Onde Júlia consegue um estágio na Supernova, mas um certo japa tatuado se torna seu maior desafio.
"De canto, não quero destacar, ganho que cê já ficou na minha. Mas um moleque bom como eu, é muito bom de ler entrelinhas"
Julia Kaminari era uma garo...
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Kaminari pov:
Hoje foi mais um daqueles dias que me peguei pensando em como minha vida mudou em tão pouco tempo. Estou sentada no chão do meu apartamento, cercada por caixas e embalagens, gravando um vídeo de recebidos para o Instagram. A loja que me enviou essa caixa caprichou muito, então resolvi fazer um vídeo caprichado para retribuir o carinho e também pra que minhas seguidoras gostem. Agora que a galera está tão envolvida com tudo o que eu posto, preciso mais do que nunca dar o meu melhor pra que isso não seja só um hobbie e se torne mesmo uma profissão, mudando minha vida e de minha família.
Há pouco tempo, eu era só mais uma garota postando vídeos aleatórios dos meus "Get Ready With Me" no TikTok, sem esperar nada além de diversão. Mas quem diria que meus humores – e aquele sarcasmo básico de sempre – fossem ser o suficiente para o público se identificar. Agora, com mais de 90 mil seguidores no TikTok e 70 mil no Instagram, parece que ganhei uma verdadeira "família" online. E, de quebra, também uma nova vida pra mim e pra minha família.
Acabei de pegar a chave da minha casa nova e ainda não consigo acreditar que uma "brincadeira" me fez chegar a esse ponto. Não é como se eu estivesse "rica" ou coisa do tipo, mas só a grana que consegui com a monetização dos vídeos que viralizaram e algumas parcerias, já me faziam bancar minhas coisas, ajudar em casa e ainda ter conseguido mudar pra finalmente minha casa própria ... é surreal. Aqui é bem mais aconchegante, e vou conseguir fazer meu cantinho de gravar exatamente do jeito que eu queria. Mas, claro, ainda tem muita coisa pra melhorar, principalmente na decoração. Até pensei em comprar uns quadros novos, uma mesinha de centro, uns trecos na shein, sabe? Só que a grana ainda não tá constante.
Monetizei alguns vídeos que bombaram e já fiz umas parcerias, como essa que estou gravando agora, mas ainda não é uma coisa que dá pra depender...Influenciar é uma caixinha de surpresas, então sempre fico pensando que preciso encontrar uma forma de tornar isso mais fixo.
Por isso as mil entrevistas que eu tinha feito e 4 mil currículos entregues, resultaram no e-mail que recebi hoje. Fiquei tão nervosa que quase derrubei o celular! Era da Produtora Supernova, confirmando a minha aprovação! A Supernova! Eu até reli pra ter certeza de que era real. Parece um sonho... esse é o tipo de coisa que pode mudar tudo pra mim. Trabalhar nessa produtora seria a chave pra muitas portas que eu andava tentando abrir. Eu admirava muito ela, e sabia que nela estavam artistas que eu admirava muito e sonhava em conhecer, fora que o salário era ótimo.
Segurei a emoção o máximo que pude, mas confesso que dei uns gritos de felicidade! Agora, mais do que nunca, é hora de me jogar de cabeça nisso e mostrar o meu melhor. Até porque naquele mesmo dia eu já iria a empresa iniciar o trabalho.
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Ghard pov:
Estávamos na casa do Thiago, como de costume, terminando de nos arrumar pra ir pra gravadora. Na TV, passava "Todo Mundo Odeia o Chris", e a gente rachava de rir das piadas, como sempre. Mas hoje o assunto era outro. A Supernova ia ter uma "funcionária" nova – uma garota, estagiária. Ninguém ali estava acostumado com essa ideia, então a discussão estava rolando solta.
— Tá me dizendo que uma garota aleatória mandou um e-mail pra produtora pedindo um estágio, e você e o Nagali simplesmente acharam que era uma ideia fantástica? — perguntei, quase incrédulo, olhando pro Veigh, que tava mais interessado no celular do que em me responder.
— Cara, viado — ele respondeu, ainda rindo. — Não vou negar que é loucura, mas eu achei genial de verdade.
O G.A deu uma risada debochada.
— Ela é bonita? Porque, assim, tem outros jeitos de sair com uma fã sem precisar dar um emprego pra ela.
Niink, que estava quieto até então, entrou na conversa com uma cara de quem sabia mais do que falava.
— Disso você entende, né, G.A? Vive pegando fã...
— Calúnia isso aí. Quem me viu, mentiu. — G.A respondeu com uma cara de falso santo, o que fez a gente rir. Todo mundo sabia do histórico dele. O cara era uma lenda quando o assunto era "pegar fã depois do show".
Veigh riu e olhou de novo pro celular.
— Bom, eu vi pouco dela, só uns vídeos nas redes, mas a gente tá contratando porque ela tem um currículo forte pra alguém com só 18 anos. E, mano, nunca teve alguém que mandou e-mail diretamente pra produtora pedindo estágio. Sabe o quanto isso é raro?
18 anos? estamos contratando um bebê???
— Vocês são malucos. — Suspirei, já meio intrigado. — Ela vai fazer o quê lá? Ela canta? É tipo um lançamento independente ou vai entrar pro grupo?
Veigh negou com a cabeça.
— Nada disso. Vai pro administrativo, ajudar com a organização dos shows, contratos, essas paradas. Vai ser tipo uma mão extra na parte chata, sabe? Mas, se for legal e carismática como parece nos vídeos, vai colar com a gente.
Não pude evitar de ficar curioso. Pessoas novas eram sempre suspeitas. Não que eu tivesse nada contra essa garota, nem a conhecia. Mas sempre fui reservado com quem entrava no meu círculo. Com os moleques, eu era palhaço, falava besteira e era um de boa. Mas com alguém novo... era outra história. E agora, essa tal de Julia Kaminari ia fazer parte da nossa rotina?
Logo Thiago trocou o canal da TV, mas minha cabeça já estava em outro lugar.
