Descobertas.

64 9 7
                                    

Saulo Brokman.

Laura tem razão, eu estou agindo feito um moleque idiota e ciúmento. Porra, não sei o que deu em mim para tratá-la daquela forma. Se coloque no seu lugar de secretária? Sério? O que caralho eu tinha na cabeça quando disse isso?

Não sou o tipo de homem que trata mal as mulheres, pelo contrário, trato-as com educação e respeito, mas como um idiota confuso a tratei como uma ninguém, desmerencendo sua profissão, a acusando de ser arrogante só porque ja teve um cargo alto no passado. Merda, quem eu pensava que era? Eu precisava me desculpar com ela e era isso que eu estava indo fazer nesse exato momento, dirigindo até casa dela.

Confesso que desde que soube quem era a secretária do meu pai e seria minha, a raiva me corroeu como fogo pelo meu corpo. Pensar que ela era só mais uma interesseira que descobriu quem eu era e viera atrás de mim tentar a sorte foi natural. Eu conhecia muito bem esse tipo de gente.

Confesso que Laura mexeu comigo quando a conheci naquele pub em Londres. De uma forma que nenhuma outra ja fez. Não, eu não me apaixonei a primeira vista, ou fiquei viciado com o sexo quente e gostoso, apesar de ter aproveitado cada segundo, mas sim pela forma como ela parecia tão confiante em si, independente, sexy pra cacete. Porra, a mulher parecia uma deusa, linda, consciente da sua beleza, certa do que queria naquela noite. Sem forçar nada, naturalmente sensual e divertida.

Em nenhum momento falamos sobre nós, ou ela perguntou sobre mim, quem eu era ou de onde vim. Apenas transamos como animais no cio a noite inteira e então ela fugiu na madrugada. Me senti usado. Devia ser assim que mulheres se sentiam quando eram tratadas como descartáveis, revoltadas, irritadas, vontade de esganar o infeliz. Foi o que eu senti. Passei o resto daquela semana que fiquei em Londres irritado por não saber porque saiu sem se despedir. Fui ao pub todas as noites para tentar encontrá-la até ter que voltar para NY.

Então, dois anos depois ela aparece na empresa da minha família, omitindo no currículo sobre suas experiências, sobre seu antigo trabalho, e então para completar o bolo da loucura, vem a cereja, Helena, a garotinha que é a minha cara!

Porra, eu me reconheço quando vejo. Tenho tantas fotos de mim bebê espalhadas pela casa da minha mãe que a reconheceria mesmo fantasiada. A garotinha sou eu bebê, minha cópia fiel. Se minha mãe a visse, não precisaríamos de teste de DNA, ela vai comprovar e vai querer me matar por não ter lhe apresentado a neta.

Pareço um desesperado, certo? O cara que se apaixonou na primeira sentada? Mas não é isso, eu a quero, não Laura, mas Helena. Meu sonho sempre foi ser pai. Fui criado em um família grande, cinco irmãos, tios e muitos primos. Agora tenho seis sobrinhos. Sempre estive rodeado de pessoas alegres e felizes, pessoas que me amaram incondicionalmente, apoio nunca faltou, ou amor dentro da minha casa.

É claro que haviam diferenças, que de vez em quando discordavamos de algo, mas nunca brigamos seriamente. Nunca ficamos separados por brigas.

Minha mãe foi a melhor mãe do mundo, criou seis filhos com muito amor e cuidado. Ela sozinha cuidou dos filhos, sem ajuda de babá. Nos ensinou valores, sobre a importância das coisas simples que o dinheiro não podia comprar, principalmente o respeito com o outro, a lealdade e o comprometimento. Mesmo que nossa família fosse bilionária.

Minha mãe era fora dos padrões, é uma mulher simples e de sorriso fácil, nunca deixou que o dinheiro subisse a sua cabeça, mesmo vindo de um família pobre, desestruturada, com pais separados e sendo criada praticamente sozinha, a mãe que vendia o corpo por dinheiro e o pai a abandonou aos nove anos, mesmo assim ela continuou sendo humilde e se dizia realizada por poder criar os filhos e lhes dar o amor que não teve. Meu pai a adora, ela é seu maior tesouro.

Meu Pequeno Milagre Onde histórias criam vida. Descubra agora