precisa ver uma coisa. — Ela disse, puxando-me em direção a nossa casa.

Quando chegamos, meu peito ardia pela corrida. Madeline, com os olhos espertos e ansiosos, me mostrou uma pilha de cartas sujas, assinadas pela letra da nossa avó.

_ Estavam dentro da parede! — Ela apontou para uma pequena cratera na parede da cozinha. — Fui acender o fogão a lenha, e uma tora de madeira rolou e bateu na parede. Isso fez abrir o buraco... e encontrei esses envelopes. — Seus olhos demonstram vergonha pelo incidente. — Não quis abrir sem você. - ela admitiu com curiosidade.

Peguei o envelope que estava no topo da pilha. Estava lacrado, mas não parecia tão velho, talvez apenas três anos. Com dedos trêmulos, eu rompi o selo e comecei a ler em voz alta:

Querida Elizabeth e madeline

Primeiro, gostaria de dizer que A Floresta Proibida guarda segredos que jamais deveriam ser revelados.

Segundo que: Eu sei que sua curiosidade, Madeline, sempre foi maior que sua cautela, mas agora mais do que nunca, você deve ser cuidadosa com o que deseja encontrar. E Elizabeth, sempre tão pragmática, você deve saber que não podemos fugir de nosso destino.

Por mais que eu tenha tentado proteger vocês, quero que procurem as marcas na árvore velha, ao sul da floresta... ou será o norte? Não consigo me lembrar.

Bom... Elas serão a chave para o que está por vir. Não confiem em qualquer um e não deixem que a escuridão as consuma. Eu as amo, minhas meninas. A proteção de nossa linhagem está em suas mãos agora.

Com todo o meu amor,
Vossa avó.

_ Não consigo compreender - sussurrou Madeline com uma cara de desconfiada e interrogativa.

_ Talvez isso seja sobre... - comecei, mas minha fala foi interrompida por gritos de desespero e um estrondo ensurdecedor.

_ Corram, fujam!!! - escuto ao longe a voz de algum aldeão e isso é o suficiente para eu entrar em ação.

Com um movimento instintivo, agarrei uma faca da gaveta e segurei a mão de Madeline. Ela hesitou, pegando rapidamente as cartas sobre a mesa. Só então ela começou a me seguir, os olhos cheios de pânico. Saímos pela porta da frente, onde o céu estava coberto por uma espessa fumaça negra, e o fogo já devorava os telhados de palha das casas enquanto o vilarejo se desintegrava em um caos absoluto. O som dos gritos e do metal se chocando contra carne ecoava pelas ruelas estreitas, e eu apertava com força a mão de minha irmã mais nova enquanto a arrastava por entre a multidão em pânico.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Nov 17 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O mistério do bosque Onde histórias criam vida. Descubra agora