Capítulo 06

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Depois da carona inesperada que Bruce me deu na noite anterior, eu mal consegui dormir. Ainda me sentia um tanto desconcertada com a revelação de que ele era o dono do restaurante. Era difícil imaginar alguém tão rude, tão irritantemente mandão, se importando o suficiente para gerenciar algo assim. Mas lá estava ele, o chefão, com um segredo que parecia ter se divertido guardando de mim.

Pela manhã, o sol ainda não havia nascido direito quando cheguei ao restaurante. Entrei com passos rápidos, pronta para encarar Suzana e questionar por que ninguém havia me contado. Eu queria respostas, mas também sabia que precisava ter cuidado com o tom; Suzana parecia ter verdadeira admiração por Bruce, e eu não queria criar conflitos desnecessários.

— Bom dia, Suzana — cumprimentei, tentando soar casual.

— Bom dia, Luce. — Ela sorriu, mas, ao perceber meu olhar fixo, arqueou as sobrancelhas. — Tudo bem?

Respirei fundo, fingindo indiferença.

— Só estou curiosa sobre o restaurante. Descobri ontem... quem é o dono.

Suzana parou o que fazia, ajustando o avental.

— Ah... então ele contou?

— De uma forma bem... peculiar, digamos. — Cruzei os braços. — Você sabia?

Ela deu um sorriso travesso.

— Claro que sabia, mas Bruce gosta de manter isso em segredo. Ele acredita que as coisas funcionam melhor quando ninguém sabe quem ele realmente é.

Revirei os olhos.

— E você acha isso normal?

Suzana riu, balançando a cabeça.

— Ele tem os motivos dele. Além disso, Bruce é muito diferente quando está aqui. Você já deve ter percebido.

Ela estava certa. Bruce no restaurante era outra pessoa. Mais rude, mais exigente... mais insuportável. Era quase como se ele usasse o lugar para descontar algum tipo de frustração. Antes que eu pudesse comentar, a porta se abriu, e ele entrou.

Bruce não olhou para ninguém; simplesmente atravessou o salão como se fosse o dono de tudo. Ah, espera... ele era mesmo.

— Bom dia — disse, seco, sentando-se à mesa de sempre.

Peguei o cardápio e caminhei até ele, sentindo o peso do olhar crítico que ele lançava.

— O de sempre? — perguntei, sem emoção.

Bruce ergueu os olhos para mim, e um sorriso irritante surgiu em seu rosto.

— Bom dia para você também, Luce. Vejo que a educação matinal não é seu forte.

— Desculpe. Bom dia, senhor Bruce Gutiérrez. — Forcei um sorriso. — Melhor assim?

Ele riu, mas foi um som curto, quase zombeteiro.

— Eu preferia quando você era apenas desajeitada e não tentava ser engraçada.

Cruzei os braços, mantendo minha postura firme.

— E eu preferia quando meu chefe era um pouco mais... profissional.

Ele se inclinou na cadeira, os olhos fixos nos meus, desafiadores.

— Profissional? Você quer me ensinar sobre profissionalismo, Luce? Alguém que mal consegue carregar uma bandeja sem causar um desastre?

Senti o calor subir ao meu rosto, mas me recusei a ceder.

— Talvez se o chefe tivesse me dado um treinamento decente, eu estaria melhor agora.

Ele abriu um sorriso, claramente se divertindo com a discussão.

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