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Isís. 🩷

Tava sentada no sofá assistindo série com meu pai, até minha mãe entrar correndo pela porta da sala e subir direto pro quarto. Correndo, literalmente.

Franzi a sobrancelha e olhei pro meu pai, que automaticamente levantou e correu, lá pra cima.

Fui atrás e comecei a escutar minha mãe fazendo barulho de vômito, o que me fez o estômago embrulhar um pouco, mas continuei indo até o quarto deles.

Parei na porta do banheiro e meu pai tava ajudando minha mãe a lavar a boca, e escovar os dentes.

Isís: Tudo bem, mamãe? - Perguntei e ela me olhou, balançando a cabeça.

Minha mãe andava um pouco estranha esses dias, tava um pouco grossa, e bem sensível. Não podia falar nada pra ela, que ou ela chorava, ou respondia como se tivesse sido ofendida.

Coronel: Pega uma água lá, filha. - Pediu e eu balancei a cabeça, saindo do quarto.

Coronel. 😮‍💨

Observei a Diana se sentar na cama e encarei ela, a mulher não tava normal pô. Papo de bipolaridade, e chorava por tudo, exatamente tudo.

Coronel: Tudo bem, minha joia? - Beijei o topo da cabeça dela.

Diana: Sim, acho que comi alguma coisa que fez mal. - Suspirou e tomou a água que a Isis trouxe. - Não precisam preocupar, eu tô bem.

Isís: Tem certeza, mamãe? Tô preocupada. - Fez um beicinho se sentando na cama e a Diana beijou a testa dela.

Diana: Tô bem, filha. Você chamou o Joca pra jantar aqui hoje? Queria fazer o frango assado, sua vó vai vir. - Perguntou a Isis que balançou a cabeça, confirmando.

Coronel: Tu não tá em condições de fazer janta pra todo mundo, amor. Vamo deixar pra outro dia, pô, quando ficar melhor. - Diana franziu a sobrancelha e me encarou, brava.

Diana: Eu nunca posso fazer nada que eu quero, tô falando que eu vou fazer, eu vou fazer Vinicius. Você tá chato pra caramba esses dias cara, meu Deus, pode fazer nada nessa casa. - Exclamou aumentando o tom de voz e eu fiquei calado, observando ela se levantar e ir pro banheiro, trancando a porta.

Isís: O que deu nela, ein? - Perguntou me olhando e eu dei de ombros, sem saber nem o que responder. - Não quero chamar o Joca se for pra mamãe explodir assim na frente dele, pai. - Fez um beicinho e eu suspirei, passando a mão na cabeça.

Coronel: Tua mãe tá certa não, mas se ela quer fazer, deixa fazer. Capaz da mulher cometer um homicídio se negar isso pra ela, chama ele aí. - Isís respirou fundo e saiu do nosso quarto, fechando a porta. - Diana? - Bati na porta do banheiro, e ela não respondeu.

Cogitei em arrombar a porta, só queria saber o que tá acontecendo com a minha mulher pô, do nada fica desse jeito. Sem minha voz docinha, sem a paciência que só ela tem, a calmaria.

Diana: Vai embora, e me deixa sozinha. - Respondeu abafada de dentro do banheiro, com voz de choro. Meu coração doeu, eu já nem sabia o que fazer mais, já dei flores, chocolate, um colar de diamante pô.

Coronel: Amor, abre aqui, na moral. - Encostei a testa na porta e fechei os olhos, tentando manter a calma.

Diana já vem assim a dias, aqui em casa nos tá engolindo calado, não tá falando nada e evitando chatear ela, mas tem hora que não dá pô, o sangue ferve com isso.

Escutei a chave virando e a porta abriu, revelando a Diana com o nariz vermelho e os cílios molhados de lágrima. Antes mesmo de eu abrir a boca ou ter reação, ela correu pros meus braços e me abraçou apertado, chorando mais.

Diana: Me desculpa! - Falou baixinho e eu beijei o topo da cabeça dela, descansando meu queixo ali. - Amor, eu não sei o que tá acontecendo.

Coronel: Qual a chance? - Perguntei sobre a possibilidade de gravidez, e ela me encarou, com os olhos vermelho. - Não tá tomando o remédio né?

Diana: Droga! - Resmungou me soltando e deitou na cama, chorando mais. - Não quero, amor, não quero.

Me vi na mesma cena de 17 anos atrás, quando fomos descobrir que a Isis tava sendo gerada.

Deitei na cama atrás dela e abracei, beijando seu pescoço.

Coronel: Já criamos uma minha vida, conseguimos criar outro. - Sorri fraco e ela fechou os olhos, deixando a lágrima cair. - Olha nossa Isís, criamos, cuidamos, educamos, e ela é uma mulher incrível pô.

Diana: Não é porque eu fui uma boa mãe pra ela, que serei se vier outro. - Falou baixinho, abraçando o travesseiro. - Não quero falhar igual falharam comigo.

Coronel: E você não vai, minha vida. Estamos juntos pô, desde sempre. - Beijei a cabeça dela e ficamos calado um tempo, minha cabeça fritava e viajava em outra cria, mas eu não ia deixar a Diana mais nervosa ainda.

A sua respiração ficou mais leve, pegou no sono, enquanto eu fiquei ali mais um tempinho, processando a grande chance de ser uma gravidez real.

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