𝒞𝒶𝓇𝓃𝑒 𝐹𝓇𝑒𝓈𝒸𝒶

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Mahito vivia para o brilho da admiração alheia. Desde pequeno, o mundo parecia girar ao seu redor. Andou antes de qualquer criança da aldeia, e, à medida que crescia, tornava-se mais imponente, mais bonito e mais forte que todos ao seu redor. Quando finalmente chegou à idade adulta, o destino o presenteou com a mais alta posição em sua sociedade: Mahito era um alfa.

E que alfa ele era. Ombros largos que carregavam a promessa de proteção, olhos intensos que pareciam perfurar a alma, um corpo robusto moldado pelo trabalho árduo e pela genética, e uma voz firme que parecia uma melodia para aqueles que o escutavam. Ele era tudo o que os alfas aspiravam ser, e tudo o que os outros - ômegas, betas, e até alguns alfas - desejavam admirar.

As garotas suspiravam por ele, enquanto os garotos se contentavam em venerá-lo. Mahito era o epítome da perfeição para Villeneuve, mas para ele, o reconhecimento local nunca seria suficiente. Então, quando a França entrou em guerra, ele viu sua chance de brilhar ainda mais.

Na batalha, Mahito se destacou como herói. Ele voltou para casa 10 anos depois, ostentando um uniforme impecável, adornado com medalhas que contavam histórias de sua bravura no campo de batalha. Contudo, ele não lutou por patriotismo. Sua motivação sempre fora a glória, o desejo de impressionar e ser adorado.

Agora, mesmo em tempos de paz, Mahito continuava a usar sua farda, montado em seu garanhão preto, desfilando pelas ruas de Villeneuve como se fosse um rei em seu trono. Cada movimento calculado exibia seu tórax amplo e os músculos de seus braços enquanto puxava as rédeas do cavalo com firmeza. Amarrados à sela estavam seu mosquete polido e as presas que havia abatido na floresta naquela manhã.

— Você não errou um único tiro, Mahito! — exclamou Junpei, que caminhava ao lado do cavalo com olhos cheios de adoração.

Se Mahito era um lobo, imponente e selvagem, Junpei era um gato doméstico tímido e submisso. Enquanto Mahito era alto, forte e irradiava confiança, Junpei era magro, pequeno e desajeitado. Onde Mahito era admirado, Junpei era ignorado. Ainda assim, ele era o maior admirador de Mahito, quase como um fiel escudeiro.

— Você é o maior caçador da aldeia — continuou Junpei, tropeçando nas palavras. — Quer dizer, do mundo!

Mahito sorriu com indulgência, como se a afirmação fosse apenas uma verdade óbvia.

— Obrigado, Junpei — respondeu, com um leve tom de arrogância. Ao notar os vegetais que Junpei carregava nas mãos, acrescentou com ironia: — Você também não foi tão mal.

Junpei riu nervosamente, envergonhado, mas feliz por ter sido notado. Para ele, até as palavras sarcásticas de Mahito eram um presente. Já Mahito, voltando seu olhar para o horizonte, mal ouvia.

Mahito estreitou os olhos, uma expressão predatória que contrastava com o sorriso confiante e ensaiado em seus lábios. Diante dele, na praça central de Villeneuve, Yuji abria caminho com uma graça inata, alheio ao impacto que causava. A camisa branca com babados, delicadamente ajustada ao seu torso, e as calças de couro marrons que abraçavam suas pernas longas faziam um contraste notável com o cabelo róseo desgrenhado, que lhe dava uma aura de liberdade que Mahito jamais poderia entender. Para os olhos de Mahito, Yuji era uma conquista ainda por alcançar, uma vitória a ser exibida.

— Veja só, Junpei — Mahito disse, montado em seu garanhão negro, puxando as rédeas para observar melhor a figura do jovem ômega. — Minha futura esposa. Yuji é o ômega mais bonito de toda a aldeia, talvez de toda a França. Isso faz dele o melhor.

Junpei, sempre na retaguarda, segurava um punhado de vegetais que colhera no mercado local. Ele arqueou uma sobrancelha, claramente desconfortável com a declaração do amigo, mas, como sempre, permaneceu fiel.

A Bela e a Fera (Sukuita/ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora