Capítulo 017

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֪ 🏹 𝕹o segundo dia da jornada para Winterfell, a comitiva fez uma parada necessária para descansar. Lady Melissa, cuja saúde parecia estar se deteriorando rapidamente, já não tinha forças para se manter de pé e optou por ficar dentro da carruagem, onde o Mestre Gerard a monitorava. A febre dela aumentava, seu rosto estava pálido e o brilho dos olhos parecia aos poucos desvanecer, o que deixava Nevellyn cada vez mais aflita.

Enquanto isso, o Lorde Edmond aproveitava a pausa de maneira despreocupada, sentado confortavelmente numa cadeira ao redor de uma mesa coberta com queijos, frutas e taças de vinho. Ele ria e conversava com os cavaleiros que o acompanhavam, como se não houvesse qualquer preocupação no ar.

Nevellyn, observando a tranquilidade de seu pai e a fragilidade da mãe, sentia-se frustrada e inquieta. Decidida a afastar-se um pouco para espairecer, buscou companhia em Eldric, um jovem cavaleiro que fazia parte da comitiva. Eldric era de sua idade, mas parecia inexperiente e, por vezes, ingênuo. A missão ao lado dos nobres era sua primeira comitiva e, apesar de seus modos um tanto despreparados, Eldric possuía uma determinação sincera.

Montada em seu cavalo negro, um garanhão majestoso que ela chamava de Sombra, Nevellyn lançou um olhar para Eldric, que ajeitava a montaria um pouco desajeitado. Ao notar que o jovem também estava montado, ela deu sinal para que ele a seguisse, dirigindo-se para a floresta densa nas proximidades.

Enquanto cavalgavam entre as árvores altas, onde a luz do sol mal se infiltrava, Nevellyn quebrou o silêncio para aliviar o peso de seus pensamentos.

— Então, Eldric, como foi para você essa mudança para o serviço de um nobre? — perguntou Nevellyn com um toque de curiosidade. — Parece jovem para alguém com essa responsabilidade.

Eldric sorriu de lado, meio envergonhado. — Bem, milady, eu sou o único homem de minha família. Tenho cinco irmãs, e meu pai sempre disse que eu deveria buscar algo honroso para nos sustentar. Servir a um nobre foi o caminho que encontrei. Foi difícil no começo, mas é uma honra, creio eu.

Nevellyn arqueou uma sobrancelha, o olhar avaliando o jovem. — Honra... — murmurou, um toque de sarcasmo escondido em sua voz. — Mas não é uma verdadeira glória, sabe? Se deseja mesmo ser alguém de respeito, deveria pensar na Guarda Real. Lá, pelo menos, teria mais do que simples cavalarias.

Eldric riu com um ar quase infantil, reconhecendo a brincadeira. — Ora, milady Nevellyn, as coisas são diferentes para homens como eu. Servir a casa de um nobre já é algo que nunca imaginei. A Guarda Real... talvez em outra vida — disse ele, seu tom descontraído, embora houvesse um toque de admiração ao mencionar os guerreiros de Westeros.

Nevellyn observava Eldric com mais interesse agora, intrigada pela sua simplicidade. Apesar de tudo, ele era alguém genuíno, alguém que não carregava a arrogância que conhecia em tantos outros nobres.

Após alguns minutos de conversa e cavalgada tranquila, ambos desceram de seus cavalos. Nevellyn, acostumada a atividades mais intensas, queria algo mais desafiador. Amarrou Sombra ao lado de uma árvore e retirou seu arco, preparando algumas flechas e deixando o jovem cavaleiro observá-la com uma mistura de admiração e espanto.

— Você... já matou alguém? — Nevellyn perguntou, um toque de desafio em seu tom, enquanto ajustava uma flecha ao arco.

Eldric ficou perplexo, o rosto ligeiramente avermelhado pela pergunta. — N-não, milady. Essa é minha primeira comitiva. Nunca estive em uma guerra.

Nevellyn reprimiu uma risada ao notar o constrangimento do jovem. Aparentemente, ele era tão ingênuo quanto parecia. Com um sorriso divertido, ela guardou o arco e, de repente, puxou sua espada, erguendo-a de forma provocativa.

