Um dia qualquer - parte 2

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No exato momento em que seus lábios se tocaram, Victória o agarrou de volta, rendendo-se ao momento. Quando o beijo começou a demorar muito e se tornar cada vez mais forte, ela entrou em pânico. Pôs as mãos em seus ombros e se afastou, erguendo-se do sofá. 

Eric segurou seus dois punhos para impedir que ela corresse.

— Não, não, não, não, não… — disse a garota, tentando se soltar. 

Eric  deu uma risada fraca.

— Caramba, Vic. São muitos “nãos”. Tava tão ruim assim? 

Ela sentiu que o rosto explodiria em chamas a qualquer minuto.

— Me larga. 

— Não.

— Eu vou te morder, imbecil. Me larga! — Ao notar todo o seu desespero, ele a soltou e ela foi para o outro lado da sala, dando-lhe as costas. Começou a puxar os dedos na frente do corpo, tentando estralá-los. 

Eric foi até ela, mas se manteve meio afastado. Não queria assustá-la ainda mais. 

— Victória, você vai embora amanhã — comentou, a voz calma.

Ela se virou para ele.

— Sim, e daí?

— Você ia sem se despedir de mim. Cara, cê tava fugindo de mim na escola há não sei quantos dias e eu ainda descobri no acaso que você vai embora. 

— A gente combinou de ficar longe um do outro! — ela disse, bem alto.

— É, eu sei. Mas pensei que ainda te veria na biblioteca. Que ainda te veria em algum lugar, nem que fosse de longe, como se você fosse um quadro…

— … de museu, que serve pra ser admirado, mas nunca tocado. É, eu sei. 

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Caramba, pensei que eu era o único a pensar essas coisas. 

Ela respirou fundo.

— Não, eu tenho uma teoria de que quanto mais você se aproxima de alguém, os defeitos aparecem e a pessoa fica pior. E que melhor é amar à distância. Assim você mantém a pessoa perfeita. 

— Mas isso não se aplica a nós, não é? Porque quanto mais tempo passo com você, mais ainda me apaixono e mais ainda te acho perfeita, linda… 

— Para, Eric. — Ela ainda tinha os olhos assustados.

— Por quê? Para, você. A gente já fingiu demais que não sentia nada um pelo outro. Eu tava tentando seguir com a minha vida e do nada descubro que cê vai embora. Como eu deveria me sentir? Fiquei desesperado, Victória. E sim, eu sei que não posso ficar com você e que a gente não daria certo junto por N motivos, mas hoje eu prefiro fingir que nós dois somos só um cara e uma garota em um dia qualquer. Duas pessoas que se gostam, juntas. 

Ela olhou em seus olhos e viu o desespero, percebeu sua respiração ofegante. 

— Mas isso… não tá certo. V-você terminou com minha prima faz pouco tempo, sua mãe me odeia e… — Seus olhos marejaram.

Eric se aproximou e segurou seu rosto com as mãos.

— Ei, amor. Me escuta — sussurrou.

Ela riu, apesar das lágrimas.

— Não me chama assim, idiota, deixa meu coração amolecido e torna tudo mais difícil.

— Hoje eu quero ter a liberdade de te chamar assim, porque é desse jeito que te vejo, como o meu amor. 

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