PRÓLOGO

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3 meses antes

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3 meses antes


Amelia nunca soubera como explicar o peso da expectativa que seus pais sempre colocaram sobre ela. Crescer em uma família onde os primos eram sempre melhores, mais bem-sucedidos e mais adorados do que ela, tornou-se uma rotina de frustração. Não importava o quanto tentasse, os elogios que recebia pareciam vazios, sempre seguidos de comparações disfarçadas. "Por que você não pode ser mais como o Spencer?", ou "A Sarah sempre consegue fazer isso tão bem, você já tentou?" Para seus pais, Amelia nunca era boa o suficiente. Essa sensação de ser invisível, de ser uma constante decepção, a corroía aos poucos.

A pressão começou a se manifestar de formas destrutivas. Não apenas em suas notas ou na maneira como lidava com as pessoas, mas na raiva que, aos poucos, se acumulava dentro dela. Uma raiva que não tinha um alvo específico, mas que fazia ela explodir em momentos errados. Um olhar atravessado aqui, uma palavra maldita ali, e a raiva se fazia presente. Ela não sabia mais como segurá-la.

Foi por isso que, há alguns meses, ela decidiu procurar ajuda. No início, ela encarou a terapia como algo quase mecânico. Era só um passo que ela precisava dar, algo que deveria fazer para, finalmente, lidar com seus sentimentos. Mas então, ela conheceu Charlie Mayhew. Ele não era como os outros. Ele não a pressionava, nem a julgava. Ele simplesmente ouvia.

O primeiro mês foi complicado. Cada sessão parecia arrancar mais camadas de sua dor, mais camadas da sua raiva, e ela começou a perceber que aquilo tudo ia muito além de seus pais. A comparação constante, a falta de apoio, o medo de falhar... tudo se acumulava dentro dela, e a raiva se tornava seu refúgio. Charlie ajudou a tornar tudo mais claro. Ele a desafiava, mas de uma maneira gentil, que a fazia sentir que era possível lidar com tudo aquilo. A cada sessão, ela sentia que deixava uma parte de sua raiva para trás.

Charlie sempre estava presente, mas nunca a forçava a ir além dos seus limites. Ele sabia como lidar com ela, sabia quando ela precisava de um desafio e quando deveria ser acolhida. Mas à medida que os meses passaram, algo mais foi acontecendo. Algo que Amelia não soubera como definir. Havia algo nas piadas que ele fazia, no olhar atento, nas pequenas gentilezas que o faziam diferente dos outros. Algo que a fazia ansiar pela próxima sessão.

𝐘𝐄𝐒, 𝐃𝐎𝐂𝐓𝐎𝐑 - 𝐂𝐇𝐀𝐑𝐋𝐈𝐄 𝐌𝐀𝐘𝐇𝐄𝐖Onde histórias criam vida. Descubra agora