18 - Brincadeira

1.8K 114 74
                                    

— Caralho — gemi ao bater na parede. Samael tinha ido resolver um problema qualquer e havia me deixado sozinha... Péssima ideia: bebi até o talo.

Estava no corredor, tentando chegar a um quarto. Não sei bem como cheguei nessa ideia idiota de andar sozinha pelo inferno onde sequer conhecia os cômodos, porém, cheguei. E encher a cara sempre foi meu método para me afastar da realidade. Não é minha culpa... Sou alcoólatra e tudo à minha volta me entristece — minha mulher está morta, assim como minha amiga, não estou na minha casa, tenho o nome do meu captor na pele, sou "disputada" por dois demônios que insistem em me tratar como um objeto e todos a minha volta parecem querer me machucar ou me comer (não sei qual das opções é pior). O melhor jeito de se acostumar com o inferno — literalmente — é se embriagando.

Me arrastei pelo corredor que girava. Me agarrei numa maçaneta. Assim que ia girar, Samael me puxou.

— Entrando no quarto dos outros assim? — me jogou na parede — sem nem pedir?

Olhei para o rosto dele. Seus cabelos estavam caídos nos olhos, ele parecia cansado e eu sentia o cheiro de álcool — podia deduzir que essa noite também foi difícil para ele, já que parecia bêbado também. Sua mão estava contra a parede, fazendo uma barreira, e a outra subiu até o meu queixo, segurando-o.

— Desculpa — balbuciei. — eu... Eu estou meio perdida — ri.

Samael me encarou por alguns segundos. Um sorriso cresceu pelos seus lábios conforme ele inclinava o rosto.

— Está bêbada, putinha? — falou baixinho.

Meu corpo se arrepiou. Nunca imaginei conseguir sentir tesão com ele me xingando, porém, essa era a realidade atual. Sorri.

— O que você acha? — disse no mesmo tom.

O sorriso dele alargou. Sua mão subiu até a minha bochecha e deu dois tapas levemente fortes em meu rosto. Não evitei sorrir.

— Acho que eu não deveria ter te deixado sozinha por tanto tempo — murmurou.

— Mas deixou — pisquei. — e agora? O que vai fazer sobre isso, hum? — minhas mãos tocaram seu peito, descendo pelo abdômen definido e subindo novamente, parando somente nos botões da camisa que usava.

Desabotoei o primeiro. Ele olhou para as minhas mãos.

— O que eu deveria fazer?

— Eu perguntei primeiro — mais um botão.

— Bom... Talvez eu devesse mudar a pergunta.

Mais um botão.

Samael agarrou a mão que desabotoava sua camisa e a que jazia em seu peito e as jogou contra a parede. Meu corpo bateu contra a parede e, em segundos, sua perna se enfiou entre as minhas. Alguns fios de cabelos atravessaram meu rosto, mas isso não me impediu de olhar para Samael.

— O que você quer que eu faça? — corrigiu, com seu rosto pertinho do meu.

Sorri.

— Acho que você já sabe bem.

— Eu quero ouvir da sua boquinha linda, amor.

Mordi meu lábio inferior. Me chamar de amor era uma maneira fácil de me deixar arrepiada — tanto que conseguiu. Me aproximei de seu ouvido e disse baixinho:

— Quero que você me prenda, me machuque, me faça sua escrava, faça o que quiser... — pude sentir que tinha o afetado. — mas tem uma condição.

Eu sequer sabia qual era a condição. Só queria testar até onde podia ir quando ele tava louco de tesão.

Ele riu.

𝕯𝖊𝖒𝖔𝖓í𝖆𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (CANCELADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora