A manhã já havia começado com o pé errado. Jimin mal conseguira terminar o café antes de ser arrastado para uma sequência sufocante de reuniões, cada uma mais exaustiva que a outra. Documentos se empilhavam sobre sua mesa como uma muralha intransponível, e as decisões que precisava tomar pareciam infinitas. Quando finalmente o relógio anunciou a pausa para o almoço, ele decidiu buscar refúgio em um restaurante próximo, na esperança de recarregar as energias.
O ar fresco do lado de fora lhe trouxe um alívio momentâneo. Contudo, a tranquilidade foi efêmera. No caminho de volta ao escritório, o inesperado aconteceu: o motor de seu carro engasgou, emitiu um som áspero e morreu.
Jimin encostou o veículo ao lado da calçada, apertando o volante com força. O silêncio repentino era um contraste gritante com o caos interno que ele carregava. Era mais do que um carro quebrado. Era tudo. O trabalho que o sufocava, a falta de tempo para os filhos, o vazio persistente que ele ignorava há anos.
Ele respirou fundo e apoiou a cabeça contra o encosto, tentando sufocar a angústia crescente. Estava à beira de sucumbir ao estresse quando uma batida leve na janela o fez abrir os olhos.
Ao seu lado, parado na calçada, estava um jovem. Ele segurava uma pequena flor branca com pétalas delicadas, o tipo que Jimin não conseguia lembrar de já ter visto. O estranho não disse nada; apenas sorriu. Era um sorriso simples, despretensioso, mas que parecia carregar algo de sereno, quase fora de lugar no tumulto da cidade.
Jimin franziu a testa. Não era um momento para distrações. Ainda assim, algo naquele olhar pacífico o fez hesitar. Relutante, abaixou o vidro.
- Precisa de alguma coisa? - perguntou, a voz carregada de cansaço.
O jovem, sem responder, ergueu a flor em sua direção, como se fosse uma oferta silenciosa. Jimin piscou, confuso.
- Você... está vendendo isso? - questionou, olhando para os lados, como se esperasse que outras pessoas estivessem assistindo àquela cena bizarra.
O rapaz balançou a cabeça levemente, ainda sem dizer uma palavra. A flor permaneceu estendida, como um pequeno presente inesperado.
Com um suspiro hesitante, Jimin pegou a flor. Ele a segurou com cuidado, estudando suas pétalas impecáveis. A sensação de desconforto deu lugar a uma curiosidade genuína.
- Obrigado... eu acho? - disse, erguendo os olhos novamente.
O jovem simplesmente sorriu outra vez, fazendo um leve aceno de despedida antes de se virar. Sem nenhuma explicação, desapareceu entre os pedestres que lotavam a calçada.
Por alguns instantes, Jimin ficou paralisado, olhando fixamente para o espaço vazio onde o rapaz estivera. A flor em sua mão era pequena, quase insignificante, mas havia algo nela que parecia capturar sua atenção. Um perfume suave e sutil emanava das pétalas, algo que ele não conseguia identificar, mas que, estranhamente, o confortava.
Ele ergueu o olhar mais uma vez, tentando localizar o jovem na multidão, mas era tarde. O rapaz já havia sumido, como se nunca tivesse estado ali.
Suspirando profundamente, Jimin fechou os olhos e recostou-se no banco. Por um instante, o peso esmagador que carregava parecia um pouco mais leve. Não sabia por quê, mas aquele gesto inesperado - uma flor simples, entregue sem palavras - fez com que algo em seu interior se aquietasse.
Quando voltou a ligar o carro, o motor funcionou como se nada tivesse acontecido. Jimin sorriu, incrédulo. Talvez fosse coincidência, talvez não. Mas, pela primeira vez naquele dia, sentiu que as coisas poderiam ficar bem. Mesmo que só por um momento.
Jimin voltou a dirigir, mas seu pensamento estava longe do trânsito. A flor descansava ao seu lado no banco do passageiro, e ele não conseguia afastar a lembrança do sorriso do jovem. Quem era ele? E por que havia feito aquilo? Não parecia um pedido de ajuda, tampouco uma estratégia para vender algo. Era um gesto puro, desarmante, como se aquele desconhecido tivesse enxergado algo em Jimin que ele mesmo não conseguia ver.
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Daddy Is In Love
RomanceCom a crise financeira que ameaça levar a sua empresa à falência, Park Jimin se vê forçado a sair de sua bolha de luxo e enfrentar os desafios de uma nova vida com seus cinco filhos. Acostumado a liderar grandes reuniões e tomar decisões, ele agora...