Saturno

Cap 9

Gaby

A partir do momento que sai do morro com o Braga minha vida simplesmente se tornou um inferno, eu não tinha pra onde ir, não tinha como fugir e muito menos tinha escolha, só Deus sabe quantas noites eu passei chorando, quantas vezes eu pedi pra que Deus me tirasse dessa vida, quantas vezes senti saudade do meu filho e chorei ao ponto de sentir dor física, eu me via no fundo daquele poço e pior não via saída.

Desde que chegamos a São Paulo o Braga não me deixava esquecer sequer um dia do que eu tinha deixado pra trás, ele me torturava ,me batia, estuprava, me fazia usar drogas contra minha própria vontade ele me tratava como um animal, cerca de três anos atrás o Braga começou a enlouquecer ele via coisas que não existiam ficava falando que o Kito estava atrás dele e que meu filho assombrava ele então ele começou a procurar tentou de toda maneira saber o que tinha acontecido após a invasão e assim eu também iniciei meus planos, a única coisa que o Braga me deixava fazer era faculdade consegui me formar em psicologia comecei a trabalhar e a juntar dinheiro pra sair daquele lugar mas eu sabia que a única maneira de sair dali era matando Braga, confesso que eu não tinha essa frieza, eu não tinha essa coragem e eu lutei muito contra os meus princípios pra fazer o que eu fiz, ano passado precisei ir na boca para pedir ao Braga se eu podia ir a um evento de psicologia, por um acaso antes de entrar na sala ouvir o Braga falando com um dos seus capangas, ele dizia saber onde meu filho estava estudando e que dentro de um mês ia  arrumar um sequestro pra matar ele e o Kito, diante da situação tomei a decisão de que acabaria com ele antes dele matar meu filho.

O Braga já estava no estágio muito avançado de dependente químico então eu apenas unir o útil ao agradável, em dia de baile o Braga sempre chegava em casa muito desnorteado e nesse dia não foi diferente ele chegou em casa subiu pro quarto, ao lado

da cama tinha uma mesinha ele fez uma carreira de pó e cheirou, deitou na cama travado e eu aproveitei subi em cima dele e com uma seringa apliquei mais uma boa quantidade de cocaína na boca dele foram questões de minutos pra ele começar a ter uma overdose, esperei cerca de meia hora verifiquei o pulso e já estava quase sem vida, só então comecei a gritar fingindo estar desesperada e esperei que alguém aparecesse fui lá fora chamando os meninos que ficavam na guarda da casa eles entraram desesperados, fingir estar desesperada também, comecei a chorar entrando no papel de mulher que perdeu o marido, foram meses até o Pcc me liberar para seguir minha vida meses fingindo sentir algo além de alívio com a morte daquele desgraçado, até que a 3 meses atrás fui liberada e voltei pro rio, fui fazer uma entrevista numa escola onde conheci a Eduarda, ela dá aulas em uma escola infantil mais tava procurando um trabalho extra ela me disse que morava na rocinha e eu me atentei na hora vai que ela conhecia eles aliás certeza que conhecia, ela me disse que a tia de um aluno precisava urgente de uma psicóloga e disse que passaria meu contato, no dia acabou que eu não consegui a vaga de emprego mais no outro dia uma senhora entrou em contato comigo naquele tempo eu mesma fazia minha agenda e quando peguei os dados da paciente eu quase caí, era a Ângel mais eu me contive, eu me mudei pro rio com o foco de ir atrás do meu filho e eu iria mais eu precisava de um emprego eu trouxe uma grana e pra falar a verdade eu tenho muito dinheiro mais não é meu é do Braga, só depois da morte dele eu descobri que o desgraçado deixou tudo pro Antony, casas, carros, motos e até um Iate, mais isso só será usado se um dia o Tony quiser depois de saber toda a história, não planejo mentir pra ele, não vou enfeitar a história irei contar tudo e se ele achar que deve ficar com os bens vou apoiá-lo.

Agora ...

Chego em casa cansada do trabalho e vejo a Marisa com a neném no colo

Gaby - Oi amor, você sentiu minha falta ?

Pergunto olhando a Cecília com aquele olhão verde me encarando  pego ela no colo dando um cheiro no pescocinho dela

Marisa - Ela sentiu bastante, chorou o dia todo e quase não dormiu, dei até um chazinho de maracujá pra ela e agora ela se acalmou

Gaby - ah Marisa obrigada, não sei o que faria sem você, pode ir pra casa descansar eu me atrasei um pouco por causa do trânsito

Me despeço da Marisa e subo com a neném que já está tomada banho, acalmem o coração a Cecília é filha do Braga com uma das amantes dele, a Júlia mãe da Cecília era novinha tinha 17 anos o Braga a forçava a ter relações com ele quando ela engravidou o Braga odiou a história ele bateu nela e só por um milagre não a matou, ela odiava o Braga tanto que quando ele morreu, e o PCC soube que o Braga morreu de overdose induzida ela foi levada pro tribunal do crime no meu lugar e mataram ela, como ela não tinha ninguém e a Cecília tinha acabado de nascer, fiquei com ela como forma de me redimir dessa culpa que eu vou carregar pro resto da minha vida.