Único; Você não precisa ter receio

25 2 4
                                    

Eu disse que não voltaria a escrever RadioApple, principalmente depois de uma certa situação que ocorreu, no entanto, cá estamos, depois de ver uma fanart do Alastor e do Lucifer com a Lilith, em que a Lilith incentiva o Alastor a se declarar ao Lucifer, que, claramente, se encontra completamente alheio aos sentimentos do Alastor.


Esta fanfic é uma continuação direta de "Dressing Up", fanfic que ocorreu após o final do ep 8 de Hazbin Hotel.

Posto isto, boa leitura <3

-----

Você sabe que ele está divorciado, certo, Alastor, meu querido?

A voz de Lilith se fez ouvir perto das orelhas de Alastor, o fazendo saltar na cadeira de bar.

O demónio da rádio estava há bastante tempo contemplando a existência de Lucifer do outro lado do balcão, enquanto ele conversava com Charlie. Eram frequentes as vezes que o ruivo se permitia parar para observar cada ação do anjo caído, que vinha sendo a causa da sua irritabilidade diária, principalmente pelas suas atitudes, muitas vezes inconsequentes; perante a sua existência e mesmo a existência do Inferno.

Na verdade, desde a batalha com Adão e o exército de exterminação, que Alastor vinha se recuperando com a ajuda dos poderes de Lucifer, o que para si ainda era extremamente estranho, já que o demónio não estava acostumado a ser cuidado. Nâo obstante, e mesmo em meio a sua marra, o Morningstar insistia em sempre invadir o seu quarto para curar aquele ferimento causado pelos poderes celestiais de Adão, trocando palavras azedas com o demónio todas as vezes, e sendo retribuído com a mesma acidez pontual de sempre, o seu sorriso sempre se tornando mais sarcástico na presença do rei demónio. No entanto, Alastor, com o passar do tempo, notava que os sorrisos sarcásticos não se tornavam apenas sarcásticos, mas sim, e por vezes eram sinceros, apenas pela visão do líder estabanado do inferno fazendo coisas bobas aos seus olhos, e que acabavam o divertindo sobremaneira.

Já Lucifer, por sua vez, não achava peculiar graça à situação, sempre se afastando de forma mimada e voltando para os seus aposentos, se isolando com os seus patinhos de borracha, tentando criar novos, mas todos os que ele vinha criando nos últimos tempos eram patinhos com formas e símbolos que o lembravam de Alastor, o que o fazia ficar ainda mais aborrecido, se jogando na cama, tentando afastar os sentimentos desnecessários que vinham se formando no seu coração.

Voltando à realidade em que Lilith ainda o encarava, Alastor se voltou na sua direção, o sorriso caraterístico espelhado no seu rosto.

Quando Lilith voltou para o inferno, percebendo o dano que poderia causar à sua família, ela decidiu desistir da colaboração com o Céu, pedindo o seu perdão para Lucifer. Ele a aceitou de volta ao inferno, embora eles tivessem pedido o divórcio tanto quanto foi possível a oportunidade, já que Lilith tinha outros interesses naquele momento, e Lucifer apenas pôde aceitar essa realidade. Não havia muito a fazer quando a mulher não tinha qualquer interesse em si, e àquele ponto, ele também já tinha perdido o sentimento amoroso pela loira. Ainda assim, Lilith estava ali como uma amiga para Lucifer, e sabia que o seu ex-marido estava gostando de Alastor, mesmo que ele não dissesse nada. Olhares eram muitas vezes o bastante, e ela conhecia demasiadamente bem o marido que um dia teve. Ele estava claramente apaixonado por aquele que dizia odiar com toda a sua força.

E para Lilith, o demónio que ansiava por liberdade, ver aqueles dois se restringindo como dois idiotas estava fazendo-a dar em louca.

— Desculpe, caríssima, como?

Alastor se pronunciou por fim, a fitando, o copo de úisque na sua mão, mas logo sendo pousada no balcão novamente. O ruivo olhou finalmente com atenção para a rainha do inferno, de sobrancelha levantada.

— Isso que ouviu, Alastor, querido. Você não precisa ter tantas questões sobre a existência dos seus sentimentos. Eu consigo sentir, sabe?

Lilith se sentou do lado dele, se servindo de uma bebida, aproveitando que apenas Alastor e ela estavam ali. Alastor manteve o sorriso cínico no rosto como sempre faiza, para depois a fitar de forma atenta.

Ela parecia saber mais do que aquilo que Alastor gostara que ela soubesse.

— Consegue sentir o quê, senhorita Lilith? Talvez esteja um tanto errada sobre as suas ilações. Sentimentos, que tipo de sentimentos?

— Você se apaixonou por Lucifer, não foi?

Alastor sentir o brilho dos seus olhos morrer, no lugar do seu sorriso que nunca se fechava.

— Eu? Por ele? Você realmente queimou os seus lindos neurónios quando esteve no céu. Muito sol na sua cabeça deve ter feito mal, não?

— Não. Eu consigo ver no fundo dos seus olhos que você realmente gosta dele. Você deveria se declarar a ele, sabe?

— Você está completamente doida, doidinha, viu? Nunca pensei que você fosse divagar dessa forma com essas ideias completamente fora da sua caixinha.

Alastor se virou de costas para ela, cruzando os braços. Ele não estava claramente disposto a admitir os seus sentimentos à ex-esposa de Lucifer. Jamais ele admitiria isso para Lucifer também. Nem por sombras.

Que ideias fora da caixinha?

Alastor e Lilith gelaram por momento, já que ouviram a voz de Lucifer. Logo Alastor se virou, encontrando a expressão curiosa do loiro deixando-os sem saber bem o que afirmar.

— Nada não, reizinho do inferno. Não coloque preocupações mundanas de um cervo na sua mente. Não se preocupe.

Alastor se levantou do banco, já caminhando para fora do hall de entrada do hotel, deixando Lilith com um sorriso demoníaco nos lábios, e Lucifer mais confuso que uma criança sem doces.

She Is, He is (RadioApple)Onde histórias criam vida. Descubra agora