14 anos de nós

único

Era uma tarde de outono, com céu azul e raro ar puro. Era tão igual às outras, mas, aos olhos de Kim Namjoon, tão diferente.

Era um dia especial para ele, como a 14 anteriores, porém o primeiro sem brilho.Há 14 anos atrás, conheceu uma pessoa que se tornou fundamental para sua vida...

Yoongi chegou, com cara de poucos amigos, um pouco distante, uma pessoa que requer um pouco de atenção para entender. E Namjoon se esforçou; a princípio, conseguiu ver o cuidado que o mais velho tinha com ele e os outros membros. A postura marrenta era quebrada pela proteção que mostrava em segundo plano com ações.

Depois, quando estavam mais estabilizados, Namjoon começou a admirar não somente a genialidade do produtor Min, o cuidado de Min Yoongi, mas também como Suga era absurdamente sexy. E isso foi o fim para Kim Namjoon, o pai de plantas e amigo de caranguejos. Quando percebeu que, de fato, a língua afiada do mais velho excitava homens e mulheres, e principalmente a si, caiu temporariamente em um limbo  jeito de dilemas.

Naquela época, o Genius Lab cheirava a tabaco, café e um perfume do seu residente, bem fraco. E, porra, isso era sexy demais. Min Yoongi, sentado na frente do computador, com os olhos focados, mordendo os lábios sem perceber,  desestabilizava o líder da maior boy Band de todos os tempos. Um simples suspiro foi o que precedeu a queda de Kim Namjoon.

— Namjonie, eu odeio me colocar neste lugar, mas sinto que, se não fizer, não vamos chegar a lugar nenhum. Eu preciso saber se te machuquei de alguma forma. Você tem me afastado, e por isso não consigo ter o mesmo rendimento que antes. Falou o rapper mais velho. Tirando sua atenção do computador para o produtor mais novo.

Para Yoongi, Namjoon passou a ser uma pessoa muito importante, como colega de profissão e alguém sincero. Aquele amigo que você pode estar só perto, e só a companhia já é gostosa,  talvez o único que  permitiu que o visse de todas as formas, e muito provavelmente um dos poucos que permaneceu ao lado quando isso aconteceu.

Namjoon conseguia tirar o melhor dele: o melhor sorriso, a melhor combinação, a melhor letra. Tudo era melhor quando tinha covinhas e vinha acompanhado — “você é incrível, hyung!.”

Não era pura vaidade; Yoongi sempre soube, como essa falas mexiam consigo, mas preferia fingir para si mesmo que era normal. Tal como tentou lidar com  o afastamento daquele que coloria seus dias não fazia diferença. E claramente havia falhado.

Se tivesse uma câmera ali, provavelmente o foco estaria na cara que Namjoon fez: a engolida de saliva, os olhos maiores que o normal. Ele tinha quase certeza de que estava sendo discreto, mas tal como a destreza não era sua maior qualidade, descobriu que sua atuação conseguiu ser tão pior quanto.

— Como assim, hyung? — ele ainda tentou, recebendo um balançar de cabeça em desaprovação.

Yoongi sempre foi mais baixo que ele, assim como com menos músculos. Era extremamente perfeito, mas voltando... no momento em que se levantou da cadeira em direção a Namjoon, ele nunca se sentiu tão pequeno e tão vulnerável.

— O hyung vai perguntar de novo, Namjonie, e eu quero uma resposta. Por que você se afastou e está estranho? Eu fiz algo errado? — O mais velho sentou-se no sofá ao seu lado, soltando um suspiro, pelo conforto do estofado ser maior que o da cadeira.

— Eu sinto muito, Yoongi hyung — foi o que saiu primeiro, após a pane que deu.

— Sente exatamente por quê? — O mais velho virou o corpo, olhando fixamente para seu perfil.

— Eu acho que me sinto atraído pelo hyung e não queria deixar você desconfortável. Então, estava lidando com isso da melhor forma que achei. Você sabe, não é como se nós fôssemos experientes nesse tipo de coisa. Eu sinto muito.