Eu já não sabia mais quanto tempo tinha passado. O silêncio e o vazio dessa sala apertada me deixavam inquieta, mas o que mais me atormentava era a fome crescente, queimando como um buraco no estômago. Olhei de novo para o relógio no meu pulso: 14:23.
Oito horas trancada nesse lugar... e nada além das paredes frias ao meu redor.
A janela era alta e protegida por grades; tentei alcançá-la, mas não adiantou. Eu já tinha gritado por ajuda até a minha voz enfraquecer, mas ninguém pareceu ouvir. Agora, eu só conseguia pensar na sensação da fome, a cabeça latejando e o corpo exausto.
Será que alguém tinha notado minha ausência? Minhas esperanças começavam a se misturar com o cansaço, e a ideia de ficar aqui por mais tempo me deixava ainda mais ansiosa.
O barulho da fechadura destrancando me tirou do transe causado pela fome e pela raiva acumulada. Olhei para a porta, e ali estava ele - Jungkook, parado, como se não fosse nada demais eu ter passado todo esse tempo trancada.
Num impulso de pura frustração, corri até ele sem pensar duas vezes. Jungkook não teve tempo de reagir. Joguei-me contra ele com força, e ambos caímos no chão. A adrenalina tomou conta, e comecei a batê-lo, meus punhos acertando seu peito e ombros, liberando cada grama de raiva e desespero que senti durante aquelas horas.
-Você tem noção do que acabou de fazer seu idiota?- falei gritando.
Jungkook me jogou para o lado com um movimento rápido, sua expressão mudando para algo mais sombrio enquanto me encarava fixamente.
-Isso é só o começo- ele disse com a voz baixa, mas cheia de intenção, quase desafiador.
Levantei-me, sentindo a raiva voltar ainda mais forte, e soltei sem pensar:
-Você é uma criança, é isso? Vai crescer, seu moleque!
Ele apenas sorriu de lado, aquele sorriso provocador que me deixava ainda mais irritada, e cruzou os braços, como se estivesse se divertindo com o meu descontrole.
Sentindo o corpo fraco e o estômago vazio, ainda tentando processar a raiva e o alívio por finalmente estar livre. Encarei Jungkook, que continuava a me observar com aquele ar desafiador.
-Jungkook, eu fiquei trancada aí dentro por oito horas-disse, a voz falhando entre a irritação e o cansaço- eu não comi nada esse tempo todo! Tô fraca! Você já pensou se algo tivesse acontecido comigo, seu louco?
Só suspirou, desviando o olhar por um instante antes de cruzar os braços, o semblante sério. Eu esperava alguma resposta, talvez até uma desculpa, mas o silêncio dele apenas me deixou mais furiosa.
-O que você quer, então? Me testar? Me deixar com raiva?- Perguntei, exasperada. Ele finalmente me olhou, os olhos intensos e sem qualquer arrependimento aparente.
-Talvez eu só quisesse ver até onde você aguenta- ele respondeu, com uma voz baixa e fria, como se fosse um jogo.
Antes que eu pudesse responder, Taehyung apareceu, seu olhar passando de Jungkook para mim, claramente tentando entender a situação. Ele me olhou da cabeça aos pés, franzindo o cenho.
-O que tá fazendo aqui com essa menina? Eu te procurei por toda parte! O doutor Park está te procurando,-disse Taehyung, a expressão meio impaciente, meio preocupada.
Jungkook soltou um suspiro, e antes de ir embora, me olhou mais uma vez, os olhos fixos nos meus, com um brilho intenso que me deixou ainda mais irritada. -Isso não terminou- ele murmurou, a voz baixa e ameaçadora. Em seguida, virou-se e foi embora com Taehyung, me deixando sozinha.
"Maldito," sussurrei, frustrada e cansada. Respirei fundo e saí da escola, sentindo o corpo exausto e faminto. A única coisa em que eu conseguia pensar agora era chegar no meu trabalho o mais rápido possível e encontrar algo para comer.
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Hierarchy
Teen FictionA história se passa em uma das escolas mais renomadas da Coreia, onde a elite da sociedade coreana envia seus filhos para receber a melhor educação. Nesta escola, existe uma hierarquia bem estabelecida, onde os alunos mais populares e influentes ocu...