अट्ठाईस।. - Fogo e Norte.

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A gente estava ali, na praça da batalha da Norte, e Jorge parecia totalmente à vontade. Ele tinha aquele jeito que naturalmente chamava atenção, blusa preta, corrente fina de prata, as tranças lindas como sempre, postura ereta, mãos na minha cintura e um olhar atento. Eu estava ali apenas para vê-lo rimar, não estava no clima de batalha mas estava meio tranquila, até que uma cena começou a se desenrolar na minha frente e me tirou o sossego.

Uma mulher alta, cabelo longo, pele morena e um olhar direto, se aproximou do grupo. No instante em que trocou olhares com o Jorge, senti o clima mudar. Ela sorriu de canto, confiante.

- Achei que não te encontraria mais, Jorge. Mundo pequeno.  - disse, sem disfarçar um sorriso cheio de segundas intenções e eu rapidamente entendi o recado

Sua voz fina e estridente ecoou os meus ouvidos como se fosse um único acorde agudo.
Nunca fui de me comparar com outras pessoas ou mulheres mas confesso que a presença dela ali me incomodava, e muito.

Ele respondeu com um meio sorriso, a postura claramente um pouco desconfortável. Suas mãos apertaram minha cintura e os outros homens me olharam atentos, como se quisessem falar algo mas não podiam naquele momento.

- Ah mano, sabe como é, né? As coisas mudam e você sempre soube que eu rimo aqui, nenhuma novidade. - ele respondeu, em um tom neutro mas agressivo

Ela soltou um risinho, mas logo me notou. Veio com aquele olhar de julgamento, e eu não podia deixar barato.

- Satisfação, Kieza. - estendi a mão com um sorriso firme, percebendo Jorge dar um risinho acima do meu ombro

- Jade. - ela respondeu, apertando minha mão sem desviar os olhos. - então, você tá acompanhando o Jorge hoje?

Olhando direto pra ele, eu soltei, mantendo o tom leve.

- Aham, ele tem andado meio perdido nas batalhas, né? Vim garantir que ele fica no caminho certo. - lancei um olhar divertido pro Jorge

Ele riu e passou o braço pela minha cintura, me puxando mais pra perto. A expressão dela que antes era de confiança, por um momento se desmanchou.

- Aya sempre sabe cuidar de mim. Nem sei o que faria sem ela - disse ele, com um sorriso tranquilo e meu coração bateu mais forte

Ali pude notar que ele tinha acertado em cheio nas intenções dela, quase uma punchline; tanto que os meninos arregalaram os olhos e começaram a prender a risada.

Jade, ainda cruzando os braços, lançou um olhar que misturava curiosidade e provocação, como se tentasse entender o que havia entre nós.

- Que sorte... — ela disse, com uma leve provocação na voz

Jorge deu uma risada baixa e olhou para mim, cheio de um orgulho tranquilo. Eu sabia que ele não ia fugir daquele comentário, mas também que não ia jogar nada na cara dela.

- Tem gente que brota do nada e faz mó' diferença, enquanto tem outras de mó' cota que nunca fez porra nehuma. — ele disse, soltando uma indireta pra ela e olhou para mim sorrindo

Senti um calor subindo pelo rosto. Jade claramente entendeu a mensagem e, com um sorrisinho discreto, deu dois passos pra trás.

- Bom, foi bom ver vocês… Se cuidem. - Ela lançou um último olhar para o Jorge e saiu, desaparecendo entre o público

Quando ela se afastou, Jorge me olhou com um sorriso malicioso.

- Falei só verdades, tô' sem paciência pra ela.

Revirei os olhos, mas dei uma risada.

- Se você gaguejasse com certeza perdia o seu próprio emprego, iria te zoar pra sempre.

RETALHOS - BaskOnde histórias criam vida. Descubra agora