Beware Of The Blondie

01. Stop Crying your Heart Out - Oasis

- Nngh! - acordo assustada, coberta de suor e com minha respiração descontrolada após mais uma noite mal dormida.

Olho desesperada ao meu redor para ter certeza de que, eu estava acordando segura em minha casa. Ao constatar que aquele era meu quarto totalmente sem graça e com ausência de personalidade, suspirei de alívio.

Sem que eu percebecesse, as lágrimas já jorravam, se misturando ao suor no meu rosto, provavelmente tenebroso pela frequente privação de sono.

- Até quando isso vai durar?! - sussurrei aos soluços, me encolhendo ao entrelaçar as pernas e me deitando novamente sobre os lençóis mais bagunçados que o normal, resultado de eu ter me revirado na cama a noite toda por mais um pesadelo.

Flashes de um dia que, apesar de ter acontecido a tantos anos, ainda me dá pesadelos e de brinde, me fez desenvolver um medo irracional de estar novamente entre outras pessoas e consequentemente, não me deixa confiar em mais ninguém. Bom, ninguém além da minha babá. Engraçado, certo? Quem tem babá aos 16? Lucy Heartfilia é certa e única resposta.

Ainda tremendo, perdida em meu choro amedrontado devido ao recente pesadelo, não escutei as batidas na porta.

Abrindo a porta devagar e colocando somente metade do corpo pra dentro, Aquarius suspirou preocupada.
- De novo, fedelha? - ao que percebeu meu estado, mais afetado do que o comum, entrou pra dentro de uma vez e se sentou na cama, pacientemente passando a mão sob meu braço, acho que tentando me acalmar.

Após alguns poucos minutos, quando finalmente sinto o efeito calmante de sua presença e afago, consigo parar de tremer aos poucos e dizer desolada:
- Não tem sido diferente nos últimos 5 anos, Aqua. - olhei triste para ela.

Aquarius trabalha na minha casa desde que nasci, minha babá desde que eu estava nas fraldas e meu único vislumbre de figura materna durante toda minha vida. Não é por menos. Ela é uma mulher muito calorosa, claro, muito mandona e durona de dar medo, mas realmente muito acolhedora, perfeita descrição de uma mãe. É uma figura e tanto.

- Eu sei. - suspirou, com empatia - fico muito triste vendo você passar por isso, justamente por isso conversei com seu pai.

Com mais um susto pra cota dessa manhã, me levanto de uma vez, sentando rapidamente de pernas cruzadas sobre a cama, em choque, tento falar, mas sai mais como um esganiço:

- Você o quê?!

- Conversei com seu pai. Ora.

- Quando? Sobre o quê?

Ela soltou suavemente minha mão de seu antebraço, se levantando. - Lucy, acho que está na hora de você respirar novos ares. - com calma e infelizmente firmeza ela me solta essa bomba.

Ah não. É claro que só podia ser o que Aquarius vem insistindo a meses.

- Eu não vou.

- Você vai, já está decidido.

- Aquarius, eu estou muito melhor estudando em casa! Vocês nem me perguntaram se eu queria! - berrei, sendo que, na verdade, toda a conversa de Aquarius sobre como seria bom pra que eu voltasse a frequentar a escola nos ultimos meses foi algo semelhante a preparar terreno. Claro que a decisão final não era dela também, então com certeza tentou me ajudar a acostumar com a ideia. Mas ainda não é justo, eles sabiam o porquê de eu não querer, de eu ter medo.

- Lucy-

- Lucy o caramba, eu já falei que não quero! - me arrependo logo após ter falado, vendo ela esmurecer por um momento, mas logo endurecendo a postura como sempre faz antes de me dar uma dura.