Capítulo 28: Sinais

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LEXY

— Sam! Vai logo! — gritei da porta, já de casaco e com o cachecol enrolado no pescoço.

— Já tô indo! — a voz dele veio abafada do andar de cima, seguida pelo som de passos apressados.

— Dessa vez, a gente só vai chegar no ano que vem! — provoquei, cruzando os braços enquanto esperava.

Um instante depois, Sam apareceu no topo da escada, ajeitando o cabelo e segurando um presente dourado com um laço perfeito. Ele descia os degraus com a expressão de alguém que tinha todo o tempo do mundo, mesmo que já estivéssemos atrasados.

— Precisa mesmo se arrumar tanto pra uma festa de Ano Novo? — perguntei, tentando esconder o sorriso.

— Precisa mesmo ficar reclamando tanto? — ele rebateu, me lançando um olhar divertido.

— Anda logo antes que eu vá sem você! — retruquei, puxando-o pela manga do casaco assim que ele chegou ao pé da escada.

Sam soltou uma risada baixa, e juntos saímos para enfrentar o frio da noite. O carro já nos esperava, e a cidade parecia especialmente viva, com luzes piscando em todas as esquinas e fogos estourando à distância. Enquanto nos acomodávamos no banco de trás, ele ajeitou o presente no colo e olhou pela janela, pensativo.

— Tá animado? — perguntei, tentando quebrar o silêncio.

— Não sei se "animado" é a palavra certa — ele respondeu, depois de uma pausa. — Só espero que seja uma boa noite.

— Vai ser, confia em mim. — Dei um sorriso encorajador enquanto o carro começava a se mover.

A festa estava logo à nossa frente, mas ainda havia tempo para nos prepararmos, tanto para as celebrações quanto para tudo o que a noite pudesse trazer.

Assim que entramos, fomos engolidos pelo calor da casa e pelo som de risadas e música ao fundo. Luzes coloridas piscavam pelas paredes, e o cheiro de comida fresca preenchia o ar. Sam olhou ao redor por um momento antes de se virar para mim.

— Eu vou pegar umas bebidas. Quer algo? — perguntou, já se afastando em direção à mesa onde estavam os copos e garrafas.

— Só vou avisar uma coisa: não vou cuidar de ninguém se você der PT! — brinquei, cruzando os braços e sorrindo.

Ele riu, lançando um beijo no ar antes de desaparecer na multidão. A leveza em sua expressão me deu um pouco de alívio; talvez ele realmente estivesse se permitindo aproveitar.

Eu me virei e, ao olhar para trás, meu coração deu um salto.

— Ah, meu Deus! Charlie! — exclamei, correndo até ele e o abraçando com força. — Como você tá? Tá melhor?

— Tô sim, Lexy. — Ele sorriu, tímido, enquanto ajeitava o casaco.

Havia algo no olhar dele, porém, que me fez hesitar por um segundo. Não era apenas cansaço; era algo mais profundo, como se ele ainda estivesse carregando um peso que não queria dividir.

— Eu fiquei tão preocupada... — comecei, mas ele levantou a mão, me interrompendo.

— Eu tô bem, sério. Só preciso de um tempo pra processar tudo, sabe? — Ele deu um pequeno sorriso, mas eu sabia que havia mais do que ele estava disposto a admitir.

— Tá bom. Mas se precisar, sabe que pode contar comigo, né? — disse, apertando sua mão levemente.

— Sei. Obrigado. — Ele respirou fundo, olhando ao redor da sala. — E você? Como tá o Sam? Achei que ele não ia aparecer.

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