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Judy boceja, prendendo a bolsa em seu corpo.

Eu a observo, enquanto desmonto o acampamento improvisado.

–Como passou a noite? –Pergunto, e ela se abaixa, me ajudando a guardar as peles, que serviram muito bem para a noite da floresta.

–Dormi bastante, estou muito bem descansada!

Sorrio.

–Fico feliz com isso. –Jogo minha bolsa de água dentro da minha bolsa lateral. –Devemos chegar ao lago do mapa em dois dias se tudo ocorrer bem.

Ela balança a cabeça, fazendo a enorme trança em seu cabelo ir para frente e para trás.

–Ao que aparenta, não vai nevar.

–Parece que não! Tivemos sorte em relação a isso.

Judy e eu iniciamos um caminho tranquilo, conversando sobre tudo. Falamos sobre a floresta, sobre como seria bom descobrir um pouco mais sobre nossa raça; Conversamos sobre como achamos que Marcy e Jhon estão indo sozinho, e assim por diante.

Como disse, eu e Judy somos boas amigas, mas nunca tivemos muito tempo sozinhas antes.

–Chris iria adorar estar aqui conosco. –Ela menciona de repente, e eu apenas balanço a cabeça.

Judy suspira, e me lança um olhar cortante.

–Sinto saudades dele o tempo inteiro. –Falo, e ela sorri.

–Eu também. –Solta um riso sufocado. –Ele sempre sabia o que dizer. –Fica em silêncio, e junta as mãos, entrelaçando os dedos. –Nunca pensei que ficaríamos longe, nunca pensei que nosso grupo se separaria. E agora, Chris está sozinho, e nós duas estamos aqui. –Sorri melancólica.

Abaixo meus olhos, sem conseguir encara-la

–Eu sei... Eu nunca poderia imaginar isso também. Sinto muito, Judy! –Peço, ainda sem olha-la.

Ela toca meu ombro.

–Lais, eu nunca te culpei por nada disso. Ninguém nunca te culpou! A culpa não é sua, e nem de ninguém além de Enguerrand. –Fala o nome do diretor rangendo os dentes. –Sei que o peso maior cai sobre seus ombros, mas não pense que estamos aqui para te acusar de algo.

Balanço a cabeça, realmente feliz de ouvir tais palavras. Ultimamente, minha mente anda me torturando, e meu subconsciente me culpa o tempo inteiro.

–Chris sempre foi tão bom com todos, né? –Ela fala –Sinto falta das piadas –Ri fungando. –Nunca pensei que fosse sentir falta das piadas.

–Ele adorava te provocar.

–Aquele idiota egocêntrico!

Rimos juntas.

–Vamos ficar bem, Judy! Somos família. –Falo e ela me olha.

Os olhos de Judy vacilam e ficam baixos por segundos, antes de me encararem como duas órbitas cheias de água.

–Mas eu não quero ser família com Chris, Laís. –Ela me fala, com um fio de voz. –Nunca quis!

Abro a boca sem saber o que dizer.

–O que? –Pergunto, sem saber ao certo se ouvi bem.

–Sei que não deveria, mas não posso evitar. –Ela soluça. –Meu coração bate mais forte por Christian.

Ao confessar, ela cobre o rosto com as mãos, e seus ombros balançam na medida em que solta soluços.

–Oh, Judy! –A puxo para um abraço, sem saber o que dizer.

Se a Luz apagar (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora