QUATORZE

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Jungkook estava entorpecido. Pouco de sua consciência ainda sobrava para que ele pudesse agir.

Hobi era um sádico e o estava torturando com um taser. Sua risada era tão aguda que ficaria na cabeça de Jungkook por semanas.

- Qual é! Vai falar que isso é tudo que você aguenta? Não vejo a hora de Charli chegar pra ele mesmo te entregar. Vão decapitar sua cabeça e colocar no topo da mansão do Mukesh como aviso pra nunca mais enganar um magnata indiano... Os próximos são seus irmãos.

Jungkook estava poupando sua energia enquanto pensava no que iria fazer. As cordas que o prendiam na cadeira já estavam mais frouxas e ele só precisava de um pouco de tempo para que conseguisse se soltar.

Ele não sabia onde estava, não sabia o tamanho do local, mas preferia morrer ali tentando sair do que ser levado à torturas mais severas na índia.

Namjoon apareceu na porta, olhou com desgosto para o garoto e chamou Hobi com a cabeça, o deixando sozinho. Não conseguiu escutar mais nada depois que a porta foi fechada e por isso começou a analisar o local.

Era uma cela antiga, feita de concreto, sem acabamento e bem velha. Musgo por todo o local, pouca luz e uma janela pequena com luz fraca, o que permitiu saber que ainda era noite, então não havia passado muito tempo que estava ali.

Ele se lembrava de uma antiga prisão abandonada com celas parecidas como aquela em um de seus reconhecimentos de mapa, então tinha uma leve ideia de que estavam a mais ou menos doze quilômetros da cidade.

Jungkook começou a movimentar suas mãos de forma circular em direções contrárias e quando viu que estava frouxa o suficiente, utilizou parte do metal antigo da própria cadeira enferrujada fazendo fricção com o último pingo de força que tinha para cortar um único pedaço.

Com suas mãos livres, ele se levantou e foi até a porta que tinha uma viseira e olhou para fora. Era um corredor cheio de celas. Então estava mesmo numa prisão.

Ele se abaixou e tirou um de seus coturnos, tirando de lá um mini rastreador e acionou um sinalizador interno. Correu até a janela e jogou para fora, torcendo para que caísse em alguma área que não o danificasse.

Ele começou a ouvir um barulho de longe. Se apressou em sentar na cadeira, tocar na sola de seu sapato e abrir um compartimento secreto que continha uma agulha de 1 mL de adrenalina, colocando de forma estratégica em sua meia e voltando a posição em que estava antes, dando um nó frouxo para que não percebessem.

A porta de abriu logo depois, Jungkook abaixou sua cabeça como se estivesse inconsciente e ficou alerta.

- Vamos descê-lo. O show começa já já.

[...]

Taehyung sentia seu corpo pesado. Era como se estivesse com o maior sono de sua vida, mas sentia mãos em seu corpo, sem identificar ao certo o que queriam fazer.


Somente quando sentiu uma picada em seu antebraço que acordou como se uma corrente elétrica estivesse passando por todo seu corpo. Ele olhou em volta sem entender, se mexendo até perceber que estava preso à uma cadeira envolto numa corda.

Quando ele conseguiu focar, viu dois rapazes, aparentemente o que o havia capturado e um outro, um pouco mais alto. Eles estavam sem máscara, mas com as vestes iguais e o maior deles segurava uma pistola com silenciador. De um certo ângulo, parecia com Jungkook, já o outro tinha traços mais distantes.

- Se vão me matar, façam isso logo. - Falou Taehyung.

- Olha, eu não disse sério sobre aquilo, só fizemos isso por precaução. Eles iriam atrás de você logo mais. - O de traços mais distantes falou, então Taehyung soube que foi ele quem o capturou no apartamento.

- Então o que querem? Você estava com Jungkook, não é? Eu não tenho mais de onde tirar dinheiro.

- Nosso irmão vale mais do que dinheiro. - O mais alto falou. - Não vamos deixá-lo morrer, assim como você. Ele não iria nos perdoar se te deixássemos ser capturado ou se te matássemos.

- Então vão deixar ele mesmo acabar comigo, é isso?

- Se ele quisesse mesmo acabar com você, teria feito isso algumas semanas atrás, mas ele arriscou a vida tentando salvar sua irmã, não posso dizer que entendo o porquê, mas também não posso julgá-lo. - Jin se lembrou da época em que fez praticamente o mesmo.

- Então o que querem?

- Te deixaremos aqui enquanto pensamos em como vamos salvá-lo. Aí depois você pode fazer o que quiser, mas antes, quero que saiba que só estamos fazendo tudo isso porque se não morreríamos. Eu me apaixonei por alguém que eu deveria ter matado anos atrás e tivemos que pagar as consequências. - Jin suspirou fundo e guardou sua arma. - Jeon tomou a frente de ir resolver a minha merda e achou Charli Random, que poderia solucionar boa parte de nossos problemas, mas agora que se apaixonou por você e foi descoberto, é só mais um que quer nossas cabeças e te garanto que nesse exato momento ele está indo executar meu irmão.

Taehyung estava tentando processar tudo aquilo e por mais que quisesse sentir raiva, não conseguia.

"Jeon". Pelo modo como falou, era com certeza de Jungkook.

"Se apaixonou por você". Então ele realmente havia se arrependido? Então porque não o ajudou a reverter a situação?

Taehyung o encarou surpreso quando se deu conta das outras informações. Como ele havia filtrado esse nome sem se tocar? É claro. Charli Random. Ele estava morto, mas ele havia sido o responsável pela morte de seu pai e por mudar vida inteira de Taehyung de um dia pra noite, então como ele estaria envolvido naquilo?

- O que quis dizer com Charli Random indo executar Jungkook? Ele está morto. Ele foi o responsável pela morte do meu pai.

- Ah, isso. Ele está bem vivo e agindo por trás de tudo e foi ele quem contratou Jungkook e aquele seu amigo Troy que o colocou dentro da empresa. Parece que sua cabeça vale milhões demais, além de suas contas bancárias. - Yoongi o olhou com certa dúvida e pensando se valeria mesmo não matá-lo.

- Filho da puta! - Taehyung soltou um grunhido enraivecido. - E não estão preocupados? Quer dizer, ele está lá sozinho.

- Jungkook sabe se virar.

Assim que terminou a frase, um dispositivo na cintura de Yoongi bipou e ele sorriu assim que olhou para a micro tela.

- É, ele está vivo. Precisamos agir.

- Eu vou com vocês. - Taehyung disse com a voz firme.

- Ah, não mesmo. Isso não vai ser coisa pra um engomadinho. - Jin soltou sarcástico.

- Eu sei atirar. Sou faixa marrom em karate. Por favor, não vou atrapalhar, mas eu quero matar o puto do Charlie.

- Ah, Jin. Vai ser meio romântico ele salvando o Kook.

- Eu ainda não me decidi quanto a isso. - Taehyung estava confuso quanto aos seus sentimentos por Jungkook. Ainda se sentia traído.

- Ótimo. - Jin disse, por fim. - Cuidaremos do que é nosso, do nosso irmão e nada mais, você vai por sua conta e risco. Prepare ele, Yoon. 

[ᴘᴀʀᴀᴅɪsᴇ] • ᴊᴊᴋ + ᴋᴛʜOnde histórias criam vida. Descubra agora