Nas Mãos de Lando

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Na manhã seguinte, Aurora abriu os olhos devagar, ainda meio sonolenta, ajustando-se à luz suave que invadia o quarto. Ela piscou algumas vezes, tentando entender o ambiente ao seu redor, e foi quando a memória da noite anterior voltou com força total. Ela se recordou da presença de Lando, da proximidade com Ollie, e de como o trio tinha ficado junto na cama, algo que, no calor do momento, parecia natural, mas agora lhe trazia uma pontada de arrependimento.

Sentindo o peso dessas emoções, Aurora percebeu que estava sozinha. Lando já havia ido embora, e o som suave da água indicava que Ollie estava no banheiro, aparentemente terminando de tomar banho. Ela ficou imóvel por alguns instantes, refletindo sobre o que sentia, e percebeu uma mistura estranha de culpa e confusão.

O som da porta do banheiro se abrindo trouxe-a de volta à realidade, e, ao levantar o olhar, viu Ollie parado ali, ajeitando o cabelo molhado com uma toalha e pegando outra camisa para vestir. Ele ainda não tinha notado que ela estava acordada.

O coração dela deu um leve salto, mas ao mesmo tempo, algo em seu interior apertava. As memórias do relacionamento e do rompimento doloroso voltavam com uma intensidade desconfortável. Ela se perguntava se permitir aquela proximidade novamente tinha sido um erro, uma tentativa de reviver algo que talvez nunca fosse ser o mesmo.

Ollie, ao perceber que Aurora estava desperta, parou, lançando-lhe um olhar suave, quase hesitante, como se também não soubesse exatamente como abordar o momento. Ele parecia mais descontraído, talvez aliviado pelo que haviam compartilhado, mas Aurora tinha dificuldade em interpretar seus próprios sentimentos.

"Bom dia..." ele disse em voz baixa, um leve sorriso se formando em seus lábios.

Aurora forçou um sorriso, respondendo com um "bom dia" suave, porém sem a mesma empolgação. Por dentro, ela lutava para esconder o arrependimento que a dominava.

Ollie a observou em silêncio por um instante, talvez sentindo a hesitação em seus olhos. Ele se aproximou devagar, sentando-se ao lado dela na cama.

"Você tá bem?" ele perguntou, com uma preocupação genuína na voz.

Ela desviou o olhar, respirando fundo antes de responder. "Eu... acho que ontem à noite... talvez tenha sido um pouco demais," admitiu, em um tom de voz quase inaudível.

Ele franziu o cenho, parecendo surpreso, mas respeitou o momento dela, mantendo a calma. "Entendo. Eu não queria te pressionar, Aurora. Só quero que você saiba que, para mim, foi especial. Mas, se você sente que precisa de espaço..."

A honestidade dele a pegou desprevenida. Havia um cuidado nas palavras de Ollie, uma compreensão que ela não esperava, e isso mexeu ainda mais com os sentimentos conflitantes dentro dela. Parte dela queria continuar com aquela proximidade, mas outra parte, mais racional, sabia que tinha medo de se machucar novamente.

"Eu só... preciso de um tempo para entender o que eu realmente quero, Ollie," ela confessou, o olhar finalmente se encontrando com o dele. Ollie assentiu, respeitando o pedido dela.

"Tudo bem. Estou aqui para o que você precisar, Aurora," ele respondeu com suavidade, antes de dar um leve beijo em sua testa. Ela fechou os olhos ao sentir o toque, dividida entre o desejo e o medo, enquanto Ollie se levantava, respeitando o espaço que ela havia pedido.

Ela o observou sair, e uma onda de pensamentos e emoções inundou sua mente. Por mais que tivesse arrependimentos, ela sabia que precisaria de coragem para enfrentar o que realmente sentia e descobrir o que o futuro lhes reservava.

Assim que Ollie saiu, Aurora sentiu um aperto no peito. Os sentimentos conflitantes, as dúvidas e a saudade do que eles haviam compartilhado pareciam mais intensos agora. Incapaz de conter as emoções, seus olhos começaram a marejar, e ela rapidamente se levantou, deixando o quarto e indo para o seu próprio, em busca de um espaço onde pudesse se recompor.

Quando fechou a porta atrás de si, Aurora deslizou pela parede até se sentar no chão. Era difícil conter as lágrimas que ameaçavam cair, e, finalmente, ela permitiu que elas escorressem silenciosamente por seu rosto. O peso das lembranças e das expectativas do que eles poderiam ter sido parecia esmagador.

