— Caralho — gemi ao bater na parede. Samael tinha ido resolver um problema qualquer e havia me deixado sozinha... Péssima ideia: bebi até o talo.
Estava no corredor, tentando chegar a um quarto. Não sei bem como cheguei nessa ideia idiota de andar sozinha pelo inferno onde sequer conhecia os cômodos, porém, cheguei. E encher a cara sempre foi meu método para me afastar da realidade. Não é minha culpa... Sou alcoólatra e tudo à minha volta me entristece — minha mulher está morta, assim como minha amiga, não estou na minha casa, tenho o nome do meu captor na pele, sou "disputada" por dois demônios que insistem em me tratar como um objeto e todos a minha volta parecem querer me machucar ou me comer (não sei qual das opções é pior). O melhor jeito de se acostumar com o inferno — literalmente — é se embriagando.
Me arrastei pelo corredor que girava. Me agarrei numa maçaneta. Assim que ia girar, Samael me puxou.
— Entrando no quarto dos outros assim? — me jogou na parede — sem nem pedir?
Olhei para o rosto dele. Seus cabelos estavam caídos nos olhos, ele parecia cansado e eu sentia o cheiro de álcool — podia deduzir que essa noite também foi difícil para ele, já que parecia bêbado também. Sua mão estava contra a parede, fazendo uma barreira, e a outra subiu até o meu queixo, segurando-o.
— Desculpa — balbuciei. — eu... Eu estou meio perdida — ri.
Samael me encarou por alguns segundos. Um sorriso cresceu pelos seus lábios conforme ele inclinava o rosto.
— Está bêbada, putinha? — falou baixinho.
Meu corpo se arrepiou. Nunca imaginei conseguir sentir tesão com ele me xingando, porém, essa era a realidade atual. Sorri.
— O que você acha? — disse no mesmo tom.
O sorriso dele alargou. Sua mão subiu até a minha bochecha e deu dois tapas levemente fortes em meu rosto. Não evitei sorrir.
— Acho que eu não deveria ter te deixado sozinha por tanto tempo — murmurou.
— Mas deixou — pisquei. — e agora? O que vai fazer sobre isso, hum? — minhas mãos tocaram seu peito, descendo pelo abdômen definido e subindo novamente, parando somente nos botões da camisa que usava.
Desabotoei o primeiro. Ele olhou para as minhas mãos.
— O que eu deveria fazer?
— Eu perguntei primeiro — mais um botão.
— Bom... Talvez eu devesse mudar a pergunta.
Mais um botão.
Samael agarrou a mão que desabotoava sua camisa e a que jazia em seu peito e as jogou contra a parede. Meu corpo bateu contra a parede e, em segundos, sua perna se enfiou entre as minhas. Alguns fios de cabelos atravessaram meu rosto, mas isso não me impediu de olhar para Samael.
— O que você quer que eu faça? — corrigiu, com seu rosto pertinho do meu.
Sorri.
— Acho que você já sabe bem.
— Eu quero ouvir da sua boquinha linda, amor.
Mordi meu lábio inferior. Me chamar de amor era uma maneira fácil de me deixar arrepiada — tanto que conseguiu. Me aproximei de seu ouvido e disse baixinho:
— Quero que você me prenda, me machuque, me faça sua escrava, faça o que quiser... — pude sentir que tinha o afetado. — mas tem uma condição.
Eu sequer sabia qual era a condição. Só queria testar até onde podia ir quando ele tava louco de tesão.
Ele riu.
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𝕯𝖊𝖒𝖔𝖓í𝖆𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (CANCELADO)
HorrorO que você faria se acordasse de madrugada, imóvel, com um belo homem te encarando? Ágatha decidiu acreditar fielmente que isso era apenas um sonho e, eventualmente, ignorou - ou tentou ignorar - suas aparições. Mas isso se tornou impossível quando...