A escolha de Victória

3 2 0
                                    

— Ele vai contar tudo pro meu tio — disse ela, erguendo-se da grama e passando a mão pela roupa amarrotada. Eric fez o mesmo.

— É, bem que você avisou que não conseguiriamos ficar sozinhos. 

Ele mal acabou de falar e o garoto se aproximou. 

— Ocê sabe que um garoto não pode ficar sozinho com uma garota — acusou. — Meu pai vai adorar saber disso. 

Victória se colocou na frente dele e agarrou o colarinho de sua blusa.

— Experimenta falar alguma coisa e você verá seus dentes voando, imbecil. 

— Ah, é? E eu vou falar pro meu vô pra nunca mais te deixar trazer ninguém aqui. Experimenta. 

Ela ergueu as sobrancelhas e Eric tocou seus braços para afastá-la do garoto. 

— A gente já entendeu. Não vai mais acontecer — disse, gentilmente. 

Então, os três seguiram andando de volta para a fazenda e Eric ainda ficou conversando com o garoto. Chegando lá, aconteceu exatamente o que ela previra: passara o restante do dia sem ficar a sós com Eric. Logo, todos reuniram-se à mesa para o almoço. Infelizmente, o rapaz sentara do outro lado. Adivinha onde? Entre Gabriele e Priscila, que não paravam de envolvê-lo em suas conversas. Por outro lado, ele até que interagia bem, integrando-se ao ambiente.  

Após o almoço, Eric fora arrastado pelos primos de Victória para o campo e teve que jogar futebol com eles. Enquanto isso, Victória observava-os pela varanda e Brenda subiu ao quarto para tirar um cochilo da tarde. 

Victória só percebeu que Gabriele estava ao seu lado quando a menina disse:

— Gatão esse seu amigo, hein? — Os olhos reluzentes dela não desgrudavam de Eric. 

— É…

— Ele tem namorada?

Eric tinha? Ela não sabia. Conversaram no campo, mas não chegaram a concluir nada sobre a situação deles. Temia que tivesse de enfrentar um relacionamento à distância, porque não confiava nessas coisas. Esperava ainda por outra oportunidade para terminar sua conversa com o rapaz.

— Tem — acabou dizendo. — E ela é brava, odiaria saber que tem outra garota dando em cima dele. Se eu fosse você, não arriscaria. 

Os ombros dela encolheram.

— Ah, que pena. Mas… olhar não tira pedaço, né?

Victória deu um sorriso torto.

— Olha, eu sabia que você era sonsa desde o começo. Não me engana com esse teu jeito meigo fingido. Conheço pessoas honestas e bem intencionadas — disse, lembrando-se de Emily —, mas você não é uma delas. Tô de olho em você faz tempo. No primeiro vacilo você já era. Então tira os olhos do Eric e vai focar num daqueles estudos bíblicos ridículos que você adora. 

— Calma, garota. Credo, que mau humor. Eu só tava puxando assunto.

— Vai puxar assunto com os cavalos, os porcos, alguém que te ouça e te suporte. Mas não enche meu saco, porque não tenho paciência pra gente como você. Vaza — disse, abanando a mão.

Gabriele revirou os olhos e entrou na casa. 

Quando Brenda acordou, Victória a levou para explorar as vastidões da fazenda, começando pelo estábulo. Apresentou-se os três cavalos, cada um com seu nome. Depois, foram para a área das galinhas e dos porcos. Viram as vacas pastando e as plantações das hortas. Passaram o dia para lá e para cá, rindo e conversando. 

A VilãOnde histórias criam vida. Descubra agora