XXXIII

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Uma hora depois, eu estou deitada aos pés da cama da Lauren, observando-a comer diretamente do pote de isopor enquanto ela se recosta na cabeceira da cama. Um sorriso travesso se espalha pelos seus lábios enquanto ela me olha de cima a baixo.

"O que foi?" eu pergunto, olhando para a minha camisa branca de botão e calça preta.

"Eu não vou mentir. Esse visual tá meio que me conquistando."

"Cala a boca." Eu rio, balançando a cabeça.

"Não, tô falando sério. E fica ainda mais sexy quando você traz um prato de comida pra mim assim."

"Não é um pouco sexista?" eu pergunto.

"Eu não acho, porque eu também sou mulher. Então, acho que tô liberada?" Ela dá de ombros, esticando a perna e deslizando o pé por baixo do meu joelho. "Isso tá muito bom," ela diz antes de dar uma garfada generosa de espaguete. "Eu nunca como comida caseira assim."

"Sua mãe nunca cozinhou pra você quando era pequena?" eu pergunto, enquanto um raio ilumina o céu lá fora, atrás dela.

"Se ela cozinhava, era basicamente cheeseburgers e... mais cheeseburgers. Mas tinha um prato que ela fazia pra gente em ocasiões especiais. Pimentões recheados com um molho de tomate doce e purê de batatas. Cara... Era muito bom." Ela empurra uma almôndega para o lado do container. "Mas já faz anos que ela não faz isso. Na real, faz anos que a gente não senta pra fazer uma refeição juntas."

Eu estendo a mão e passo meus dedos pela canela dela. Meu coração se aperta quando ela fala sobre a mãe dela, mas também me faz me sentir muito grata pela mãe que eu tenho. E ainda mais confusa sobre por que eu estava disposta a jogá-la fora.

"Quanto tempo depois que começamos a namorar, a gente decidiu fazer o plano da Califórnia?" eu pergunto.

"A gente começou a sonhar com isso desde o começo, mas só fomos levar a sério uns cinco, seis meses depois. Por quê?"

"Eu só fiquei me perguntando o que fez a gente realmente decidir fazer isso?"

"Você quer um pouco disso?" Lauren pergunta, oferecendo o pote para mim. Eu balanço a cabeça.
Acho que estou completamente enjoada de espaguete agora. Ela coloca o prato na mesinha de cabeceira e se deita de lado na cama, ficando ao meu lado. "A gente percebeu bem rápido que não conseguiria sustentar um relacionamento de longo prazo aqui, no segredo." Ela dá de ombros, procurando as palavras certas. "Quero dizer, em certo ponto, entre a gente... estava ficando grande demais pra esconder."

De alguma forma, depois de só alguns dias de namoro, eu já entendo o que ela quer dizer.

Ela levanta a mão, e um sorriso suave se espalha pelos meus lábios ao sentir os dedos dela passando pelos meus cabelos. Fecho os olhos e imagino que estamos em outro lugar. De mãos dadas, caminhando pelo parque de grama perto da escola de Wyatt. Nos beijando no topo da roda-gigante na feira do condado. Ou até mesmo sendo vistas em público juntos, sem ficar o tempo todo preocupado com o que as pessoas estão pensando de nós.

Tudo isso que, literalmente, nunca poderia acontecer.

Tudo isso que eu daria qualquer coisa para poder fazer.

Eu abro os olhos o suficiente para vê-la me encarando de volta, a mão dela ainda passando pelos meus cabelos, me dando uma sensação que não parece desaparecer. Estico a mão e beijo cada um dos seus nós dos dedos antes de segurar sua mão perto do meu coração.

"Eu acho que tô me apaixonando por você," eu sussurro tão baixo que nem sei se ela consegue ouvir. Eu não tinha certeza no começo, mas sei assim que as palavras saem da minha boca o quanto elas são verdadeiras.

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