Com cada lágrima que caía, Aurora sentia a necessidade de entender o que queria de verdade, de decidir se estava pronta para enfrentar tudo o que estar com Ollie significava. Ela sabia que ele se importava, sabia que ele estava ali, disposto a esperá-la. Mas ela também sabia o quanto tinha sofrido antes e o quanto temia se machucar novamente.

Depois de um tempo, Aurora se levantou e foi até a cama, deitando-se e tentando acalmar a mente. Fechou os olhos e respirou fundo, decidida a buscar clareza e forças para enfrentar o que viesse.

Na sorveteria, Aurora se via finalmente relaxada, sentada entre Lando e Charles. Depois de tudo o que acontecera, o ambiente leve e descontraído dos amigos parecia um pequeno refúgio. Max e Carlos estavam do outro lado da mesa, discutindo fervorosamente sobre os melhores sabores de sorvete, com Max defendendo o clássico de chocolate e Carlos jurando que o de pistache era incomparável.

Aurora riu das discussões acaloradas dos dois, e Charles se inclinou para ela, apontando disfarçadamente para o sorvete de morango em sua mão. "Nunca pensei que fosse ver alguém escolher algo tão simples como morango em uma sorveteria tão famosa. Decepcionante," provocou, sorrindo.

Ela deu de ombros, entrando no clima. "Eu gosto do clássico," respondeu, levando uma colherada à boca e lançando um olhar desafiador a ele. Lando riu ao lado dela, e Max fez questão de interromper a conversa com uma leve cutucada, adicionando: "Sabe, Aurora, eu poderia ter te levado para experimentar o de chocolate com pimenta. Vai mudar sua vida."

Ela balançou a cabeça, ainda sorrindo. "Vou manter o morango por enquanto, obrigada."

A tarde prosseguiu assim, com risadas e comentários descontraídos. Em um ponto, Lando, que sempre parecia notar quando algo estava fora do lugar, deu-lhe um empurrãozinho suave no ombro e perguntou: "E aí, está tudo bem? Sei que as últimas semanas não foram fáceis."

Aurora hesitou, mas ao ver a sinceridade nos olhos de Lando, sentiu-se confortável em responder. "Acho que só estou tentando encontrar meu equilíbrio de novo," admitiu baixinho, quase como se estivesse confessando a si mesma.

Lando assentiu com compreensão e deixou que o silêncio se estabelecesse, dando-lhe o espaço para sentir o que precisava sentir. Ela sabia que podia contar com ele, e a presença reconfortante dele ao seu lado a fez perceber que, mesmo em meio ao caos, havia momentos de paz como aquele.

Ao saírem da sorveteria, todos foram para um passeio pelas ruas, conversando sobre o próximo Grande Prêmio e suas expectativas. Aurora se sentiu grata por aquela tarde com amigos, e, ao final, com a noite caindo e o grupo se despedindo, ela sabia que precisava desses momentos de leveza para recarregar as energias e enfrentar o que viesse pela frente.

Enquanto caminhavam pelas ruas, Charles lançou uma provocação para Aurora, com um sorriso travesso: "Então, Aurora, acha que consegue me bater no próximo GP? Porque pelo que eu vi, vai precisar de um pouco mais de treino." Ele piscou, e Aurora fez uma careta fingindo irritação.

Antes que ela pudesse responder, Lando já estava em ação. "É isso que dá provocar a dama de gelo!" exclamou, pegando Aurora no colo de repente. Sem aviso, ele saiu correndo pela rua com ela nos braços, deixando Charles e os outros rindo e surpresos.

Aurora começou a rir alto, segurando-se firme enquanto Lando a carregava apressado. "Lando! Para com isso!" disse ela, tentando conter a risada entre as palavras.

"Ah, não! Isso é por ser tão orgulhosa," brincou Lando. Ele continuou correndo, passando por algumas pessoas na calçada que olhavam a cena divertida. "Vamos ver se você continua tão convencida depois disso," acrescentou.

Eles pararam apenas quando Lando ficou sem fôlego, ainda com Aurora nos braços. Ele a colocou no chão com cuidado, ambos rindo sem parar, enquanto Charles e os outros os alcançavam logo em seguida.

"Tá vendo? Só uma boa corrida para lembrar que você é humana," Lando disse, ainda rindo. Aurora deu-lhe um leve soco no ombro, mas seu sorriso mostrava que ela apreciava a brincadeira e a companhia dos amigos.

"Vocês são uma peça," disse Max, com uma risada, e Carlos acrescentou: "Acho que vocês deveriam fazer isso toda semana antes das corridas."

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⏰ Última atualização: Nov 11 ⏰

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Acelerando Corações - Oliver BearmanOnde histórias criam vida. Descubra agora