— E o que faria se alguém o desafiasse, Eldric? Alguém como eu, por exemplo. Acha que poderia lutar? — Ela deu um passo à frente, erguendo a espada na direção dele, o olhar brilhando com um misto de seriedade e desafio.

Eldric ergueu as mãos, surpreso, tentando desviar a lâmina. — O que... o que está fazendo, milady? — Ele recuou, os olhos arregalados, claramente sem entender.

— Estou lhe propondo um duelo, Eldric. Venha, ataque-me — disse ela, com a voz firme e determinada. — Ou você está com medo de machucar uma dama?

Eldric riu, nervoso, ainda mantendo a postura defensiva. — Milady Nevellyn, se eu a machucasse, seria punido com a morte. Não, eu não posso lutar com você.

Nevellyn revirou os olhos, impaciente. — E quem disse que alguém está nos observando? Olhe ao redor, Eldric, estamos sozinhos. Aqui e agora, você é apenas um cavaleiro que precisa provar seu valor. Então, defenda-se.

Ela investiu contra ele com um golpe direto, mas Eldric se esquivou rapidamente, seus movimentos mais ágeis do que ela esperava. Nevellyn ficou surpresa, mas não parou. Continuou o pressionando com golpes seguidos, e Eldric desviava com certa habilidade, ainda sem atacar de volta.

Finalmente, em um movimento inesperado, Eldric ergueu sua espada com rapidez, bloqueando a lâmina de Nevellyn e, em um golpe bem calculado, desarmou-a. A espada dela foi lançada ao chão, e ele recuou, com o peito subindo e descendo pela adrenalina, parecendo envergonhado por sua vitória acidental.

— Perdão, milady! Eu... eu não sabia que seria tão agressivo — disse Eldric, apavorado ao ver que quase havia machucado a filha de um nobre.

Nevellyn olhou para ele, pasma, mas logo um sorriso de satisfação apareceu em seu rosto. Sem dar tempo a ele para reagir, ela avançou com agilidade, tombo-lhe a espada e, com um movimento rápido, deu-lhe uma rasteira. Eldric caiu de costas no chão com um baque, ofegante e surpreso.

— Ora, milady! — reclamou ele, massageando o quadril enquanto se levantava com dificuldade. — Isso não foi justo.

Nevellyn riu calmamente, cruzando os braços com um olhar provocador. — Eu o preveni, Eldric. No combate, não existem regras. E você precisa melhorar muito se quiser sobreviver em uma batalha de verdade.

Eldric balançou a cabeça, claramente frustrado, mas ao mesmo tempo visivelmente impressionado. — Talvez... talvez eu ainda tenha muito o que aprender. Você é uma lutadora e tanto, milady. Nunca vi uma dama como você.

Ela o estudou com um sorriso satisfeito. — Talvez você nunca tenha visto uma dama que realmente tenha coragem, Eldric. E não se preocupe; sou exigente porque sei que você tem potencial. — Ela se virou, olhando para o horizonte além da floresta. — Afinal, este não será o último desafio que enfrentaremos juntos.

Eldric assentiu, um brilho de determinação iluminando seus olhos. Ele levantou-se com mais firmeza, limpando a poeira da armadura, e olhou para Nevellyn com um novo respeito.

— E então, milady? Posso saber qual será o próximo treino? — perguntou ele, com um sorriso tímido.

Nevellyn riu. — Continue praticando, Eldric. E quem sabe, um dia, eu possa chamá-lo para outro combate.

Ambos voltaram para onde haviam deixado os cavalos, Eldric refletindo sobre a lição e Nevellyn se sentindo estranhamente satisfeita. Sabia que havia algo mais profundo naquela troca, algo que os preparava para os dias de provação que estavam por vir.

𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗛𝗔𝗢𝗦 𝗢𝗙 𝗬𝗢𝗨𝗥 𝗘𝗬𝗘 /𝔒 𝔡𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔡𝔢 𝔑𝔢𝔳𝔢𝔩𝔩𝔶𝔫Onde histórias criam vida. Descubra agora