Rainha da morte

A Morte

Eu sou aquele que você encontra no final das contas, A MORTE. A vida, com toda sua efemeridade, corre sem perceber o quanto sou inevitável. Alguns dizem que me teme, mas eu sou apenas a última parte do ciclo. A única certeza que todos têm. E ainda assim, há quem se resista a mim. Uns tentam me enganar, achando que a velocidade do tempo pode me afastar. Outros me ignoram, como se eu fosse uma ilusão distante, um conto de fadas que se perde nas brumas da juventude. Mas, eu sempre estou ali. Esperando.

A maioria de vocês acredita que sou uma figura aterrorizante, algo que só aparece para aqueles que fizeram algo de errado. Não sou nada disso. Não sou o juiz. Não sou o algoz. Eu só sou.

Ao longo dos anos, eu vi de tudo: as tentativas desesperadas de se evitar, os gritos de pânico quando alguém finalmente percebe que não pode mais escapar. Vi pessoas que me receberam com uma tranquilidade quase cínica, como se, de alguma forma, estivessem em paz com minha chegada. E vi aqueles que me negaram até o último segundo, correndo para todos os cantos, me xingando, me amaldiçoando. Mas no fim, todos me encontram. Todos. Em algum momento, eu estarei lá.

E não me importa como você se sente sobre isso. Não me importa se você acha que está pronto ou não. Eu chego. E, com o tempo, a inevitabilidade de minha visita faz parte do encanto do ser humano — você sempre soube que eu estaria aqui. Cada um de vocês constrói um conceito sobre mim, mas, na verdade, eu sou o que cada um precisa que eu seja.

Céu, inferno, julgamento, arrependimento... essas são ideias antigas e ultrapassadas que só servem para amedrontar. Quem foi que disse que existe um sofrimento eterno? Qual o valor de um "castigo" para alguém que já não está mais aqui? O que importa, no fim, não é o que vem depois, mas como você viveu até agora. Isso é o que realmente importa. Eu não sou o fim, sou o reflexo de toda a jornada. O que você faz antes de me encontrar é que define quem você realmente é.

A maioria de vocês ainda não percebe, mas eu sou você. Em cada escolha, em cada erro, em cada momento de desespero, lá estou. Eu sou aquele pequeno sussurro que te lembra que nada dura para sempre. Então, enquanto alguns me temem, outros tentam se afastar, eu fico aqui, vagando. Não sou um monstro. Só sou a certeza que ninguém pode mudar.

Mas eu nunca tenho pressa. Não importa o que você faça para tentar me escapar, o tempo vai sempre me levar a você. O mais fascinante, porém, é que, mesmo sabendo disso, você ainda acredita que tem controle. Isso é o que me faz sorrir.