38_ Santa tell me.

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| Lakewood, Colorado10 de Dezembro, 2021Às 06h17

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| Lakewood, Colorado
10 de Dezembro, 2021
Às 06h17.

Estava anoitecendo quando finalmente chegamos em Lakewood. Aquela cidade, comparada a Denver, era um pouco menor e eu tive a certeza que os moradores de lá eram muito unidos. Várias casas eram juntas uma das outras, espalhadas entre árvores congeladas e neve para todo o lado.

Haviam estabelecimentos abertos, como lojas e lanchonetes, se preparando para o maior feriado do ano. Também notei parques, com crianças agasalhadas brincando e soltando risadas. Eu acabei sorrindo, com uma pontada de saudade surgindo no meu peito ao lembrar da minha família. Era o primeiro feriado longe deles e eu não estava gostando da sensação.

Assim que saímos do carro, com minha bunda doendo, encarando a estrutura rústica da casa. Era uma estrutura rústica tipo chalé, com o teto triangular e feita de madeira. As janelas eram de vidraria maciça, com uma pequena escadinha coberta por neve que levava até a porta que também era de madeira.

ㅡ Ah, a casa é uma gracinha! ㅡ Emma foi a primeira comentar, segurando sua mala nos ombros e correndo em direção a casa.

No fundo, eu estava estranhando aquele comportamento dela. Tá certo, depois daqueles dias agindo de um jeito esquisito, ela estava voltando a agir normalmente. O que era estranho. Ou ela estava forçando a si mesma a fingir que está bem ou apenas ela tem bipolaridade.

Adentramos na casa logo após a Emma, enquanto eu sentia meus ossos tremerem pelo frio. Eu usava de touca, casaco, luva e botas, mas ainda sim o frio era demais.

Lá dentro não era tão diferente. Claro que o cheiro de casa "guardada" estava por todo local, assim também como os móveis cobertos por lençóis brancos.

ㅡ Há quanto tempo o Wiley disse que não vem aqui? ㅡ Brooke indagou, torcendo o nariz em resignação.

ㅡ Alguns belos anos. ㅡ Raphael comentou, esfregando o nariz.

ㅡ Minha renite que lute. ㅡ Ária resmungou, esfregando nariz devidamente vermelho.

Torci os lábios, transformando meu rosto em uma careta de desgostoso.

ㅡ Passamos por um mercadinho há alguns minutos ㅡ Comentei, esfregando meu nariz na tentativa de afastar aquele cheiro. ㅡ É uma boa comprar materiais de limpeza e, principalmente, alimentos.

ㅡ Flor tem razão.

ㅡ E o resto fica aqui terminando a organização. ㅡ Ottis sugeriu, deixando sua mala junto a da Ally no canto da sala. ㅡ Só temos quatro quartos, e como são 10 de nós, pode organizar essa parte. Tipo sorteio.

ㅡ Existem três casais no total. ㅡ Ária afirmou, cruzando seus braços. ㅡ E sobra o quarto. Temos que ver alguns colchões ou lençóis.

Ao fim daquela conversa, nos dividimos para então começar a arrumar as coisas. Já estava anoitecendo e queríamos descansar da viagem com algum jantar. Enfim, Ottis, Ária, Ally e eu acabamos saindo para ir ao mercado segundo as instruções do Raphael.

Aquela altura o mercado já não estava tão cheio e quase silenciosa, embora a música Santa tell me da Ariana Grande tocava nas caixas de som. Arrastei o carrinho comigo, percebendo que a Ally correu atrás de mim quando Ária e Ottis foram em direção aos produtos de limpeza.

ㅡ Ok, precisa me dizer o que rolou ㅡ Ally pediu, ou melhor, implorou. Parei em frente as variedades de temperos que surgiu em minha frente.

ㅡ Sobre o quê?

