capitulo cinco.

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Chanyeol passou a língua na ferida do lábio, sentindo o gosto metálico do próprio sangue aglutinado nas papilas gustativas.

Algumas pessoas se afastaram dele enquanto andava de volta até o bar; a passos pesados e movimentos lentos. Naquele momento, o garoto não pôde dizer que não gostou disso.

Suas coisas ainda estavam no balcão, exatamente do mesmo jeito que havia deixado quando saiu.

Yixing estava em pé atrás delas como um cão de guarda, as mangas arregaçadas até os cotovelos e os olhos calados observando seu deslocamento.

Tinha aquela expressão de quem o Park imaginava ser adepto ao estoicismo. Sabe? Aqueles que estão acostumados com o infortúnio? A resignação em pessoa. Esperava chegar a esse nível um dia, quem sabe.

Soltou o ar extensivamente quando sentou de frente pra ele; o golpe que tomou no estômago reclamou na hora.

Seu rosto entortou em uma careta de dor inconsciente. O garoto sentia os nervos queimando, desgastados pela falta de energia, precisava de uma pausa.

Merda, aqueles bancos nunca pareceram tão confortáveis quanto agora.

Chanyeol não se importou com os olhos vigiantes de Yixing sobre ele e desatou as faixas para avaliar os punhos. Acabou grunhindo por entre os dentes apertados.

Não que já não fosse óbvio, mas dessa vez custaria um pouco mais do que um saco de gelo para que eles melhorassem.

Quando a briga acabava, Chanyeol ironicamente se sentia velho. O pós-luta o deixava com o cérebro e os ossos esgotados pelo excesso de esforço. Como se a elasticidade das artérias tivesse transformado os músculos em nós endurecidos.

Ele abriu as mãos feridas devagar, ignorando o esqueleto protestando e tremendo com o movimento, as falanges dos dedos estavam cortadas e assombrosamente doloridas.

E mesmo sim, ele preferia esse esgotamento do que o cansaço mental que estava sentindo antes, aquele cansaço afastava seu sono. Esse o colocava pra dormir.

O garoto moveu as mãos machucadas algumas vezes, as abrindo e fechando como se pegasse algo invisível; obrigando que a rigidez inflexível as abandonasse de vez.

Enquanto isso Yixing lhe esticou silenciosamente uma toalha limpa por cima da bancada. Chanyeol sorriu, fatigado, e murmurou um agradecimento quando a pegou. Ele descansou os cotovelos na madeira, secando o suor acumulado no pescoço e na testa.

O garoto manchou o tecido da toalha de vermelho.

— Parabéns. — Minseok brotou descaradamente ao lado dele, sorrindo largo e falsamente. Curioso, mas Chanyeol não se surpreendeu com isso. — Eu sei reconhecer uma boa vitória garoto, você tem uma esquiva afiada.

Park o olhou de relance, mais ocupado em não piorar o estado das próprias mãos enquanto enfiava as ataduras úmidas no bolso do jeans do que em elaborar uma resposta.

— Tô sabendo, mister M. — Ele resmungou.

Minseok acendeu outro charuto, um Juan Lopez dessa vez. Ele usava um sinete dourado no dedo mínimo.

O modo como observava Chanyeol dava a impressão de que tinha algo escondido atrás dos olhos. Como se tivesse uma película fosca no lugar das íris.

— Sabe garoto, abstração não combina com você. — Ele disse, soprando a fumaça.

Chanyeol bufou um riso contundente e vestiu a jaqueta.

— Vamos ser sinceros, não combina com ninguém daqui. — O garoto se levantou, e as íris estacadas de Xiumin o seguiram.

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⏰ Última atualização: Nov 15 ⏰

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