INSANIA [Jason ToddxOc]

CAPÍTULO 2

[4 anos antes]

Era o aniversário de 12 anos de Keira Rose Thorn, para crianças da sua idade era um dia de alegria e comemoração, dia de se divertir e pensar se ganharia aquele brinquedo que vinha pedindo aos pais desde o ano anterior, mas para Keira não era assim.

Desde que nasceu, Keira não lembrava de já ter sentido alegria ou felicidade em algum momento, e em seu aniversário não foi diferente. Keira não se lembrava de já ter visto o mundo lá fora, sempre viveu ali, naquele quarto frio e subterrâneo, onde suas únicas companhias eram as mulheres encarregadas de cuidar da garota, mas que por algum motivo que Keira desconhecia, depois de um tempo elas eram substituídas por outras, Keira se lembrava de algumas, Grace, que brincava com ela quando tinha quatro anos, e que depois de certo tempo foi substituída por Meredith, que também sumiu e deu lugar a Amélia.

Muitas surgiram ao longo dos anos, mas Keira parou de memorizar seus nomes, aprendeu a não se apegar pois sabia que logo elas a deixariam.

Como todas as noites naquela seita, Keira recebeu seu jantar, e logo depois foi para a cama, não sabia o que faziam lá em cima mas normalmente não faziam tanto barulho quanto agora, havia gritos, “Fogo!” Ouviu a voz que imaginou ser do Sacerdote Roberts gritar, e de repente ouviu a porta foi destrancada. Uma pequena fresta se abriu, e ela pôde sentir o cheiro da fumaça vinda do andar de cima, levantou-se e correu escada a cima, não podia perder a oportunidade de sair daquele lugar sufocante.

Ao chegar lá em cima haviam pessoas caídas sufocadas pela fumaça sendo consumidas pelo fogo. Cheirava mal. As paredes ardiam em chamas que também estavam por todo o chão, Keira ficou paralisada por um momento, mas então as chamas que estavam em frente aos seus pés começaram a se abrir e dar-lhe passagem pelo corredor. Ao chegar na sala seguinte onde haviam pessoas correndo em meio ao caos, e crianças assim como Keira aproveitando o momento para correr rumo a sua tão sonhada liberdade enquanto seus opressores definhavam no chão experimentando uma pequena amostra do que viria a ser sua eternidade no inferno, surgiu a sua frente uma figura misteriosa, um homem, loiro como ela, mas que sem dúvida estava bem mais calmo que ela, usava um terno cinza, e sua energia emanava tranquilidade, ofuscando a sensação de pânico passada pelos membros agora carbonizados da seita.

— Rose… não tenha medo. Venha comigo. — Ele ofereceu a ela sua mão, a qual ela segurou enquanto ele a guiava para fora da construção em chamas.

Ele a levou até o lado de fora enquanto o local, que agora era visível ser uma antiga catedral construída com madeira, queimava como uma enorme fogueira.

— Espere aqui, não se afaste muito. — O homem disse soltando sua mão e deixando-a de pé no gramado enquanto se afastava.

A garota não esperou muito para ver se ele voltaria. Supôs que ele a deixaria como todos faziam. O gramado úmido em seus pés descalços proporcionava uma sensação diferente do que estava acostumada, e ela decidiu que gostava disso, caminhou pelo gramado aproveitando a nova sensação de ter o vento noturno batendo em seu rosto, mas sem esquecer-se do que o homem disse, “não se afaste muito”.

Nova Jersey possui muitas belas cidades, mas poucos sabem o que acontece por baixo dos panos, a seita criada e dirigida por Henry Roberts, suposto sacerdote, vinha sendo estudada a muitos meses por uma figura a quem os habitantes das sombras conheciam bem, alguém que Roberts temia encontrar pois significaria o fim do seu plano mestre, a dominação mundial através de filhos de demônios, iria por água a baixo. Quem seria essa misteriosa figura? John Constantine, é claro.

John daria fim aquela seita na noite do dia 30 de outubro, mas claro, não faria isso sozinho. Estava em Nova Jersey, a poucos quilômetros de um velho amigo que não se recusou a ajudá-lo mesmo depois do feiticeiro invadir sua batcaverna.