ㅡ Sobre a Heather, é claro. ㅡ Soltou, me observando com aqueles olhos. Aqueles olhos tão claros quanto o do As, me levando a lembrar rapidamente daquela beleza. Desde que nos encontramos para aquela viagem, não restou tempo algum para a gente conversar direito. E eu necessitava. ㅡ Acha que eu não vi seus olhos julgadores? Ária e Ottis não ficam para atrás.

Soltei o ar com força, puxando os temperos que eu precisava. Arrastei o carrinho com a Ária me seguindo, sabendo que não tinha escolha alguma a não ser contá-la.

ㅡ Eu já estudei com a Heather. ㅡ Comecei, piscando meus olhos para esquecer aqueles pensamentos relacionados ao As. ㅡ No colégio ela não era uma boa pessoa, nunca foi. Ela não era popular, mas era considerada o terror do Colégio, porque fazia a vida de todo mundo um inferno. Praticava bullying, vandalizava os muros do Colégio, tratava mal os funcionários, respondia os professores e sempre acabava indo em algum momento para a direção. Ela passou um ano inteiro indo a direção, porém, nunca chegou a ser expulsa porque tinha um caso com o zelador.

Ally arregalou os olhos quando finalizei. Eu também havia ficado surpresa na época, porque meu jeito de descobrir não foi nada convencional. Eu vi. Com meus próprios olhos. Eu estava indo na parte mais vazia da biblioteca para me perder nos romances, em um lugar que quase ninguém ia, mas acabei vendo uma cena terrível. Heather aos amassos com o zelador em meio às prateleiras.

ㅡ Meu Deus, Flor! ㅡ Ally arquejou surpresa, me ajudando a colocar algumas guloseimas no carrinho. ㅡ E... E o que você fez?

ㅡ Bom, eu fugi. No entanto, Heather de algum jeito me viu. Acabou que ela ameaçou a infernizar a vida da Ária se eu contasse a alguém, o que me deixou de mãos atadas. ㅡ Voltei a explicar, sentindo um nojo incondicional ao me lembrar daquela época. ㅡ Passou alguns dias ela conheceu um amigo meu, o Ken.

ㅡ Quem?

ㅡ Irmão do marido da sua irmã.

ㅡ Oh, meu Deus, o Kenley? ㅡ Assenti com a cabeça, nos afastando de algumas pessoas para terminar aquela história. ㅡ Puta merda. Mas, ela ainda estava com o zelador?

ㅡ Nunca deixou de estar, mas surgiu com o relacionamento com o Ken para manter as aparências. ㅡ Coloquei algumas frutas e massas, sabendo que não aguentaria ficar sem fazer doces. ㅡ No entanto, os dois estavam sendo descuidados. No final acabou eles sendo pegos, com fotos surgindo por todo Colégio, com o Ken descobrindo tudo da pior maneira.

ㅡ Meu Deus, Flor... ㅡ Ally negou com à cabeça, balançando suas mãos. ㅡ O Raphael...

ㅡ Está empolgado, eu sei. ㅡ Assenti, encolhendo meus ombros em um suspiro. ㅡ Já passou quase um ano dessa história, mas eu não acredito na melhora da Heather. Quando foi descoberta, não demonstrou um pingo de remorso ao ver a dor do Ken. Não conheço o Rapha há muito tempo, mas ele é meu primo, então não quero que ele se machuque.

ㅡ Nem eu. ㅡ Disse a Ally, usando um tom de firmeza e rigidez nunca vista por mim. ㅡ E é por isso que eu vou ficar de olho nela.

ㅡ Ally... Acho que devemos alertar o Raphael.

ㅡ Não acho que seja uma boa ideia. ㅡ Murmurou, encolhendo os ombros. ㅡ O Rapha também nunca se relacionou com ninguém, então talvez acabe não acreditando na gente. Então, temos que ficar de olho nela.

ㅡ Ally...

ㅡ Eu vou descobrir se ela é de confiança ou não. ㅡ Por fim, decretou, puxando mais algumas barras de chocolate da prateleira próxima de nós. ㅡ Pelo bem do Raphael.

•••

Coração Rebelde | Vol.3Onde histórias criam vida. Descubra agora