12. Uma simples escova de dentes.

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Nessas duas semanas não houve um dia sequer que ela não dormiu comigo, até mesmo quando pensei que não fosse aparecer em meu quarto ela chegava. Em três noites acabei chegando um pouco mais tarde que ela, da primeira vez avisei que não deveria me esperar para o jantar e quando cheguei a encontrei em seu quarto, mas só foi voltar do banho que a vi em minha cama, já dormindo como se não tivesse despertado. Da segunda avisei para não me esperar e mais uma vez a encontrei em seu quarto, só que diferente da primeira vez eu dormi ali com ela. Já na terceira o cansaço me levou ao automático, apenas tomei banho e fui dormir, até mesmo pensei que não a veria até o dia seguinte, mas engano meu, ela estava lá quando acordei para ir ao banheiro, bem pertinho de mim, assim como dormiu todos os outros dias. Não necessariamente transamos todos os dias em que dormimos juntas ou que convivemos, houve um período de dez dias que isso foi impossível fazer qualquer coisa mesmo se quiséssemos, mas só bastava a companhia dela, eu só precisava disso. Apenas dela e de mais nada.

Fazia tempos que eu não era acordada com beijos no pescoço ou até mesmo de forma carinhosa, fosse no meu antigo relacionamento ou em meus dias de solidão, mas ela fazia isso todos os dias que acordava primeiro.

— Hum. - Resmunguei, querendo dormir mais um pouquinho e sabendo que aquilo já era mais que o suficiente. - Tenho que te tirar esse costume.

— De te acordar assim? - Neguei, já não me imaginando sem aqueles beijos.

— De me acordar só porque já está acordada.

— Já estou acordada a duas horas, para sua informação.

E por seu hálito aquilo de fato era verdade, dessa vez ela me deixou dormir mais um pouco, não me acordou às oito como tem costume e apesar de ainda com sono me rendi a abrir os olhos e aceitar a terrível derrota.

— Sei que é final de semana e que nós duas estamos de folga, mas precisamos fazer compras e dar uma geral nesse lugar.

Hoje era dia de lavar roupa e repor algumas coisas da geladeira, como mini marmitas que fazemos para nossas refeições fora daqui.

— Já tomou banho? - Perguntei, recebendo uma encarada estranha. - Não vai me responder, Jennie?

— Não tomei.

— Ótimo, vai tomar comigo.

Aquele não era nosso primeiro banho juntas, muito menos o segundo ou terceiro, já estávamos naquilo há algum tempo e ela sempre tentava tirar uma casquinha. Hoje pelo jeito era apenas um banho simples, eu estava com sono e com pouca disposição para tentar qualquer coisa, a menos se ela quisesse tentar.

Ela havia preparado o café da manhã antes de ir me chamar, então quando saímos do banho não precisamos ter muito trabalho, apenas comer e ir ao mercado.

As pessoas aqui tem o costume de fazer compras semanais ou apenas comprar o básico para alguns dias, ou seja, muitas idas ao mercado sem qualquer necessidade. Eu e ela preferimos algo mais complexo, uma única compra e repor apenas o que faltar durante o restante do mês.

— Sabe do que sinto falta de Pohang? - Ela falou.

— O que?

— Abalones, eu comia sempre e os daqui não são tão frescos.

Abalones, não sei há quanto tempo comi um, não foi em minha infância, talvez em alguma parte da minha vida adulta, mas lembro de sempre comer aos finais de semana, minha avó tinha o costume de fazer mingau de abalone aos domingos e às vezes quando eu ou o meu avô ficávamos doentes. Embora ela fizesse muitas coisas com abalone durante a temporada, mingau de abalone sempre será a lembrança mais marcante que terei dela.

Por conveniência - Jensoo.Onde histórias criam vida. Descubra agora